segunda-feira, junho 21, 2010

Memória(s) de Saramago

PAUL KLEE
Apresentando o Milagre
1916

A propósito do post 'A chegada da urna de José Saramago', o nosso visitante Rui Resende — autor do blog 7 olhares — propõe algumas interessantíssimas reflexões, ancoradas no "desencanto pela pobreza que habita na nossa comunicação social". Agradecendo as suas palavras, citamos:

>>> O que é especialmente triste neste caso, e que me parece motivo de reflexão, é que se lemos Saramago, se investigamos e nos interessamos por aquilo que ele realmente tentava dizer (mais do que todas as polémicas que sempre rodearam essa essência) percebemos que a própria "homenagem" que supostamente a comunicação social está a render ao escritor é já uma traição aquilo que a ele lhe interessava mais. O que Saramago nos ensinou foi a valorizar as coisas que vemos, e ouvimos, e que dizemos, foi o transformar o banal em sagrado, o óbvio em motivo de reflexão. Que o funeral dele se tenha tornado uma entre tantas banalidades televisivas é algo de macabramente triste. Ele merecia mais, e "este" país que advoga este tipo de atitude provavelmente merecia menos do que teve em Saramago.