sexta-feira, setembro 08, 2006

Brevíssima fábula subterrânea

Metro. Estação dos Restauradores. Hoje, dia 8 de Setembro de 2006, pouco antes das oito da noite. Nos ecrãs promocionais passa um misto ruidoso, muito ruidoso, de anúncios e publicidade. Sucessivamente aparecem:
— uma promoção de uma antologia de canções de Paco Bandeira;
— uma reportagem (?) que combina umas mulheres num palco, aparentemente numa praia, a simular um striptease, alternando com imagens de surfistas, algures sobre algumas ondas;
— uma notícia (?????) de cerca de 10 segundos que dá conta de imagens de Osama Bin Landen divulgadas pela estação Al Jahzira (há duas mãos em grande plano que dobram um enorme canivete);
— uma promoção com imagens "abstractas", talvez de um concurso de video, para jovens;
— uma promoção de uma colectânea de músicas, talvez de dança;
— uma imagem de Cavaco Silva a abrir aquilo que parece ser uma referência à assinatura de um pacto para a justiça, estbalecido entre PS e PSD.
A coisa segue neste tom, impondo uma brevidade sem sentido e igualizando todos os assuntos no mesmo vazio de factos e emoções. É uma verdadeira apoteose de exuberante pornografia "informativa", reduzindo o mundo a uma repetição de gestos que apenas valem pela "rapidez" que instalam e pelo barulho (imenso, agressivo, torturante) que os acompanha.
É também a prova real de que a economia publicitária — isto é, aquela que favorece a proliferação irracional de ecrãs e o esvaziamento de toda e qualquer atitude cognitiva — é que tem mais poder. E mais impõe os seus valores ao quotidiano da cidade.

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