quinta-feira, março 01, 2012

Discos pe(r)didos:
The Dolphin Brothers, Catch The Fall


The Dolphin Brothers
"Catch The Fall"
Virgin Records
(1987)


A separação dos Japan lançou os seus elementos rumo a vários projetos a solo. Mick Karn (baixista e ocasional clarinetista) lançou o álbum de estreia a solo Titles em 1982 e, antes de avançar para um segundo disco juntou-se pontualmente a Midge Ure no single After A Fashion (1983) e depois ao ex-Bauhaus Peter Murphy (e ao baterista Paul Vincent Lawford) para gravar um álbum como Dali’s Car (em 1984). David Sylvian, que tinha já editado um single em colaboração com Ryuichi Sakamoto em 1982 gravou com o músico japonês um segundo 45 rotações em 1983 antes mesmo de se estrear com um álbum em nome próprio em 1984. Steve Jansen (que havia sido o baterista da banda) e Richard Barbieri (o teclista) foram sendo chamados a colaborar em vários projetos dos restantes ex-Japan. Mas em 1985 deram primeiros sinais de uma obra sua, trabalhando em parceria uma série de composições ambientais pensadas para acompanhar imagens do vaivém especial Space Shuttle, que editaram em disco sob o título Worlds in a Small Room, em 1985. Dois anos depois surgiam, novamente juntos, desta vez sob o nome de uma nova banda. Escolheram como nome The Dolphin Brothers e editaram em Catch The Fall (1987), o seu único álbum aquele que, entre os primeiros discos a solo dos demais ex-Japan, acaba por ser o mais próximo herdeiro de ideias lançadas tanto por Gentleman Take Polaroids (1980) ou Tin Drum (1981) os dois últimos álbuns de originais da sua antiga banda. Apesar do tom menos grave, a voz de Jansen sugere por vezes afinidades com a do irmão (Sylvian) e a presença quer das texturas criadas nos teclados por Barbieri ou o gosto pela construção de teias de acontecimentos rítmicos pelo próprio Jansen traçam linhas de continuidade com a memória dos Japan que podemos escutar, por exemplo, logo no tema-título que abre o alinhamento. Já Shining (escolhido como single) parece antes uma evolução, seguindo as novas premissas de produção (e tecnologias da altura) tendo contudo como ponto de partida ecos da memória de canções mais ritmadas como Swing ou um Methods of Dance. Catch The Fall é o descendente mais pop de toda a discografia pós-Japan e, apesar da sua luminosidade e potencial radiofónico, uma aparente falta de investimento na sua exposição fez dele um disco rápida e injustamente esquecido.

E depois do disco:
Jansen e Barbieri continuaram a colaborar juntos (editariam ainda dois álbuns conjuntos em 1991 e 1996) e em trabalhos dos ex-Japan, tendo também participado na reunião que, todavia, se apresentou sob a designação Rain Tree Crow. Richard Barbieri gravou variados discos de colaboração, alguns títulos em nome próprio e desde o início dos anos 90 integra os Porcupine Tree.