quinta-feira, junho 01, 2006

Filmar as crianças

Hoje, Dia Mundial da Criança, chegou às salas portuguesas um filme que se propõe, justamente, reflectir algumas das situações mais extremas (de pobreza, desamparo e repressão) a que estão sujeitas muitas crianças nas zonas mais diversas do mundo — chama-se Crianças Invisíveis e consta de sete histórias dirigidas por Mehdi Charef (Argélia), Emir Kusturica (Bósnia Herzegovina - na foto), Spike Lee (EUA), Kátia Lund (Brasil), Jordan Scott & Ridley Scott (Grã-Bretanha), Stefano Veneruso (Itália) e John Woo (China).
Os resultados são necessariamente desiguais. Do meu ponto de vista, o episódio de Spike Lee, sobre uma filha de um pai e uma mãe que se drogam e são seropositivos, destaca-se claramente dos restantes: o cineasta de A Última Hora volta a provar por que é um dos grandes e mais inventivos realistas do moderno cinema americano. Vale a pena destacar ainda a história de Kusturica, sobre um miúdo educado para roubar, contada em delirante tom burlesco, e a fábula de John Woo, construída a partir da trajectória de uma boneca que circula entre uma menina rica e uma menina pobre. Seja como for, o projecto vale, globalmente, por uma atitude fundamental: a de lutar contra as representações mais estereotipadas das crianças, procurando fugir ao esquematismo ideológico e à piedade fácil.
A estreia portuguesa de Crianças Invisíveis surge com a chancela de:
UNICEF
World Food Programme
Amnistia Internacional Portugal
Pobreza Zero

MAIL