segunda-feira, setembro 29, 2008

Politicamente Hollywood

Hollywood são... efeitos especiais! Este esquematismo descritivo não passa de uma ideia oca que, desgraçadamente, continua a circular com incrível frequência (e, repare-se, ora para "denegrir" Hollywood, ora para "consagrar" a sua produção). Como é óbvio, a base tecnológica de qualquer produção é importante para compreender a sua dinâmica financeira e artística, mas não pode servir de caução seja para o que for. Ironicamente, estamos a entrar num período em que a politização de Hollywood é mais transparente do que nunca — este texto foi publicado no Diário de Notícias (27 de Setembro), com o título 'A pensar nos Oscars'.

Mais do que nunca, a imagem típica de Verão do cinema americano, dominada por blockbusters e “filmes de acção”, é escassa para dar conta das convulsões que atravessam Hollywood. Dito de outro modo: os filmes, mesmo não reflectindo directamente os debates da campanha das presidenciais de 4 de Novembro, estão recheados de referências a temas fortes, por vezes com polémicas conotações políticas. Alguns exemplos de títulos a estrear nos EUA até ao final de 2008: Body of Lies, de Ridley Scott, sobre a perseguição de um líder da Al-Qaida pela CIA [trailer na base deste post]; W., a biografia de George W. Bush por Oliver Stone; Milk, de Gus Van Sant, retrato do activista Harvey Milk, primeiro homossexual assumido a ser eleito para um cargo público nos EUA; Frost/Nixon, de Ron Howard, sobre as célebres entrevistas de David Frost a Richard Nixon, falando sobre o escândalo Watergate. Com tudo isto, não será arriscado prever que os Oscars de 2009 vão ser atravessados por muitos temas políticos. E isto, por certo, quer o inquilino da Casa Branca se chame McCain ou Obama.