domingo, janeiro 10, 2010

Design para servir uma candidatura

Este texto foi originalmente publicado no DN a 27 de Dezembro de 2009 com o título “Arte ao serviço de uma campanha”, apresentando a edição do livro Design For Obama.

O carisma e o projecto político de Barack Obama chamaram à sua campanha presidencial um volume impressionante de voluntários. Voluntários que chegaram inclusivamente do campo das artes, contribuindo cada qual segundo a sua área de expressão. Se a música pró-Obama ganhou expressão global através de redes sociais na Internet (o fenómeno Yes We Can de will.i.am chegou aos quatro cantos do mundo), a imagem também ganhou expressão no mundo virtual. Criado por Aaron Perry-Zucker, o site designforobama.org tornou-se na morada que acolheu regularmente contribuições de artistas gráficos de várias proveniências, cada qual confiando àquelas páginas virtuais as suas visões ao serviço de uma causa partilhada. Agora algumas destas criações (posters, para sermos precisos) ganham forma real nas páginas de um livro. Editado pela Taschen, tem por título Design For Obama e, por subtítulo Posters For Change - A Grassroots Anthology.

Com selecção assinada pelo criador do site e por Spike Lee (realizador de cinema e reconhecido activista político), o livro traduz a forma como, “a campanha de Obama encontrou um sucesso incrível ao utilizar a Internet como meio de fazer crescer organicamente um exército essencial, cuja energia mandou Obama para a Casa Branca”, explixca Aaron Perry-Zucker no prefácio.

Num ensaio de Steven Heller incluído nestas páginas, refere-se que “quase desde o início a campanha de Obama procurou desafiar a velha escola dos promotores de clichés com uma identidade gráfica e tipográfica coerente (...) e um sensacional logótipo do «O» de Obama”. No mesmo texto Steven Heller acrescenta ainda que os cartazes por Obama “deram aos artistas e designers uma hipótese de participarem no processo eleitoral, de darem a conhecer os seus sentimentos e talvez até de terem impacto sobre as outras pessoas”. Ou, como acrescenta Spike Lee num outro texto, mostram “o que artistas (...) sempre fizeram e continuarão a fazer: mudar a forma como vemos as coisas”.