sexta-feira, setembro 25, 2009

O Mal segundo Orson Welles

Esperaríamos, talvez, que algo ou alguma coisa estremecesse no nosso sistema mediático... Mas não. É apenas um Orson Welles que saíu em DVD. A nomeação do árbitro para o Porto-Sporting é mais importante...
Enfim, deixemo-nos de lirismos e lembre-mos que The Stranger/O Estrangeiro (1946) passou a estar disponível em DVD, permitindo-nos reencontrar o autor de O Mundo a Seus Pés (1941) numa altura em que a sua relação com o sistema de estúdios já se tinha começado a degradar, mesmo se é verdade que estamos perante um dos seus títulos de maior sucesso comercial. Seguindo um registo de thriller — um elemento da Comissão da ONU para os Crimes de Guerra (Edward G. Robinson) tenta identificar um nazi (Welles) que assumiu nova identidade, casou-se com a filha (Loretta Young) de um juiz e integrou-se numa pequena cidade americana —, Welles filma, em última instância, o labor do Mal no interior das rotinas do quotidiano. É, além do mais, um filme que reage, ainda a quente, às memórias da Segunda Guerra Mundial. Tradicionalmente encarado como um objecto "menor" na trajectória de Welles, O Estrangeiro aí está, desafiando os clichés da história e, com ou sem cobertura mediática, distinguindo-se como um dos grandes acontecimentos recentes no espaço do DVD.