sábado, abril 23, 2011
Um Bernstein menos divulgado
Um violinista (William Terwilliger), um violoncelista (Charles Bernard), um pianista (Andrew Cooperstock) e a voz de Marin Mazzie numa viagem pela música de câmara de Leonard Bernstein.
A música de câmara está longe de representar a mais divulgada das facetas de Leonard Bernstein como compositor. É por isso uma viagem de (re)descoberta a que se propõe no alinhamento deste novo disco recentemente lançado pela Naxos. O alinhamento recupera algumas das primeiras obras do compositor, duas delas datando ainda dos seus tempos de estudante (nomeadamente a Sonata para violino e piano, de 1939 e o Trio para violino, violoncelo e piano, de 1937). Por estas duas obras, mais a Sonata para clarinete e piano (que data de 1942, e que foi então a primeira peça publicada do compositor, aqui em arranjo para violino e piano), não passam ainda evidentes as marcas de atenção ao universo ao seu redor e ao mundo do seu tempo que o afirmariam como uma voz central da música americana. Há antes sinais de uma busca de relacionamento entre instrumentes, o interesse pela pulsão do ritmo já sendo contudo evidente em certos instantes. O alinhamento do disco acolhe, na recta final, peças de outras origens. Em concreto, arranjos recentes, para pequenos conjuntos de músicos, de canções que fizeram história, uma de Peter Pan (1950), outra de 1600 Pennylvania Avenue (de 1976), as quatro demais extraídas do sublime Candide, uma das obras maiores de Bernstein, aqui em leituras para violino e piano (arr. de Eric Stern) que, mesmo sob um minimalismo de recursos a dois instrumentos, transpiram a riqueza (e o latente humor) da composição original.