quinta-feira, agosto 07, 2008

"Saving Grace": vanguarda televisiva

De vez em quando, ainda é possível experimentar a sensação de que deparamos com algum acontecimento genuinamente diferente, desses que partem da nossa experiência comum para, de forma metódica e concisa, desafiarem certezas e evidências dessa mesma experiência.
Parece ser o caso da série Saving Grace, cuja trasmissão se iniciou no canal Fox Life (veja-se a desastrosa promoção). Criada por Nancy Miller, a série centra-se na personagem muito pouco típica de Grace Hanadarko, interpretada por uma electrizante Holly Hunter — ela é uma detective da polícia de Oklahoma City que, entre (des)amores fugazes e muito (des)tempero alcoólico, vive uma vida pouco exemplar para uma agente da lei e da ordem.
Temos, então, o clássico drama sobre os conflitos internos das forças policiais e seus reflexos nas vidas dos cidadãos comuns? Sim, mas só até certo ponto. Acontece que Grace recebe a visita de Earl (Leon Rippy) que se distingue pelo hábito de mascar tabaco e também pelo facto de ser um... anjo enviado por Deus! Sua missão: repor Grace no caminho do Bem.
Não sabemos como vai evoluir tudo isto (nos EUA, a série está na segunda temporada e é emitida pelo TNT). Para já, vale a pena dizer que não há maneira de descrever o tom da narrativa, combinando um realismo seco e um humor amargo, a não ser dizendo que escapa a qualquer modelo tradicional — se existe uma vanguarda televisiva, não há dúvida que a sua linha de demarcação passa por Saving Grace.
A série acaba de proporcionar uma nomeação dos Emmys (21 de Setembro) a Holly Hunter, na categoria de melhor actriz/série dramática. Esta é canção-tema, interpretada por Everlast.