Toy Story (1995) é uma referência central na história dos estúdios Pixar e, mais do que isso, um objecto que já adquiriu estatuto de clássico na evolução digital do cinema. Mas a sua reposição em 3D não passa de uma pirueta técnica (e comercial) sem ganho significativo — este texto foi publicado no Diário de Notícias (1 de Junho), com o título 'O bizarro paradoxo do 3D'.
Vivemos tempos de uma aceleração histórica que é, acima de tudo, uma aceleração técnica. Quando surgiu o primeiro Toy Story, em 1995, mesmo não ignorando o seu pioneirismo digital nas longas-metragens de animação, poucos arriscariam supor que, quinze anos mais tarde, o cinema (indústria & mercado) tivesse vivido tão grandes e espectaculares transformações.
O que mudou talvez se possa resumir numa constatação muito linear: em 1995, o digital surgia, sobretudo, como um instrumento de trabalho capaz de transfigurar a tradicional arte dos desenhos animados; hoje em dia, tornou-se o emblema de um processo que modificou, de uma ponta à outra (isto é, desde a pré-produção até às formas de difusão), todo o edifício vivo do cinema, incluindo a recuperação dos filmes mais antigos.
Há, por isso, um paradoxo bizarro neste relançamento de Toy Story em 3D. De facto, em boa verdade, o filme não foi concebido como tal e a sua “adaptação” para as três dimensões expõe o factor mais equívoco de tudo o que está a acontecer: oferecido deste modo, o 3D corre o risco de se reduzir a um gadget que, rapidamente, cansará os espectadores, ao mesmo tempo colocando sérios problemas aos exibidores, sobretudo os economicamente mais frágeis, que mudaram apressadamente as suas salas.
Nada disso diminui as maravilhas de Toy Story nem a importância dos estúdios Pixar na história da moderna animação cinematográfica. Resta saber se os agentes do mercado se vão iludir a ponto de julgarem que a mera “novidade” técnica pode servir para sustentar um mercado atento à pluralidade dos seus públicos. Ou, na pior das hipóteses, se tudo se reduz a uma estratégia para vender televisores a três dimensões...
Vivemos tempos de uma aceleração histórica que é, acima de tudo, uma aceleração técnica. Quando surgiu o primeiro Toy Story, em 1995, mesmo não ignorando o seu pioneirismo digital nas longas-metragens de animação, poucos arriscariam supor que, quinze anos mais tarde, o cinema (indústria & mercado) tivesse vivido tão grandes e espectaculares transformações.
O que mudou talvez se possa resumir numa constatação muito linear: em 1995, o digital surgia, sobretudo, como um instrumento de trabalho capaz de transfigurar a tradicional arte dos desenhos animados; hoje em dia, tornou-se o emblema de um processo que modificou, de uma ponta à outra (isto é, desde a pré-produção até às formas de difusão), todo o edifício vivo do cinema, incluindo a recuperação dos filmes mais antigos.
Há, por isso, um paradoxo bizarro neste relançamento de Toy Story em 3D. De facto, em boa verdade, o filme não foi concebido como tal e a sua “adaptação” para as três dimensões expõe o factor mais equívoco de tudo o que está a acontecer: oferecido deste modo, o 3D corre o risco de se reduzir a um gadget que, rapidamente, cansará os espectadores, ao mesmo tempo colocando sérios problemas aos exibidores, sobretudo os economicamente mais frágeis, que mudaram apressadamente as suas salas.
Nada disso diminui as maravilhas de Toy Story nem a importância dos estúdios Pixar na história da moderna animação cinematográfica. Resta saber se os agentes do mercado se vão iludir a ponto de julgarem que a mera “novidade” técnica pode servir para sustentar um mercado atento à pluralidade dos seus públicos. Ou, na pior das hipóteses, se tudo se reduz a uma estratégia para vender televisores a três dimensões...