'La Mer', Claude Debussy
(1905)
O “rótulo” impressionista é muitas vezes aplicado para descrever a música de Claude Debussy (1862-1918). E frequentemente associa-se esta ideia a uma eventual tentativa de, sem pincéis nem tintas, mas com notas e instrumentos, pintar com o som... Na verdade, e como o próprio explicou, Debussy desejava para a sua música “uma liberdade que pode alcançar mais que em qualquer outra das artes, não se limitando mais ou menos à reprodução exacta da natureza, mas procurando as correspondências entre a natureza e a imaginação”. Daí que, como explica Paul Griffiths nas notas que acompanham uma das gravações de La Mer por Karajan, esta sua marcante obra não seja música sobre o mar mas, antes, um registo de sensações e pensamentos motivados pelo mar... São muitas as gravações desta obra disponíveis em disco. A capa que ilustra o post representa a primeira gravação de Herbert Von Karajan (com a Filarmónica de Berlim), em 1964. La Mer partilha aqui o espaço gravado com Prélude à L’aprés Midi d’un Faune e com música de Maurice Ravel, contemporâneo de Debussy.Composto entre 1903 e 1905, as primeiras ideias lançadas em França, as últimas concluídas em solo britânico, La Mer (uma das obras-primas da música orquestral do século XX) teve estreia Parisiense em Outubro de 1905. Hoje é reconhecida como uma das mais marcantes obras orquestrais de Debussy, reflectindo um período de evidente felicidade na sua vida pessoal. Tinha estreado a sua ópera Pelleas et Melissande em 1902, terminado o primeiro casamento e encontrado nova companhia em Emma Bardac (que lhe daria um filho). Debussy resistiu a tratar a obra como uma sinfonia, optando antes por apresentá-la como um conjunto de três esboços sinfónicos.
Imagens do maestro Cláudio Abbado, frente à Orquestra do Festival de Lucerna, interpretando o primeiro andamento de La Mer: De L’aube à Midi sur la mer.