Broken Bells
“Broken Bells”
Columbia / Sony Music
5 / 5
Apesar de pontuais casos de sucesso e grande visibilidade, o universo do hip hop português continua a revelar pólos de agitação em espaços mais dados ao gosto pelo desafio. Um dos melhores exemplos dessa atitude chega-nos através da estreia em álbum dos Orelha Negra, grupo que, apesar de apresentar os seus protagonistas “escondidos” sob as capas de discos de vinil (na imagem que acompanha o CD) e não revelar o quem é quem na sua ficha técnica, resulta na verdade do encontro de músicos que são tudo menos anónimos no panorama musical português dos nossos dias. Os Orelha Negra são Sam The Kid, Francisco Rebelo e João Gomes (ambos dos Cool Hipnoise), Fred (dos Buraka Som Sistema) e o DJ Cruzfader. Ou seja, juntos correspodem ao modelo de banda que, nos oitentas, era conhecido como “super-grupo”. Sem a necessidade de convocar o “super” para caracterizar o que nos propõem neste estimulante álbum de estreia, o certo é que em Orelha Negra revelam um olhar transversal, actual, desafiante e sob inequívocas marcas de identidade local de uma ideia que passa por referências-chave dos universos da chamada “música negra” e sob uma lógica de construção que parte da cultura hip hop. A ideia por detrás do grupo nasce depois de, em 2007, os músicos terem acompanhado Sam The Kid na estrada. De certa forma, a sua relação com uma música que parte de batidas e samples, para depois crescer e ganhar corpo surge como medula de um disco que junta depois as contribuições dos demais envolvidos, chamando ainda a voz de Carlão (Da Weasel) como convidado a dada altura. Sem ar de lição nem de antologia, serve-se um agradável e convidativo panorama que mostra como da relação com a memória (neste caso a que chega em discos de vinil) se pode inventar um presente que contempla um possível futuro. O contrário da nostalgia, portanto.
Orelha Negra
“Orelha Negra”
Arthouse / Valentim de Carvalho
4 / 5
Orelha Negra
“Orelha Negra”
Arthouse / Valentim de Carvalho
4 / 5
Há dois anos, o álbum Sea Lion chegou a este lado do mundo, cativando atenções para uma banda que nascera na Nova Zelândia sob o entusiasmo de um californiano que ali tinha encontrado nova casa. O disco revelava já um interesse por ecos do rock psicadélico, por um certo gosto pela exploração de potencialidades das culturas tribais (nomeadamente as locais) e, já evidente, marcas de admiração pela mais marcante das bandas indie dos anos zero: os Animal Collective. Dois anos depois, e registada em Merryweather Post Pavillion a obra-chave da música popular dos anos zero, o que os Ruby Suns revelam no novo Fight Softly não parece querer ir muito além da exploração de eventuais variações em torno das mesmas ideias, de novo acrescentando (tal como os Animal Collective o fizeram no álbum do ano passado) uma relação mais próxima e profunda com as electrónicas. Há talvez neste disco um sentido de unidade formal mais evidente que no anterior (devendo acrescentar-se, todavia, que essa maior dispersão de propostas conferia a Sea Lion o valor acrescentado da surpresa a cada instante). Composições que evoluem como quem anda e dança aos círculos, animadas por percussões tribais, ilustradas com elementos que vincam um ainda presente gosto pelo psicadelismo, e desta vez com mais electrónicas a bordo fazem de Fight Softly um disco talvez menos inesperado. Mas nem por isso desinteressante…
The Ruby Suns
“Fight Softly”
Memphis Industries / Nuevos Medios
3 / 5
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The Ruby Suns
“Fight Softly”
Memphis Industries / Nuevos Medios
3 / 5
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São ingleses, contam já com uns anos de vida conjunta, experiências pontuais de alguns dos seus elementos em outras bandas (dos Futureheads aos Maximo Park), e aos poucos vão definindo uma obra com um travo “clássico” que, como poucos dos seus contemporâneos, escuta importantes escolas de uma memória pop nem sempre tão revisitada como isso. Chamam-se Field Music e, depois de duas magníficas experiências em paralelo em 2008 através dos projectos a solo Week That Was e School Of Music (respectivamente comandados pelos irmãos Peter e David Brewis), regressam três anos depois de Tones of Town com Um álbum duplo (sim, duplo!) a que chamaram, simplesmente, Field Music (Measure). Os XTC, na sua fase posterior à etapa pós-punk, voltam a ser uma das âncoras possíveis num disco de canções talhadas com rigor melodista, gosto por visões grandiosas e com as guitarras por protagonistas. O reencontro dos Field Music traduz uma ideia de soma das contribuições de ambos os irmãos, pecando apenas pela excessiva quantidade de temas que coloca em cena, a eventual opção pela divisão deste duplo em dois álbuns a editar separadamente (e intervalados no tempo, claro) podendo ter contribuído mais em seu favor… O ritmo actual de edições e a quantidade de propostas não faz deste um tempo ideal para a edição de tanta música de uma só vez…
Field Music
“Field Music (Measure)”
Memphis Industries / Nuevos Medios
3 / 5
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“Field Music (Measure)”
Memphis Industries / Nuevos Medios
3 / 5
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Os Goldfrapp são como os cata-ventos. E apontam em sentidos distintos conforme resolvem, a cada álbum, soprar o seu próprio vento. Não seguem a reboque de modas ou ondas, eles mesmo parecendo definir para onde avançam, certo sendo que têm sabido evitar repetir-se com a frequência com que tantos outros o fazem. Em Head First estamos longe, muito longe, dos sonhos pastorais (em terrenos digitais) do soberbo Felt Mountain, mas também em nada se visitam aqui os equívocos que fizeram do anterior Seventh Tree um inesperado tiro ao lado. Tal como o single de avanço Rocket o sugeriu, o álbum reencontra ecos de interesses pelas memórias pop de 80 como as que se haviam já escutado em Black Cherry. O disco, por um lado, confirma o instinto pop desta dupla, propondo canções, algumas mas açucaradas, outras tem tanto, celebrando um renovado interesse pelos caminhos mais luminosos da pop electrónica. Ecos de Abba, Giorgio Moroder, Yazoo, entre outros, moram em canções que, contudo, se parecem fechar mais numa ideia de revisitação que na projecção dessas memórias em novos desafios (como fizeram recentemente La Roux, Little Boots ou Annie). De facto, e sob referências semelhantes, em Black Cherry revelaram um disco mais actual e actuante que o que agora mostram neste apenas agradável Head First.
Goldfrapp
“Head First”
Mute / EMI Music
3 / 5
Também esta semana:
Colourfield (reedição), She & Him, Galaxie 500 (reedições), Xiu Xiu, Black Rebel Motorcycle Club, Madonna (CD + DVD), Duran Duran (reedições), Johnny Cash, Anna Netrebko, Bright Eyes + Neva Dinova
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Goldfrapp
“Head First”
Mute / EMI Music
3 / 5
Também esta semana:
Colourfield (reedição), She & Him, Galaxie 500 (reedições), Xiu Xiu, Black Rebel Motorcycle Club, Madonna (CD + DVD), Duran Duran (reedições), Johnny Cash, Anna Netrebko, Bright Eyes + Neva Dinova
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Brevemente:
5 de Abril: Rufus Wainwright, Jonsi Birgisson, She + Him, Ultravox (live), Triffids (best of), Frankie Goes To Holliwood (reedição),
12 de Abril: MGMT, Madness (reedição), Arcadia (reedição), Nathalie Merchant, Johann Johansson, Lali Puna
19 de Abril: Caribou, Paul Weller, Ash (best of), Jimmy Sommerville, Recoli
Abril: We Have Band, Apples In Stereo, Trans AM, Melissa Etheridge
Maio: Rolling Stones (Exile On Main St. Reedição), Broken Social Scene, Smashing Pumpkins, New Pornographers, The Fall, The National
5 de Abril: Rufus Wainwright, Jonsi Birgisson, She + Him, Ultravox (live), Triffids (best of), Frankie Goes To Holliwood (reedição),
12 de Abril: MGMT, Madness (reedição), Arcadia (reedição), Nathalie Merchant, Johann Johansson, Lali Puna
19 de Abril: Caribou, Paul Weller, Ash (best of), Jimmy Sommerville, Recoli
Abril: We Have Band, Apples In Stereo, Trans AM, Melissa Etheridge
Maio: Rolling Stones (Exile On Main St. Reedição), Broken Social Scene, Smashing Pumpkins, New Pornographers, The Fall, The National