Creseceu numa família muito religiosa. Sentiu algum choque de valores entre si e esse mundo ao seu redor?
Foi um choque enorme. Cedo me foi dado a entender que não era certa a atracção que sentia pelos outros homens. E sabia que estava em problemas... A canção Sigourney Weaver é sobre esse tempo em que descobri que sentia essa atracção. Isso foi numa altura em que nos mudámos do Michigan para o Colorado. E eu tinha uma esperança que essas sensações que tinha não iam connosco para o Colorado, que iam ficar no Michigan... Mas cheguei ao Colorado, ia a uma nova escola, mas tudo ainda estava lá. Chamavam-me nomes... E foi difícil, sobretudo porque não sabia como lidar com aquilo...
E na sua relação com a família? Como encaravam a situação?
Não podia falar com a minha família. Não podia chegar a casa e contar como os meus colegas tinham sido cruéis comigo. Não podia contar o que me faziam, forçando-me a lidar com algo em mim para o qual eu ainda não sabia lidar. Se o fizesse teria de falar sobre tudo isso com a minha família. Teria de falar sobre o que se passava comigo, e não o podia fazer. Fiquei zangado por não ter com quem falar sobre o que se passava.
Quem eram os aliens de quem fala na canção Sigourney Weaver?
Eram os outros miúdos da escola. Eu vinha de uma escola de uma pequena cidade no Michigan e de uma família de classe média. E no Colorado dei por mim numa escola com miúdos que eram os mais ricos entre os ricos. Não tinha as roupas giras deles. Eram aquele tipo de miúdos que recebem Porsches nos aniversários... Viviam em grandes mansões... Foi um período em que tive de pensar sobre qual era o meu lugar no mundo. A minha sexualidade era um problema grande. Mas os outros miúdos também faziam questão de deixar claro que era de uma outra classe.
(continua)