sábado, maio 23, 2009

Cannes 2009: 23 de Maio

Quando vemos em competição filmes tão banais e de tão falsa pompa como Map of the Sounds of Tokyo (Isabel Coixet, Espanha) ou Visage (Tsai Ming-Liang, Taiwan), é inevitável perguntarmos que lógicas podem justificar a sua inserção na competição. Claro que esta 62ª edição do Festival de Cannes foi de nível muito alto (Resnais, Haneke, etc., etc.), mas que dizer quando vemos produtos como estes, sabendo que Francis Ford Coppola ficou de fora porque a organização apenas lhe queria dar uma sessão de gala, extra-concurso...
Seja como for, importa reforçar a ideia de que o certame continua a ser uma montra admirável da variedade da produção con-temporânea, ao mesmo tempo que mantém uma importantíssima ligação com a memó-ria, também ela plural, da história. Símbolo forte dessa atitude é a secção 'Cannes Classics', um dos espaços do certame com mais significativo crescimento nos últimos anos. Nesta edição, a programação incluiu títulos de autores como Michelangelo Antonioni, Jean-Luc Godard, Michael Powell/Emeric Pressburger, Luchino Visconti, Joseph Losey, Georges Franju, Jacques Tati... De Tati passou uma cópia restaurada de As Férias do Senhor Hulot (1953), cópia essa que não se destina apenas ao mercado do DVD. Assim, o filme será objecto de reposição em França, a 1 de Julho, a provar que, no mercado das salas, é possível preservar espaços de vocação especificamente cinéfila.