domingo, dezembro 31, 2006

2006: Os Livros

Terminamos hoje a publicação de listas dos melhores de 2006. E acabamos a ler, juntando edições nacionais e internacionais, autores portugueses e estrangeiros numa lista comum.

JL:

Em Portugal, o mercado livreiro vive cada vez mais assombrado por um paradoxo de crescimento: o número cada vez maior de edições faz com que haja também cada vez mais títulos que, independentemente das suas qualidades, não chegam a ter qualquer exposição nos escaparates das livrarias — isto para já não falar do seu desconhecimento no plano informativo e mediático. Neste aspecto, aliás, a cultura televisiva dominante promove um ódio crescente à escrita e aos escritores, até porque quase só os comemora de forma paternalista e provinciana, optando por doar o poder quotidiano da comunicação a treinadores e jogadores de futebol. Fica uma referência, por isso, para o programa A Câmara Clara, de Paula Moura Pinheiro, na 2: — mesmo que possamos discordar dos protocolos de abordagem dos chamados "produtos culturais", ao menos aí prevalece a ideia muito simples, mas essencial, de que é possível falar sobre livros (e pensar com eles) sem nos submetermos às pompas gratuitas de muitos telejornais.

Fiama Hasse Pais Brandão 'Obra Breve'
Vasco Graça Moura 'Poesia 2001/2005'
Franz Wright 'God's Silence'
Philippe Sollers 'Une Vie Divine'
Bernard-Henri Lévy 'American Vertigo'
John Updike 'Terrorist'
Michel Schneider 'Marilyn Dernières Séances'
Elmore Leonard 'The Hot Kid'
Patti Smith 'Complete 1975-2006'
10º Jean-Luc Godard 'Documents'

NG:

Oferta vasta em muitos destinos, todos os minutos livres ocupados de livro na mão... E uma pilha ainda por ler... O habitual. Na ficção, o deslumbramento com travo a fantástico de Haruki Murakami, a excelência da escrita de John Banville, a incrível capacidade de sobrevivência do texto de Edwin A Abbott e, finalmente, a tradução regular da obra de Reinaldo Arenas (Âmbar e Antígona a fazer um cuidado trabalho, com magníficas traduções). Houellebecq vezes dois (A Possibilidade de Uma Ilha e Extensão do Domínio da Luta), sempre arrebatador, mesmo que incomode muitos. Sebald com um retrato cortante da Alemanha do pós-guerra. Na música, destaca-se o magnífico livro de memórias de Joe Boyd (o homem que gravou os primeiros discos dos Pink Floyd ou Nick Drake), o de entrevistas a Tom Waits e o catálogo visual dos Pet Shop Boys (Catalogue).

Haruki Murakami, ‘Kafka à Beira Mar’
John Banville ‘O Mar’
Edwin A. Abbott ‘Flatland’
Reinaldo Arenas ‘O Assalto’
W.G. Sebald ‘Uma História Natural da Destruição’
Michel Houellebecq ‘A Possibilidade de Uma Ilha’
Joe Boyd ‘White Bicycles: Making Music In The 60’s’
Neil Ferguson ‘História Virtual’
Philip K. Dick ‘O Andróide e o Humano’
10º Tom Waits ‘Innocent When You Dream’

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