domingo, maio 30, 2010

Dennis Hopper (1936 - 2010)

Nascido para o cinema no fim do classicismo de Hollywood — estreou-se ao lado de James Dean, em Rebel Without a Cause/Fúria de Viver (1955), de Nicholas Ray —, Dennis Hopper simbolizou como poucos uma ideia mítica de individualismo "não-alinhado", em grande parte enraizado na contracultura dos anos 60/70 — vitimado por um cancro na próstata, faleceu em Venice Beach, Califórnia, no dia 29 de Maio, contava 74 anos.
Easy Rider (1969), na dupla qualidade de actor e realizador, é o título que condensa a sua herança. Escrito por Hopper e Peter Fonda, também protagonista, o filme relançou um espírito on the road, ao mesmo tempo resumindo o estado de espírito de uma América que já não conseguia acreditar nos seus heróis clássicos. Os melhores e mais emblemáticos papéis de Hopper seriam, alíás, de personagens instáveis, mais ou menos erráticas, por assim dizer ameaçadas pelo carácter paradoxal da sua própria energia — lembremos O Amigo Americano (1977), de Wim Wenders, Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola, e Blue Velvet (1986), de David Lynch. A sua condição de actor "difícil", nem sempre muito estimado pelos estúdios de Hollywood, levou-o a outros domínios de expressão, em particular a fotografia que praticou, com talento, desde meados dos anos 60. Out of the Blue (1980), retrato dramático de uma jovem perdida na sua teia familiar, será o melhor de Hopper enquanto realizador. A série televisiva Crash (2008-09) foi um dos seus derradeiros trabalhos como actor.

REBEL WITHOUT A CAUSE / Fúria de Viver (1955)