Corpos em movimento, fachadas em ruínas, interiores de templos, pistolas apontadas aos nossos olhos, tubarões, muitos tubarões... A realidade das pinturas e esculturas de Robert Longo nasce de uma espécie de reconhecimento compulsivo, quase carnal, culturalmente fotográfico. Ao mesmo tempo, há nela uma hiper-saturação de elementos realistas, paradoxalmente acentuados pelo uso da grafite e do lápis, que a sublinham como artifício e máscara, ou melhor, representação. Mais ainda: representação de representação de representação... numa vertigem espectral que nos leva a questionar as raízes, os métodos e os efeitos do nosso olhar natural. No limite, descobrimos que já não temos Natureza onde possamos refugiar-nos, apenas uma solidão figurativa em que entramos (e saímos) como num sonho que faz medo — é uma das grandes exposições do momento, no Museu Berardo, até ao dia 25 de Abril.
>>> Site oficial de Robert Longo.
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