domingo, fevereiro 08, 2009

Cinema português ou... que televisão?

Ciclicamente, quanto mais não seja por causa do calendário das estreias, os problemas de fundo do cinema português são, pelo menos, aflorados. Em particular as suas relações com o espaço expres-sivo e económico da televisão — este texto foi pu-blicado no Diário de Notícias (7 de Fevereiro), com o título 'Cinema & televisão'.

A estreia recente de alguns filmes portugue-ses, incluindo a forte campanha montada em torno de Second Life, relançou na praça pública alguns temas clássicos do cinema português, em particular o da sua viabilidade económica. Têm surgido algumas ideias interessantes, mesmo se os chavões mais ancestrais persistem de geração em geração (sendo o mais vulgar aquele que trata a “crítica” como um rebanho, excluindo as suas muitas diferenças internas e atribuindo-lhe todos os males deste mundo e do outro).
Curiosamente, aliás tristemente, a questão que se discute menos, ou se evita mesmo discutir, é a do possível envolvimento estrutural das televisões em todas as instâncias do cinema, criando sistemas que possam ajudar a aumentar a quantidade e a diversidade da produção (afinal, um padrão adoptado por alguns países europeus) É mais fácil tudo reduzir a uma guerra entre “cinema comercial” e “filmes de autor”. Há 30 anos, essa era uma forma simplista de pensar. Agora, tornou-se apenas uma fórmula para não pensar.