sexta-feira, março 27, 2009

Asfixia do Sonho Americano

Chama-se Asfixia (original: Choke) porque o seu herói, interpretado por Sam Rockwell [foto] pratica um bizarro desporto: simula que se engasga para atrair a piedade (e o dinheiro...) dos outros. Foi adaptado do romance homónimo de Chuck Palahniuk — esta nota surgiu no Diário de Notícias, a 26 de Março.

Não será um nome muito conhecido, mas o certo é que o escritor Chuck Palahniuk (n. 1962) ocupa um lugar emblemático na história do moderno cinema americano: retratista do desencanto de uma geração sem laços fortes com os pais, vivendo num universo saturado de valores consumistas, Palahniuk teve o seu primeiro romance, Clube de Combate, transformado numa obra-prima de David Fincher (o filme homónimo, lançado em 1999). Agora, outro romance de Palahniuk está transformado em filme: Asfixia (original: Choke) é a história delirante de um jovem (Sam Rockwell) que, além de viciado em sexo, trabalha num parque de diversões onde se encenam “quadros vivos” da história dos EUA, dedicando-se ainda, em restaurantes de eleição, a simular que fica violentamente engasgado de modo a conseguir dinheiro de clientes compadecidos...
A descrição é bizarra e o filme, recheado de um humor muito cruel, não o é menos. Ainda que distante da excelência de Fincher, Asfixia acaba por ser um sarcástico painel sobre os restos morais do Sonho Americano. É a estreia na realização do actor Clark Gregg, nosso conhecido da série televisiva Os Homens do Presidente.