domingo, novembro 15, 2009

À volta do ritmo

Não são tão conhecidos como os Bang On A Can. Nem podiam ser, uma vez que contam apenas com oito anos de vida, contra os 22 do grupo que, ainda recentemente, nos visitou para uma noite com a música (e o próprio) Steve Reich no CCB. Chamam-se Alarm Will Sound e, como os Bang On A Can, são um grupo de músicos (20 no total) juntos para uma aventura em volta de obras da música dos nossos dias. Em comum partilhando também um interesse pela obra dos minmalistas, em particular Steve Reich. Da sua discografia, de seis títulos, metade representa gravações de obras de Reich, nomeadamente Music For A Large Ensemble (Nonesuch, 2001), Tehillim/Desert Music (Cantaloupe Music, 2002) e Reich at the Roxy (Sweetspot Music, 2006). Nos últimos anos estrearam obras de, entre outros, John Adams, David Lang, Michael Gordon ou Meredith Monk. No seu repertório contam-se ainda abordagens a obras de nomes tão diferentes como Edgar Varèse, Karlheiz Stockhausen, Wolfgang Rihm, Charles Ives, Philip Glass, Luciano Berio, Leonard Bernstein, mas também John Cale, os Beatles e Frank Zappa!

Os Alarm Will Sound surgiram em Rochester (Nova Iorque), juntando em 2002 uma série de músicos que então estudavam na Eastman School Of Music. Cedo mostraram uma postura de horizontes abertos a várias formas da música contemporânea, reflectindo uma atitude comum a muitos artistas que, no presente, vivem a música acima da antiga lógica das barreiras de género. Um dos seus discos, Acoustica (Cantaloupe Music, 2005), resulta de um trabalho de colaboração com Aphex Twin…
Arhythmia é o seu sexto disco e o segundo que gravam para a Nonesuch (o primeiro, contudo, creditado a Steve Reich). O alinhamento abre terreno a uma viagem por seis séculos de criação musical, em comum recolhendo obras nas quais a noção de ritmo é sujeita a interferências, ora rompendo padrões, ora mesmo evitando a sua construção… De Joaquin des Prez (compositor do século XV) a György Ligeti, de Michael Gordon (com o magnífico pós-minimalismo de Yo Shakespeare, de 1992) aos Autechre (em Cfern, de 2001), o álbum propõe um invulgar mundo de acontecimentos… Por aqui passam vários tempos e formas, mostrando (como em tantos outros discos nascidos nos últimos tempos) como do cruzamento de ideias podem nascer novas e interessantes ideias. O alinhamento é irregular, mas o todo serve o objectivo proposto de reflectir sobre o ritmo... E tem tudo para incomodar os espíritos mais ortodoxos.