segunda-feira, julho 30, 2007

Bergman: a palavra "poesia"

Kari Sylwan, em Lágrimas e Suspiros (1972).

Movimentos de paixão.
Paisagens de amor.
Casais.
Fidelidades e traições.
Lágrimas, risos, gritos e sussurros.
Mulheres sós.
Homens ainda mais sós na sua ilusão de poder.
Sangue.
Cores sanguíneas.
São temas e elementos de uma telenovela? Provavelmente. E, no entanto, quando pensamos na sua materialização na obra de Ingmar Bergman, compreendemos que a impostura existencial e a mediocridade estética da telenovela nos impedem de ver a pluralidade do factor humano, isso que nos faz ser. Ser para os outros. E para nós.
Para onde vai a herança de Bergman? Quem vai amar e odiar assim os êxtases e as misérias das relações humanas?
Ligamos a televisão e um locutor muito sério diz que morreu o "poeta do cinema". Quando foi a última vez que pensou naquilo que diz? Será capaz de fazer penitência? Que espécie de penitência? Ver um filme de Bergman.
E, sobretudo, não evocar a palavra poesia em vão.