
É uma renovada viagem através das ambivalências do tempo e da percepção — recorde-se que o protagonista não consegue reter as memórias próximas daquilo que lhe acontece —, agora "completada" por um desses recursos bizarros que o DVD permite. Ou seja: a possibilidade de ver o filme por ordem cronológica. Por um lado, é um absurdo, no sentido em que "renega" a construção do original (como se alguém quisesse "arredondar" as arestas das Demoiselles d'Avignon...); por outro lado, confirma que, na idade do DVD, os filmes vivem numa espécie de esquizofrenia potencial que os transforma em fixações instáveis de uma matéria sempre em evolução — apesar de todo o fascínio que o processo envolve (ou talvez por causa desse fascínio), há nele, afinal, uma perda simbólica do próprio conceito de filme.