sábado, fevereiro 17, 2007

London Calling 2007 (Parte 1)

Em tempo de celebração de memória de mais de 20 anos de actividade, os Pet Shop Boys lançaram, nos últimos meses, um DVD com um documentário que conta a sua história até aqui, um livro — Catalogue (ed. Thames & Hudson) — que retrata toda a sua obra gráfica desde os primeiros frames fotografados ao mais recente design ao serviço da sua música, e um disco ao vivo, retrato de uma noite, com orquestra, num palco da BBC, comemorando com pompa sinfónica uma obra que há muito é reconhecida entre as mais importantes da história da música pop. A estas três edições, o duo juntou um evento. Ou melhor, uma exposição, ainda patente numa das galerias do piso inferior da National Portrait Gallery (museu que há muito reconhece a importância da música pop no contexto do espaço artístico que tem por objecto).
Não é uma exposição de grandes dimensões (nem de perto consegue o olhar abrangente que o livro Catalogue retrata). Trata-se de um interessante conjunto de fotografias, uma das quais, pouco divulgada, assinada por Robert Mappelthorpe, a quem a EMI americana pediu uma sessão com os Pet Shop Boys em 1986. Mais conhecidas, estão aqui as imagens que deram depois capa a canções como Rent, It's a Sin ou West End Girls. Fotos que, mesmo sem o lettering, pedem que cantem para a capa dos respectivos discos... Não falta, claro, uma selecção de capas de discos nas respectivas artes finais. E uma integral de telediscos, a passar constantemente num ecrã (com som para toda a galeria). Pop, sem dúvida.
Entretanto, terminada a exposição de retratos de David Hockney, a mostra que agora tem honras de destaque nas salas da National Portrait Gallery é Face Of Fashion, uma colecção de retratos de fotógrafos com créditos no mundo da moda, como Mert Alas, Marcus Piggot, Corine Day ou Steven Klein.
Menos interessante é From Manet to Picasso, percurso feito de pintura que se pode ver ali ao lado, numa das galerias de exposições temporárias da National Gallery. Há obras notáveis, sobretudo quadros célebres de Seurat, Cézanne ou Van Gogh. Mas sem um texto que una as imagens e nos conte uma história, não há contexto que viva, assim, apenas por si. Uma visita à exposição permanente, contudo, perdoa a falta de trabalho extra na mostra temporária. E na sala onde cinco enormes e arrebatadoras pinturas de Turner enchem duas paredes, a alma reencontra texto no contexto.