terça-feira, julho 26, 2011

Novas edições:
Zomby, Dedication


Zomby
“Dedication”
4AD
4 / 5

É sempre estimulante aquele desafio que se coloca perante o músico que decide sair um pouco para lá do seu “terreno seguro”... Não que Zomby avance, neste seu novo disco, pelos caminhos da folk ou de uma qualquer variação possível dos cânones pop/rock... Mas estamos longe de uma música talhada sob objectivos que tenham a dança como destino principal e junto dos quais a sua atenção parecia até aqui mais concentrada... Mas vamos por partes. Um entre tantos outros herdeiros dos ensinamentos das escolas dubstep em solo britânico, Zomby tem obra discográfica que recua à segunda metade dos anos zero e, entre a sua agenda de referencias chegou a morar um interesse pelos ecos da cultura rave de inícios dos noventas... Cativou atenções junto dos mais atentos seguidores dos caminhos ligados à chamada “músida de dança”, mas é agora, ao lançar Dedication pelo catálogo da 4AD que o seu nome dá um salto em frente para se perfilar junto daqueles que estão, hoje, a inventar não apenas um som para 2011 mas todo um conjunto de referencias que podem definir caminhos que a música pode tomar nos próximos tempos. Elegante e contido nas batidas, mais interessado na criação de ambientes e texturas que no desafio ao movimento, mais focado em percursos sugestivos que no desenhar de acontecimentos que despertem o fulgor do entusiasmo em pista, Dedication é mais um exemplo de uma nova ordem electrónica que parte de uma certa “poupança” minimalista para do pouco fazer muito. Não terá o carácter visionário (nem o interesse pela exploraçãoo das periferias do silêncio) de um James Blake nem a curiosidade pela canção que Jamie Woon nos mostrou. Mas, tal como escutámos já este ano em Nicholas Jaar, Zomby mostra-nos percursos electrónicos onde a voz é mais vezes um elemento cénico que um pólo de protagonismo narrativo (com excepção talvez para Things Fall Apart, canção na qual colabora Panda Bear, dos Animal Collective). Dedication é um disco feito de filigranas definidas por pequenas batidas e sons digitalmente definidos. É um mundo onde a repetição, o detalhe, o geometrismo, ajudam a desenhar formas. Relativamente curto, Dedication é assim mais um álbum a contar entre uma mão cheia de discos que, hoje, inventam o amanhã... Que haja quem sabia depois seguir as pistas que por aqui são lançadas...