segunda-feira, janeiro 09, 2012

Um ciclo para ouvir a 33 rotações

Mês Philip Glass - 9 
'Glassworks' 
CBS, 1982 

O final da década de 70 trouxera a Philip Glass um momento de reconhecimento global para a sua linguagem e obra. O impacte de Einstein on The Beach desencadeara um novo tempo de atenção para com a sua música e um acordo com a CBS Records assinalava a sua passagem do espaço das pequenas editoras (onde lançara os seus discos gravados nos anos 70) para um outro campeonato. O seu primeiro disco para a CBS reconhecia esse desafio. E representava uma ideia expressamente pensada para o formato do LP: um pequeno ciclo feito de seis peças ligadas entre si a que chamou Glassworks.

Arrumado em três pares de composições, Glassworks surgiu com os recursos do Philip Glass Ensemble em mente, aos instrumentos habituais nas suas performances juntando-se como novidade maior o piano. As seis peças compostas e gravadas em estúdio refletem heranças evidentes da linguagem que Glass vinha a desenvolver desde meados dos anos 60, refletindo todavia sinais de uma certa sensibilidade pop. A opção foi intencional, o próprio compositor tendo explicado que via o disco como um espaço de comunicação e apresentação a outros públicos que até então não tinham contactado com a sua música.

Os objetivos foram alcançados. Glassworks tornou-se num dos títulos de referencia da discografia de Philip Glass e gerou inclusivamente a edição dos singles Facades e Rubic. Alguns dos andamentos deste “ciclo” ganharam depois expressão em palco servindo coreografias. E a peça de piano solo que abre o disco conheceu várias outras interpretações e é presença em alguns recitais de piano.