domingo, outubro 26, 2008

Filhos de uma cidade cinzenta

Já conhecíamos Grant Gee de um magnífico documentário sobre a vida dos Radiohead na estrada depois da aclamação global do álbum OK Computer. Dez anos depois, Joy Division usa a mesma curiosidade, mas toda uma nova estratégia narrativa, para evocar uma das mais marcantes bandas da história, tomando-a como consequência da cidade que a viu nascer: Manchester. Reúne novas entrevistas a antigos elementos da banda, velhos colaboradores e admiradores. Mas tem a cautela de não se esgotar, como cinema, numa interessante sucessão de depoimentos. De resto, a demanda que o filme toma, procurando na história sociológica de Manchester (cidade "cinzenta" no centro de Inglaterra, com história operária que remonta aos dias da Revolução Industrial) marcas que se cruzam com a vida do grupo acaba por fazer de Joy Division mais que apenas uma biografia musical. Interessante é ainda a forma como se recusa o encarar das mitologias associadas ao grupo, apostando antes num racional retrato de ideias e felizes acasos. A edição em DVD acrescenta 43 minutos de entrevistas a figuras que vemos no filme.
PS. Texto publicado no suplemento IN, da revista NS, a 25 de Outubro