
Em tempos, já lá vão uns 20 anos, Tilda Swinton tornou-se numa das presenças centrais na obra do realizador britânico Derek Jarman. Na última década, um outro cineasta ganhou um lugar destacado na carreira da actriz inglesa. Trata-se do italiano Luca Guadagnino, que, depois de The Protagonists (1999) e do documentário Tilda Swinton: The Love Factory (de 2002), a teve este ano como protagonista (e co-produtora) em Eu Sou o Amor (Io Sono L'Amore, no original), onde veste a pele da matriarca, de ascendência russa, de uma família da alta burguesia milanesa na viragem do milénio.
Com heranças do cinema de Luchino Visconti ou de Douglas Sirk, esta é uma saga familiar com a figura de Emma Recchi (Tilda Swinton) como centro de gravidade, ao seu redor evoluindo a transição dos negócios da família do velho patriarca para o seu marido e filho primogénito, a libertação da filha (que em Londres vive abertamente uma relação homossexual) e o projecto da abertura de um restaurante nascido do entusiasmo de um dos seus filhos e de um grande amigo seu, um chef. Este último desperta em Emma um desejo que, de certa forma, representa a primeira pedra a cair num processo de derrocada iminente que vai ameaçar os pilares da tradição que suportam a família

O desejo de liberdade que o amor desencadeia na figura protagonista entra em cena como uma ameaça à velha ordem que durante anos suportou a tradição dos Recchi. Com o fôlego dramático de uma ópera (e convenhamos que a música de John Adams ajuda), Eu Sou o Amor é um retrato pungente de uma mulher que recusa dizer não a si mesma.
Imagens do trailer de Eu Sou o Amor