domingo, julho 26, 2009

Atenas, Século XXI

Chama-se Vassilis Tsabropoulos. Pianista grego, fez a sua formação passando por algumas escolas de referência (do Conservatório de Paris à Julliard School), tendo iniciado a sua carreira como intérprete de obras de compositores como Rachmaninov, Prokofiev, Scriabin, Chopin ou Beethoven, ora em recitais a solo ora integrado em programas de concertos com orquestras. No ano 2000 viu-se integrado entre a "família" ECM depois de uma primeira experiência conjunta, em trio, com Arild Andersen e John Marshal. Mais tarde, a esta abertura de horizontes jazzísticos viveu, juntamente com Anja Lechner, semelhante investida pelos domínios das músicas do mundo. Este alargar de horizontes teve inevitável impacte no desenvolvimento de uma obra própria, que ganhou forma pela primeira vez em 2003 no álbum Akroasis (ECM).

The Promise é o sexto disco que Vassilis Tsabropoulos edita na ECM, sendo contudo o segundo que grava a solo. Resultado da gravação de um recital no Meganon Concert Hall, de Atenas, em 2008, The Promisse apresenta um conjunto de pequenos quadros para piano solo onde as várias heranças e interesses do pianista e compositor se reflectem, juntando ao quadro de nomes e espalços acima descritos o que parece um interesse pelós métodos de trabalho de alguns compositores minimalistas. Esta música integra-se, na verdade, nos domínios de maior liberdade que caracteriza o chamado pós-minimalismo, alargando o campo de visão a outras possibilidades melodistas. Há aqui alguma familiaridade com a obra para piano de um Wim Mertens ou um Ludovico Einaudi, marcando Vassilis Tsabropoulos a diferença pelo discreto flirt jazzy que ocasionalmente befeja algumas composições e pela presença, nas entrelinhas, de marcas da cultura grega (mais evidentes necessariamente em Djivaeri, na verdade uma reflexão a partir de uma canção tradicional do seu país). The Promise não é jazz mas não está longe. Não é exactamente o que se pode caracterizar como uma obra de música contemporânea, mas anda por perto. Não é uma manifestação da cultura popular, mas integra as suas marcas na sua identidade... Um híbrido numa estimulante terra de ninguém, onde todas as músicas acabam por convergir.