quinta-feira, junho 30, 2011

"Transformers 3": para matar o cinema


São várias as razões que podem contribuir para que o cinema morra de uma morte mais ou menos prolongada e angustiada. Lembremos três:
1 - uma (des)educação de base, isto é, eminentemente social e política, que menospreza o cinema e se entrega à formatação televisiva.
2 - uma cultura televisiva que celebra a vacuidade de telenovelas e afins, secundarizando tudo o que tenha a ver com a especificidade cinematográfica.
3 - um tipo de jornalismo, em que se incluem algumas formas grosseiras de crítica, que reduz o cinema a um fenómeno anedótico e pitoresco, apenas caracterizado pela acumulação arbitrária de efeitos especiais.

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Claro que, para além de tais factores, outros há que se empenham no mesmo assassinato cultural? Que factores? Pois bem, alguns filmes!!! Transformers 3 é um desses filmes: uma avalanche de ruído (visual e propriamente sonoro) que menospreza qualquer gosto narrativo e que, ao longo de 150 minutos, mais não faz do que repetir a lógica pueril de gratificação instantânea do seu próprio trailer.
Como é que um espectador formado (?) apenas a ver filmes como este se pode alguma vez interessar por um épico de Griffith, um drama de Bergman ou uma comédia de Jerry Lewis? A resposta é simples: não pode. Porquê? Porque não sabe e, sobretudo, porque foi educado para não querer saber.