quarta-feira, novembro 24, 2010

O alerta que veio do espaço


É verdade que houve recentemente um remake de O Dia em Que A Terra Parou que, nos melhores momentos, não chegava nunca aos calcanhares de uma medíocre visão do original. Concentremos então atenções no verdadeiro clássico, agora finalmente com edição portuguesa.

Estávamos em inícios dos anos 50 quando a ficção-científica começava a viver, através de uma mais intensa relação com o cinema, uma nova e importante etapa. Depois das visões pioneiras de finais do século XIX e inícios do século XX, a primeira metade do século tinha assistido a um progressivo crescimento do interesse por novas histórias sobre mundos extraordinários, invasões alienígenas e naves espaciais… Os anos 50 foram depois novo veículo para muitas destas aventuras, muitas das produções seguindo, em clima série B, as heranças directas dos contos que as revistas do género tinham tornado célebres na América dos anos 40 junto de novas gerações de leitores. Mas tal como na literatura de ficção surgiu quem fizesse a diferença e transportasse a literatura de ficção científica a outros patamares, também no cinema as excepções fizeram história, reinventando-a. Um dos primeiros grandes exemplos chegou em 1951, num filme assinado por Robert Wise (e com banda sonora de Bernard Hermann que acabaria por fazer do theremin um instrumento de referência na música para este tipo de cinema).


E de repente tudo parecia diferente. Havia um disco voador. A chegada à Terra de alienígenas, o alarido humano reagindo com a ansiedade da praxe (não faltando o bom momento dispara primeiro, pergunta depois). Mas esta é uma visita diferente, do espaço chegando um extra-terrestre (e um imponente Robot) numa missão de alerta aos líderes do nosso mundo, avisando-os que a sua conduta belicista não é vista com bons olhos lá de longe, a sua não mudança podendo acarretar consequências. O Dia em Que A Terra Parou é assim uma reflexão pacifista em tempo de medo. É que, apesar da visita alienígena a ameaça, afinal, está entre nós.


Esta nova espantosa edição junta ao filme (em cópia restaurada) um segundo disco de extras que ajudam a contextualizar O Dia em Que A Terra Parou no quadro dos acontecimentos do seu tempo, justificando o seu lugar na história do cinema. Afinal, esta foi, na altura, a primeira super-produção da história do cinema de ficção científica.



Imagens do trailer do filme (há uma sequência de ecrã negro, é mesmo assim…).