domingo, maio 01, 2011

O piano, segundo Gavin Bryars


Obras para piano (uma delas com orquestra) de Gavin Bryars, em gravação que toma como protagonista Ralph van Ratt. A edição é da Naxos.

Revelado em finais dos sessentas com The Sinking Of The Titanic, apresentando pouco depois, já em inícios dos anos 70, o igualmente histórico Jesus Blood Never Failed Me Yet, o compositor britânico Gavin Bryars (n. 1943) cedo se afirmou como um dos principais herdeiros, em solo europeu, de um interesse pelas linguagens da música repetitiva (que tivera focos maiores de expressão na América). Ao longo dos anos a sua obra encetou todavia a exploração de outros rumos, do seu período pós-minimalista resultando um volume de obras que, sem a expressão histórica dessas duas peças de referencia, não deixaram nunca de reafirmar como uma das grandes forças da música dos nossos dias. Neste disco encontramos uma série de obras recentes que traduzem alguns dos seus interesses maiores deste mesmo período menos centrado em reflexões sobre a repetição. Peças para piano solista, After Handel’ Vesper (de 1995) e Ramble On Cortona (2010) expressam olhares sobre heranças antigas, a primeira escutando inspiração em música para cravo do século XVII, a segunda escutando nas entrelinhas de música do século XIII. Já o espantoso Concerto para Piano (The Solway Canal) revela um lirismo que vinca outras experiências (o texto no booklet refere Charles Ives), numa peça que convoca aqui a colaboração do coro Capella Amsterdam e da Orquestra Filarmónia de Câmara da Rádio Holandesa, sob direcção de Otto Tusk.