Como deu por si a trabalhar em Being Dufay de Ambrose Field?
Ele pediu-me para cantar algumas peças de Dufay. Conheço várias e fi-lo... Gravei-as num estúdio em Nova Iorque... Nem estava num dia particularmente bom e nem me esforcei por aí além... Até porque, pelo que eu conhecia da música do Ambrose, nem esperava vir a reconhecer a minha voz! (risos) Mas se imaginasse o que acabou por acontecer, se calhar ter-me-ia esforçado mais. No próximo álbum, no qual estamos a trabalhar neste momento, já me esforcei mais, sim...
Já tinha cantado Dufay noutros contextos…
Fiz muitas vezes Dufay no passado, sim.
Como descreve o que nasceu como resultado final desta parceria. Sente que criaram como que uma ponte no tempo?
Admiro muito compositores que trabalhem a música de outros compositores. Sobretudo de compositores que já não estão vivos. Sempre gostei de cantar música que é, de certa forma, como um tributo à de outros compositores. E historicamente essa era mesmo uma tradição que encontramos no espaço da música antiga. Muita da música de Dufay no século XV nasce de tributos a outros compositores... O que o Ambrose fez, de certa forma, segue essa tradição.
Ou seja, o que fizeram em Being Dufay pode ser visto como uma forma de recontextualizar uma certa tradição num outro tempo? Com a tecnologia do século XXI, a olhar para o passado com novos meios...
Exactamente. Muita da música que se faz tem a ver com as capacidades de quem a faz e com o que tem à sua disposição. E o Ambrose tem um laptop... Electrónicas. Modifica os materiais... Mas se Dufay fosse vivo hoje em dia creio que reconheceria as ideias e os imperativos como compositor que Ambrose tem.
Disse que estão já a trabalhar num novo disco. É difícil fazer um sucessor para Being Dufay?
Na verdade não será difícil fazer um sucessor porque será um disco diferente. O Ambrose pediu-me, novamente, que apresentasse algum material de base para trabalharmos. E queria explorar esta ideia de compositores que trabalham material de outros compositores. E tudo o que acabei por lhe dar vem de peças de compositores que se referem a outros compositores. Há peças do século XIV... O Ambrose está a trabalhar no novo material... De vez em quando vai-me mandando coisas para eu ouvir. E o som é completamente diferente. Está à procura de réplicas nas vozes, como se fosse uma reverberação muito distante. É uma técnica que não descrever exactamente... Mas para mim é muito interessante porque, uma vez mais, o que fiz foi cantar o material de base que tínhamos à partida. Ele faz o resto... Todo o trabalho estrutural...
Exactamente. Muita da música que se faz tem a ver com as capacidades de quem a faz e com o que tem à sua disposição. E o Ambrose tem um laptop... Electrónicas. Modifica os materiais... Mas se Dufay fosse vivo hoje em dia creio que reconheceria as ideias e os imperativos como compositor que Ambrose tem.
Disse que estão já a trabalhar num novo disco. É difícil fazer um sucessor para Being Dufay?
Na verdade não será difícil fazer um sucessor porque será um disco diferente. O Ambrose pediu-me, novamente, que apresentasse algum material de base para trabalharmos. E queria explorar esta ideia de compositores que trabalham material de outros compositores. E tudo o que acabei por lhe dar vem de peças de compositores que se referem a outros compositores. Há peças do século XIV... O Ambrose está a trabalhar no novo material... De vez em quando vai-me mandando coisas para eu ouvir. E o som é completamente diferente. Está à procura de réplicas nas vozes, como se fosse uma reverberação muito distante. É uma técnica que não descrever exactamente... Mas para mim é muito interessante porque, uma vez mais, o que fiz foi cantar o material de base que tínhamos à partida. Ele faz o resto... Todo o trabalho estrutural...
(continua na próxima semana)