segunda-feira, setembro 05, 2011

Novas edições:
Beirut, The Rip Tide


Beirut
“The Rip Tide”
Pompeii Records
4 / 5

Zach Condon foi uma das revelações maiores da música na década dos zeros, apresentando através do seu projecto Beirut uma expressão possível da noção de viagem sem movimento de que Frank Herbert fala no seu Dune. Viagem, entenda-se, possível (no plano da sugestão, naturalmente) através do universo de referências sonoras que a sua música assimila e integra. E que passou já, como o nota tão bem a recente crítica ao novo disco no The Guardian, por paragens nos Balcãs (por alturas do álbum de estreia, Gulag Orkester, de 2006 e do subsequente Elephant Gun EP, de 2007, mais tarde editados num lançamento comum via 4AD), por Paris (em The Flying Club Cup, de 2007) ou mais tarde o México (em March Of The Zapotek/Holland EP, de 2009)... Ao avançar para um terceiro álbum, mais que ter um novo plano de viagem em mente, Zach Condon opta antes pela exploração mais evidente das formas (sem geografia específica) da canção pop. Alguns textos críticos sobre o novo álbum, a que deu o título The Rip Tide, notam uma proximidade com a escrita de Stephin Merritt via Magnetic Fields, nos anos 90. Se a comparação se traçar no plano do cardápio variado de sons, na vontade em talhar uma pop profundamente enraizada numa personalidade, numa lógica de expressão de ideias mais caras ao músico que a uma vontade em alinhar por correntes e movimentos, então as afinidades fazem sentido. The Rip Tide (lançado na editora do próprio músico) não larga elementos que Condon já deixou claro serem como que marcas de identidade. Não cala ecos de ideias que escutámos nos discos anteriores (nem mesmo alguns dos temperos que davam as tais sugestões de “geografia”)... Mas mais que nunca procura explorar as formas da canção pop, usando a seu favor uma rara capacidade de criar belas canções, enfrentando-as com uma voz que, no mínimo, as torna peças em tudo cativantes. Curto, feito de apenas nove canções que se escutam em 33 minutos, The Rip Tide é a expressão em disco daquela máxima que pede “pouco, mas bom”. Coisa gourmet, portanto.