
quarta-feira, outubro 31, 2007
Filme dos Sigur Rós hoje na Fnac Chiado

A vida não é um filme... ou é?
Em repeat, por aqui, escuta-se The Stage Names, o magnífico novo álbum dos norte-americanos Okkervil River. E como aperitivo, servimos o teledisco de Our Life Is Not A Movie Or Maybe.
Gorillaz em 'Bananaz'...
Um olhar pelos bastidores do projecto Gorillaz vai poder ver-se em Bananaz, documentário em produção sobre o desactivado projecto de Damon Albarn. O filme será assinado por Ceri Levy, que em 1994 produziu Starshaped, sobre os Blur.
Fantasmas de Nova Iorque


Alternativo, sem dúvida!...
terça-feira, outubro 30, 2007
Abuso de poder (televisivo)

Honra ao Presidente francês. Não será preciso discutirmos as suas políticas ou os seus modos de se expor publicamente — podemos discordar das primeiras e não gostar dos segundos. O que está em causa é de outra ordem: tem a ver com esse contínuo abuso de poder (quase sempre disfarçado de frivolidade) com que as televisões se assumem como tribunais das relações privadas e, em particular, do espaço conjugal. De facto, quem está a ser entrevistado — para mais tendo como pano de fundo as relações entre dois países tão poderosos e tão importantes na vida democrática do planeta como são a França e os EUA — tem o direito, básico e inalienável, de recusar ser um peão desse voyeurismo "institucional" das televisões. Recusar não falar em televisão pode ser tão importante como aceitar falar no interior do seus dispositivos. Foi assim (incluindo a pergunta):
Inquérito: Discos de Outubro

Internacional:
Beirut “The Flying Club Cup”
Bruce Springsteen “Magic”
Efterklang “Parades”
Jens Lekman “Night Falls Over Kortelada”
Joni Mitchell “Shine”
John Vanderslice “Emmerald City”
Murcof “Cosmos”
Radiohead “In Rainbows”
Rosin Murphy “Overpowered”
Soulwax “Most Of The Remixes”
Nacional:
Clã “Cintura”
Cooltrain Crew “Southeast D’N’B Flavas”
David Fonseca “Dreams In Colour”
Rodrigo Leão “Portugal, Um Retrato Social”
Vários “Adriano – Aqui e Agora”
O regresso a casa
No novo álbum de Edwyn Collins, Home Again, mora uma canção que tem tudo para se transformar num dos maiores clássicos da sua obra. Junta a sua sensibilidade pop a uma evidente admiração pela memória do melodismo clássico das escolas r&b de 60. Aqui fica o teledisco de You'll Never Know (My Love). Simples e directo.
Reedições históricas a caminho

segunda-feira, outubro 29, 2007
Discos da semana, 29 de Outubro

John Vanderslice
“Emmerald City”
Barsuk Records
5/5
Para ouvir: MySpace

Soulwax
“Most Of The Remixes...”
Parlophone / EMI Music Portugal
4/5
Para ouvir: MySpace

Edwyn Collins
“Home Again”
Heavenly / EMI Music Portugal
3/5
Para ouvir: MySpace

Pet Shop Boys
“Disco 4”
Parlophone / EMI Music Portugal
3/5
Para saber mais: site oficial
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A solicitação de António Barreto a Rodrigo Leão para que Rodrigo Leão compusesse música original para a série documental Portugal, Um Retrato Social, constituiu por si só um passo diferente do habitual num país onde o cinema e a televisão recorrem mais vezes a música pré-gravada que à composição de originais na hora de pensar nas suas bandas sonoras. A sua edição, agora, em disco, permite a esta música uma segunda vida que, mesmo livre das imagens, não esquecerá a sua memória (porque delas nasceu, delas fala, delas traz experiências). Há muito que tardava o reencontro de Rodrigo Leão com as imagens. Depois de uma experiência, em Um Passo, Outro Passo, e Depois..., de Manuel Mozos (1989), a sua música conheceu outros destinos, sobretudo entre os discos e os palcos. A edição, em 2004, de um álbum com o título Cinema, não escondia desejos e intenções. Que entretanto se concretizaram, este disco representando a primeira materialização dessa vontade finalmente compensada. Musicalmente, a banda sonora de Portugal, Um Retrato Social não representa uma aventura fora de portas na obra de Rodrigo Leão. Sem a carga dramática de grande densidade das composições de Theatrum, sem as vozes que o têm acompanhado nos tempos mais recentes, encontra aqui terreno para dar corpo a ideias que nos últimos discos experimentou em interlúdios instrumentais. No fundo, este é um retrato, não só das imagens da série, mas também da actual personalidade instrumental de Rodrigo Leão. Podia ter-se desafiado um pouco mais. Mas cumpre o pedido.
Rodrigo Leão
"Portugal, Um Retrato Social"
Sony BMG
3/5
Para saber mais: site oficial
Também esta semana:
Ray Davies, Youssou N’Dour, Sex Pistols (vinil) , Mazgani, Libertines (best of)
Brevemente:
5 de Novembro: Sigur Rós (CD + DVD), Boy Kill Boy, Nick Cave (banda sonora), David Byrne, Ladytron (repackage)
12 de Novembro: Susumu Yokota, Rolling Stones (compilação), LCD Soundystem, Raveonettes, Killers, Led Zeppelin (best of)
19 de Novembro: Duran Duran, Daft Punk (live), GNR (reedição), Jorge Palma (reedição), Tantra (reedição), Manuela Moura Guedes (reedição), Sheiks (antologia), Gorillaz (compilação), Live Earth
Novembro: Sex Pistols (singles), Scissor Sisters (DVD), Muse (live), U2 (reedição), Jean Michel Jarre (reedição)
Dezembro: Rufus Wainwright (CD+ DVD ao vivo), Johnny Greenwood
PS. A crítica ao disco de Rodrigo Leão é um excerto de um texto já publicado na revista NS

Rodrigo Leão
"Portugal, Um Retrato Social"
Sony BMG
3/5
Para saber mais: site oficial
Também esta semana:
Ray Davies, Youssou N’Dour, Sex Pistols (vinil) , Mazgani, Libertines (best of)
Brevemente:
5 de Novembro: Sigur Rós (CD + DVD), Boy Kill Boy, Nick Cave (banda sonora), David Byrne, Ladytron (repackage)
12 de Novembro: Susumu Yokota, Rolling Stones (compilação), LCD Soundystem, Raveonettes, Killers, Led Zeppelin (best of)
19 de Novembro: Duran Duran, Daft Punk (live), GNR (reedição), Jorge Palma (reedição), Tantra (reedição), Manuela Moura Guedes (reedição), Sheiks (antologia), Gorillaz (compilação), Live Earth
Novembro: Sex Pistols (singles), Scissor Sisters (DVD), Muse (live), U2 (reedição), Jean Michel Jarre (reedição)
Dezembro: Rufus Wainwright (CD+ DVD ao vivo), Johnny Greenwood
PS. A crítica ao disco de Rodrigo Leão é um excerto de um texto já publicado na revista NS
Agora em alta definição

Um café em Lisboa

Estaríamos porventura à espera de um concerto mais centrado nas covers que fazem o seu álbum deste ano, Twelve. O certo é que, mesmo com as memórias de Jimi Hendrix (Are You Experienced?) ou dos Nirvana (Smells Like Teen Spirit), o evento foi mais um vibrante e sentido best of que esteve, todo ele, ligado à energia do presente, não a uma mera nostalgia do passado. Acima de tudo, Patti Smith, aos 60 anos (completa 61 a 30 de Dezembro) mantém-se fiel aos poderes singulares da palavra poética, sempre cúmplice da teatralidade da performance, tudo encontrando o eco, a melodia e o ruído adequados na iniludível electricidade das guitarras.
Houve mesmo espaço e tempo para evocar a dimensão portuguesa da sua personalidade artística e, mais do que isso, a miragem de um café, em Lisboa, na companhia de Pessoa. O poeta, aliás, pode ajudar-nos a fechar este primeiro gesto de fixação de um concerto no labirinto de uma memória comovida: "Não sei quantas almas tenho / Cada momento mudei / Continuamente me estranho / Nunca me vi nem acabei."
domingo, outubro 28, 2007
Patti Smith: hoje, no Coliseu
ATENÇÃO: o site do Coliseu dos Recreios contém uma informação errada
— o concerto não começa às 22h00, mas sim às 21h30.
— o concerto não começa às 22h00, mas sim às 21h30.

Beethoven, com dedicatória



Filme egípcio distinguido no DocLisboa

* No site do festival está disponível o palmarés completo.
* A programação inclui hoje, domingo, os títulos premiados.

sábado, outubro 27, 2007
INQUÉRITO: Jodie Foster em "Silêncio"

* O SILÊNCIO DOS INOCENTES (Jonathan Demme, 1991): 40%
* CONTACTO (Robert Zemeckis, 1997): 24%
* TAXI DRIVER (Martin Scorsese, 1976): 12%
* OS ACUSADOS (Jonathan Kaplan, 1988): 9%
* NELL (Michael Apted, 1994): 4%
* SALA DE PÂNICO (David Fincher, 2002): 3%
* ANA E O REI (Andy Tennant, 1999): 1%
* LITTLE MAN TATE (Jodie Foster, 1991): 1%
* PÂNICO A BORDO (Robert Schwentke, 2005): 1%
No caso de igualdade percentual, a ordem resulta do número absoluto de votos. A opção "outro" (filme) foi referida por 1% dos votantes.
Vieira da Silva em Lisboa

Na imagem: Le Hérault ou L'Héros (1939)
2057: Odisseia Solar


Este é o ponto de partida para este filme, que representa a mais ambiciosa e exuberante das produções de ficção científica dos últimos anos. Sunshine coloca-nos a bordo da Icarus II, segunda e derradeira missão de salvamento, levando a bordo todo o material nuclear resgatado pelo planeta fora. Entre a simplicidade militar de um submarino nuclear nas áreas de trabalho e carga, e o requinte de design minimalista dos compartimentos habitados, a nave acolhe uma tripulação escolhida a dedo. As pequenas tensões do dia-a-dia são controladas por um psicólogo que, em vez de comprimidos, receita minutos de paz numa sala que recria holograficamente situações relaxantes.
Perto da órbita de Mercúrio, porém, o que até então era uma missão controlada ao pormenor e cem por cento fiel ao programa estipulado, sofre reviravolta súbita no momento em que se descobre, inerte no espaço, a desaparecida Icarus I. Coloca-se a questão: manter a missão ou resgatar a carga explosiva da nave lançada sete anos antes, aumentando a hipótese de sucesso de detonação nuclear no Sol? O desvio de rota, decidido segundo o oposto do velho provérbio "mais vale um pássaro na mão que dois a voar", abre contudo uma sucessão de acidentes inesperados que, hora após hora, cada vez mais comprometem o sucesso da missão e, consequentemente, a última hipótese de futuro para a humanidade.
Um subtexto de fanatismo religioso atravessará uma história que, essencialmente contemplativa nos primeiros largos minutos do filme, caminha depois para um ritmo acelerado de acção, com episódio de arritmia à la thriller na recta final. No fim, tal como um astronauta deixa em mensagem à família, se o Sol se acender, foram bem sucedidos...
PS. Versão editada de textos publicados no DN e na revista NS
RTP: cópia ou alternativa?

Agora que está em fase de consulta pública o Contrato de Concessão do Serviço Público, vale a pena repetir as perguntas. Não porque seja quem for (a começar por mim, obviamente) possa ter qualquer solução mágica para, pelo menos, atenuar a miséria criativa da televisão em Portugal. Apenas porque já é tempo de tentarmos ser adultos e reconhecer que as boas intenções são, mais do que nunca, a pior das ilusões políticas.

Não é um problema de pessoas. Por certo que a esmagadora maioria dos que trabalham na RTP tem talento para fazer mais, melhor e, sobretudo, para fazer diferente. Nem sequer é um drama financeiro: a gestão dos meios disponíveis poderia (a meu ver: deveria) ser infinitamente mais diversificada. É uma questão de atitude. Começa num princípio básico: arriscar ser uma alternativa às opções dos canais privados. Em boa verdade, esse é um dado de base que, em quinze anos, não mudou.
sexta-feira, outubro 26, 2007
Ermitage em Lisboa

PS. Ermitage e não Hermitage. Ou seja, a opção pelo nome habitualmente usado em Portugal e não a versão export anglo-saxónica, com "H". Mais próximo, portanto, da expressão "ermitério", que Catarina II dava ao espaço que, no século XVIII, naquele grande palácio, albergava a sua colecção de arte, na origem do museu que hoje conhecemos.
Cinema + iTunes: a revolução anunciada


Edward Burns tinha mostrado o filme no passado mês de Maio, no Tribeca Film Festival, sem conseguir mobilizar o interesse de nenhum distribuidor — agora, mais exactamente a partir de 20 de Novembro, Purple Violets será objecto de download. Para que conste, Burns acumula as funções de produtor, realizador, argumentista e protagonista, estando os outros papéis principais entregues a Selma Blair, Patrick Wilson, Debra Messing e Dennis Farina.
Que se segue? Cada vez mais filmes a surgir directamente na Net? Ou a possibilidade de filmes lançados na Net terem uma "segunda vida" nas... salas? Está tudo em aberto.
Memórias das férias
Os canadianos Tokyo Police Club estão a ultimar a gravação de um álbum de estreia. Revelados com uma série de singles e EPs editados em 2006 e já este ano, são mais uma prova da vitalidade e versatilidade das linguagens indie rock por aquelas bandas. Este é You're English Is Good, single que anuncia o álbum que vem a caminho...
Remisturas cool

Para reencontrar a ficção científica (18)

(1921-2006)
Foi, a dada altura, o escritor em língua não inglesa mais lido no mundo e um dos mais ferozes críticos da literatura de ficção científica, poucos sendo os autores que respeitava enquanto escritores (Philip K. Dick era o seu eleito). O seu mais célebre livro é Solaris, que já deu ao cinema duas magníficas adaptações, uma por Tarkovsky, em 1972, a outra, em 2002, por Steven Soderbergh.

Começou por publicar poesia em 1946, apresentando ainda esse ano o seu primeiro conto de ficção científica Czlowiek z Marza (em português, O Homem de Marte), que publicou inicialmente por capítulos numa revista. Em 1948 um romance de características autobiográficas foi proibido pela censura comunista. Já Astronauci, o seu primeiro romance de ficção científica, teve autorização para seguir para a gráfica. A sua publicação convenceu-o a dedicar-se então prioritariamente à escrita.
Depois da morte de Estaline, o regime polaco permitiu uma maior liberdade de expressão, o que permitiu a Lem revelar-se internacionalmente como autor de ficção científica, tendo assinado uma multidão de livros rapidamente traduzidos noutras línguas. Em 1964 lançou Dalogi, o primeiro de uma série de textos de reflexão filosófica, característica de resto transversal a muita da sua obra de ficção.
A sua definitiva consagração internacional chegou em 1974, com a publicação internacional da antologia de contos Cyberidia, nos quais se falava, com humor, de um universo mecânico dominado por robots. Um ano depois, a adaptação de Tarkovski de Solaris (originalmente publicado em 1961) solidificaria o estatuto do escritor, que gozou ainda de grande popularidade em todo o mundo com A Voz do Dono e Fiasco.
Pela obra de Stanislaw Lem passam histórias de ficção científica no sentido mais tradicional do termo (especulativas, mas procurando um sentido de verosimilhança científica e tecnológica), assim como contos claramente construídos sobre alegorias. Um dos seus temas predilectos era a exploração do que defendia ser uma incapacidade de comunicação entre humanos e extra-terrestres. Um sentido de humor negro frequentemente sublinha marcas de cepticismo que passam pelas suas palavras.
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Alguns títulos fundamentais:
1959: Eden (Europa América, 1990)
1961: Solaris (Europa-América, 2003)
1967. Cyberiada
1968: A Voz do Dono (Europa América, 1985)
1986: Fiasco (Europa-América, 1988)
1959: Eden (Europa América, 1990)
1961: Solaris (Europa-América, 2003)
1967. Cyberiada
1968: A Voz do Dono (Europa América, 1985)
1986: Fiasco (Europa-América, 1988)
quinta-feira, outubro 25, 2007
Bem lido, Mr Chance


Discutível, parece, apenas, a opção de juntar a sugestão de uma imagem de Bush numa capa que, de resto, é soberbo exercício de tradução, pelo design, da ideia central ao livro. A caricatura de Chance é ao sistema, não a Bush ou a uma figura em particular. O livro é de 1971. Não havia Bush presidente... O livro português, é certo, surge na era Bush... Mas que não se tire o texto do contexto, por muito que a actual administração americana também justifique a sátira.
Fantasmas e almofadas
Está aí o segundo álbum dos norte-americanos Band Of Horses, editado pela Sub Pop. Tem por título Cease to Begin e é apresentado pelo single (apenas de edição digital) Is There A Ghost. Aqui fica o teledisco...
Sheiks vezes três
Numa mesma altura em que o grupo anuncia uma reunião para uma temporada de espectáculos no Jardim de Inverno do São Luiz, de 8 a 24 de Novembro, os Sheiks (a banda portuguesa dos anos 60), são também notícia nos livros e nos discos. Luís Pinheiro de Almeida está a trabalhar numa biografia do grupo, a publicar pela Assírio & Alvim. Ao mesmo tempo, a Valentim de Carvalho ultima a edição de uma antologia que, num CD, vai reunir as 32 gravações da obra dos Sheiks. O álbum sai a 19 de Novembro.
quarta-feira, outubro 24, 2007
A rapariga que era para ser estrela pop
O tempo fez de Vashti Bunyan uma figura de absoluta referência na folk (e por aí...). Mas os seus primeiros passos foram em tudo semelhantes aos de Marianne Faithfull, sob orientação do manager dos Stones e com canção de Jagger e Richards como single de estreia. Aqui está ela, em 1965, a apresentar na televisão o seu primeiro (e hoje quase esquecido) Somethings Just Stick In Your Mind...
Documentário Nº 5

O disco americano, que o foi
Ano Bowie – 65
‘Young Americans’ – Álbum, 1975
Durante a sua residência no Rower Theatre, em Filadélfia, em Julho de 1974, Bowie entrou pela primeira vez nos míticos Sigma Sound Studios, a “casa” do som negro que caracterizava a cidade. A sua antiga paixão pelo rhythm’n’blues (que podemos recordar nos singles que editou antes de 1966) ganhou nova visibilidade. Pediu a Coco Shwab (a sua assistente pessoal) uma lista de novos discos de referência na música negra, entre os quais títulos da emergente cena disco. As sugestões de 1984, em Diamond Dogs ditavam o rumo de um novo álbum que, meses depois, ganhou forma nesse mesmo estúdio em Filadélfia, contando novamente com Tony Visconti na produção e com um distinto lote de músicos, entre os quais o guitarrista Carlos Alomar e o baixista Willie Weeks. As sessões foram rápidas, gravado quase todo o álbum no curso de apenas duas semanas. Este foi desde o início um disco nocturno, gravado noite fora num tempo em que Bowie vivia com horas trocadas. Numa etapa posterior, já com o disco supostamente gravado, Bowie passou uma temporada em Nova Iorque. E aí aprofundou uma amizade com John Lennon que, meses antes, havia conhecido em Los Angeles. Juntos entraram em estúdio, trabalhando uma versão de Across The Universe (dos Beatles) e um inédito, Fame, que viria a dar o primeiro número um americano a Bowie. Os temas, naturalmente, entraram à última hora em Young Americans, tornando-se peças fundamentais no seu alinhamento. O disco acabou por reflectir plenamente a vontade de abordar a música negra norte-americana, abrindo novos caminhos na obra de Bowie com continuidade, mais tarde, em álbuns como Let’s Dance (1983) ou Black Tie White Noise (1993). Foi bem recebido, sobretudo nos EUA, onde Bowie se viu elevado de estrela de culto a figura de primeira linha do showbiz. Young Americans é um disco não unânime entre admiradores de Bowie. Mas, como os seus demais títulos de 70, teve imediato impacte junto dos seus contemporâneos. Os Roxy Music mostraram igual paixão negra em Love Is The Drug. E Rod Stewart fez o mesmo em Atlantic Crossing...
‘Young Americans’ – Álbum, 1975

É desta?
Geoff Barrow anunciou que o álbum dos Portishead está a um dia de ser concluído. E que, agora, ele e Beth Gibbons vão trabalhar na capa do disco e na preparação de material para concertos. O disco será o sucessor do seu segundo álbum de originais, que data de 1997. Depois de adiamentos e mais adiamentos, será desta?
Holzmair: sob o signo de Schubert


terça-feira, outubro 23, 2007
Discos da semana, 22 de Outubro

Jens Lekman
“Night Falls Over Kortelada”
Secretly Canadian / Flur
4/5
Para saber mais: site oficial
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Depois de um primeiro álbum a solo decididamente irregular, Rosin Murphy parece reencontrar o caminho que, em tempos, de si fez uma das mais atraentes e enigmáticas vozes ao serviço de uma pop vitaminada em energias dançantes... Falamos dos primeiros tempos dos Moloko (em particular do álbum de estreia Do You Like My Tight Sweater, de 1995), cuja carreira deslaçou com o tempo, acabando ao fim de quatro álbuns, e quase com a memória da sua estreia apagada. Overpowered não é estilisticamente um sucessor desse álbum dos Moloko, mas nele encontra familiaridade ao afirmar uma existência que firma identidade na canção pop e se veste, depois, com trajes de glamour colhido nas tendências em voga na cultura de dança. É verdade que, em mais nenhum momento do alinhamento se repete o absoluto instante de génio pop que se escuta no tema título (em parceria com Seiji, dos Bugz In The Attic), que parece citar “clássico” I Wanna be Your Lover dos La Bionda. Mas pelo alinhamento do álbum não faltam outros exemplos de saudável relação entre a pop e a música de dança. Checking On Me mostra mais verdades r&b que muita da produção que como tal se afirma e ganha prémios na MTV. Let Me Know recupera a canção para piano com tempero house de finais de 80. Movie Star é puro e delicioso delírio electro pop. Footprints recorda o disco pré-Febre de Sábado à Noite. Cry Baby evoca o hi-nrg de Bobby Orlando. Em suma, não se trata de um compêndio pedagógico “viagem pela pop dançável em 11 faixas (e dois bónus)”, mas não deixa de ser uma das mais curiosas incursões da pop pela história da música de dança dos últimos tempos. E com algumas boas canções, acrescente-se...
Roisin Murphy
“Overpowered”
EMI / EMI Music Portugal
3/5
Para ouvir: MySpace
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Roisin Murphy
“Overpowered”
EMI / EMI Music Portugal
3/5
Para ouvir: MySpace
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Quantas são as bandas que dão o arzinho da sua graça depois de uns discos que passaram a Leste das atenções, ganham estatuto fugaz de nova banda favorita e, depois, aos poucos, perdem encantos e desaparecem. Parecia ser esse o futuro destinado aos suecos The Hives. Depois de dois álbuns que quase ninguém escutou na hora da sua edição, conquistaram meio mundo com um dos mais viciantes hinos de garage rock da década (Hate To Say I Told You So) e uma antologia, com a bênção da Poptones de Alan McGee. Há três anos, Tyrannosaurus Hives mostrava apenas sinais de gestão de continuidade em mais do mesmo, alertando para a possibilidade de, nesta banda favorita da véspera poder morar mais um caso de “já foi”... A verdade é que a resposta a essa etapa de continuidade inconsequente respondem agora com um álbum de inesperada versatilidade e vitalidade. Uma diversidade que não se esgota nas duas colaborações com Pharell Williams, nem no mero facto de passarem a recorrer mais a teclados, mas que mora ao longo de todo o alinhamento de um dos mais contagiantes discos de rock’n’roll deste ano. É, contudo preciso vencer a antecâmara do álbum para o descobrir de facto. As três faixas de abertura são Hives em modo “clássico”, garage rock melodista e estridente quanto baste. Segue-se We’re All Right, uma espécie de interlúdio de transição (uma das colaborações do senhor Pharrell). E então entramos num disco onde a pulsão garage pura destes suecos mostra porque tanta fama de bom pastiche tem a música da sua terra. Aqui há de tudo, do hino new wave (Return The Favour) ao coro de cervejas em noite de pub (Your Dress Up For Armageddon), de um rock temperado a funk (T.H.E.H.I.V.E.S.) aos diálogos de canto e fala à Adam & The Ants (Giddy Up!)... E até mesmo uma pequena folia pop que parece herdeira, bem arrumada, é certo, da fase final de Mr Bungle (Puppet On A String, que não é versão do hino eurovisivo de Sandie Shaw)... Eles voltaram. A preto e branco, como o título diz, mas com mais cores que nunca.
The Hives
“The Black And White Album”
A&M Records / Universal
4/5
Para ouvir: MySpace

The Hives
“The Black And White Album”
A&M Records / Universal
4/5
Para ouvir: MySpace

Fiery Furnaces
“Widow City”
Thrill Jockey/Dwitza
3/5
Para ouvir: MySpace
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Terão ainda conserto? Conserto de arranjo, que concertos de palco ainda os dão... Falamos dos R.E.M., em evidente rota pela ribanceira abaixo. Não se trata de uma aplicação primária daquela ideia que defende que o passado é sempre melhor que o presente numa banda. Até porque, em 27 anos de carreira, os REM já conheceram etapas melhores e piores, em diversos ciclos. Desde há uns tempos, contudo, parecem sob evidente ciclo-não. Around The Sun, o seu mais recente álbum de originais, foi o pior momento de uma digníssima carreira, uma das primeiras a trazer ao mundo os sinais de uma América rock indie nascida na alvorada de 80. Em tempo de pausa, lançam um registo ao vivo gravado há dois anos no Point Theatre, em Dublin. Dois CDs, um DVD... E uma espécie de best of ao vivo, com energia gritante a principio, encontrando Michael Stipe a calma logo depois, assegurando um desfile competente, representativo, mas longe do viço de concertos que, quem os viu, certamente recordará. Há temas recentes, como Bad Day ou Electron Blue que, ao vivo, mostram mais carne que nos originais de estúdio. Mesmo assim, este retrato de duas noites de palco mais não mostra que uma banda profissional, segura, a cumprir o que se lhe pede. Raros álbuns ao vivo justificam ser mais que uma desculpa para editar mais um besf of. Não é, decididamente, o caso...
R.E.M.
“Live”
WB / Warner
2/5
Para saber mais: Site oficial
Também esta semana:
Dave Gahan, Soulwax (remixes), Lilac Time, To Rocco Rot, Van Morrison (best of), Flaming Lips (DVD), Teddy Thompson, Teresa Salgueiro, Stevie Wonder (best of), Ian Brown, Steve Jansen, Tributo aos Mão Morta
Brevemente:
29 de Outubro: Rodrigo Leão, Bob Dylan (DVD), Ray Davies, Youssou N’Dour, Sex Pistols, Mazgani, Libertines (best of)
5 de Novembro: Sigur Rós (CD + DVD), Gorillaz (compilação), Boy Kill Boy, Nick Cave (banda sonora), David Byrne, Ladytron (repackage)
12 de Novembro: Susumu Yokota, Rolling Stones (compilação), LCD Soundystem, Raveonettes, Killers, Led Zeppelin (best of)
Novembro: Duran Duran, Sex Pistols (singles), Scissor Sisters (DVD), Daft Punk (live), Muse (live), U2 (reedição), Jean Michel Jarre (reedição)
Dezembro: Rufus Wainwright (CD+ DVD ao vivo), Johnny Greenwood

R.E.M.
“Live”
WB / Warner
2/5
Para saber mais: Site oficial
Também esta semana:
Dave Gahan, Soulwax (remixes), Lilac Time, To Rocco Rot, Van Morrison (best of), Flaming Lips (DVD), Teddy Thompson, Teresa Salgueiro, Stevie Wonder (best of), Ian Brown, Steve Jansen, Tributo aos Mão Morta
Brevemente:
29 de Outubro: Rodrigo Leão, Bob Dylan (DVD), Ray Davies, Youssou N’Dour, Sex Pistols, Mazgani, Libertines (best of)
5 de Novembro: Sigur Rós (CD + DVD), Gorillaz (compilação), Boy Kill Boy, Nick Cave (banda sonora), David Byrne, Ladytron (repackage)
12 de Novembro: Susumu Yokota, Rolling Stones (compilação), LCD Soundystem, Raveonettes, Killers, Led Zeppelin (best of)
Novembro: Duran Duran, Sex Pistols (singles), Scissor Sisters (DVD), Daft Punk (live), Muse (live), U2 (reedição), Jean Michel Jarre (reedição)
Dezembro: Rufus Wainwright (CD+ DVD ao vivo), Johnny Greenwood
Lévy, Godard e as imagens

Texto publicado no Diário de Notícias (22 Out.), com o título ' Repensando a crise da esquerda europeia' >>> No mercado português do DVD, surgiu um dos grandes clássicos do “cinema político”: La Chinoise (1967), de Jean-Luc Godard, com o título O Maoísta. Muitas vezes apontado como um filme premonitório da crise de Maio 68, La Chinoise é uma visão crua, desencantada e, afinal, profundamente irónica, quase burlesca, de um grupo “maoísta” de estudantes franceses. Com admirável precisão sociológica, Godard retrata o “ar do tempo” e o delírio maniqueísta de muitas palavras de ordem. Ao mesmo tempo, porém, Godard celebra também a simples capacidade de indignação e revolta, isto é, a certeza de que a fealdade do mundo não é um destino, mas algo que, no mínimo, se pode discutir.
São velhas questões. São, sobretudo, questões que relançam novíssimos problemas, em particular no espaço ideológico da esquerda europeia. É essa a constatação brutal e, à sua maneira, didáctica de um livro admirável que acaba de sair em França: Ce Grand Cadavre à la Renverse (ed. Grasset), do filósofo e ensaísta Bernard-Henri Lévy. A expressão do título provém do prefácio que Jean-Paul Sartre escreveu em 1960 para uma reedição de Aden Arabie (1931), de Paul Nizan: podemos traduzi-la por “esse grande cadáver (virado) de costas” e refere-se, muito explicitamente, à esquerda.
Inevitavelmente, Lévy vai ser atacado por tudo e mais alguma coisa, à direita e à esquerda, nem que seja por causa do tipo de camisas que gosta de vestir (não estou a exagerar...). Digamos, então, para simplificar que a esquerda teria interesse em enfrentar as interrogações de alguém que arrisca pensar “o que resta da esquerda”, não separando-se dela, mas reafirmando-se, empenhado e disponível, no interior da sua crise.
Um dos aspectos mais espantosos do livro é que Lévy fala de uma esquerda que existe, antes de tudo o mais, como património de imagens. Que imagens? As de Maio 68, justamente. Mas também, antes, as de André Malraux. Ou do Bangla Desh, que o autor visitou aos vinte e poucos anos. Ou de Portugal, em 1974 (Otelo como “actor barroco e shakespeareano”). Ou ainda as da Bósnia, onde Lévy rodou (com Alain Ferrari) um admirável documentário: Bosna! (1994).
Para Lévy, trata-se de reorganizar todas essas imagens e questionar coisas pouco cómodas e, sobretudo, muito recalcadas. Por exemplo: que significa passar da crítica metódica da administração Bush para a histeria de um anti-americanismo que apenas favorece os inimigos da democracia? Ou ainda: no “confronto” das religiões, como sustentar o rigor político da laicidade, resistindo aos equívocos morais de algumas formas de tolerância?
No fundo, Lévy pergunta tudo aquilo que uma esquerda “generalista” e acomodada não quer perguntar, muito menos enfrentar. Em nome de quê? Do simples poder transformador da história. Resumindo (até onde é possível resumir um fascinante livro de 400 páginas): trata-se de combater “essa ideia idiota, e louca, segundo a qual a história acabou”.
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Inevitavelmente, Lévy vai ser atacado por tudo e mais alguma coisa, à direita e à esquerda, nem que seja por causa do tipo de camisas que gosta de vestir (não estou a exagerar...). Digamos, então, para simplificar que a esquerda teria interesse em enfrentar as interrogações de alguém que arrisca pensar “o que resta da esquerda”, não separando-se dela, mas reafirmando-se, empenhado e disponível, no interior da sua crise.
Um dos aspectos mais espantosos do livro é que Lévy fala de uma esquerda que existe, antes de tudo o mais, como património de imagens. Que imagens? As de Maio 68, justamente. Mas também, antes, as de André Malraux. Ou do Bangla Desh, que o autor visitou aos vinte e poucos anos. Ou de Portugal, em 1974 (Otelo como “actor barroco e shakespeareano”). Ou ainda as da Bósnia, onde Lévy rodou (com Alain Ferrari) um admirável documentário: Bosna! (1994).
Para Lévy, trata-se de reorganizar todas essas imagens e questionar coisas pouco cómodas e, sobretudo, muito recalcadas. Por exemplo: que significa passar da crítica metódica da administração Bush para a histeria de um anti-americanismo que apenas favorece os inimigos da democracia? Ou ainda: no “confronto” das religiões, como sustentar o rigor político da laicidade, resistindo aos equívocos morais de algumas formas de tolerância?
No fundo, Lévy pergunta tudo aquilo que uma esquerda “generalista” e acomodada não quer perguntar, muito menos enfrentar. Em nome de quê? Do simples poder transformador da história. Resumindo (até onde é possível resumir um fascinante livro de 400 páginas): trata-se de combater “essa ideia idiota, e louca, segundo a qual a história acabou”.
segunda-feira, outubro 22, 2007
Joan Fontaine: 90 anos

Joan Fontaine nasceu a 22 de Outubro de 1917 — faz hoje 90 anos. Parabéns!
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