sábado, maio 27, 2006

Postal de Cannes, 27 de Maio de 2006

Nanni Moretti dirigindo Margherita Buy: é uma magnífica foto de rodagem (de Il Caimano, um dos mais belos filmes da competição) e também uma imagem que pode resumir o essencial de um festival em que, de facto, o factor humano pesou. Das facilidades retóricas do filme de abertura (O Código Da Vinci) até à ostentação gratuita do mais corrente cinema tecnológico (sensível, uma vez mais, no derradeiro título a concurso: El Labirinto del Fauno, de Guillermo Del Toro), o cinema mais formatado foi sempre superado pelos filmes que arriscam na instabilidade do humano, na insuficiência das ideologias e na ambivalência das emoções.
Amanhã, domingo, pelas 18h30 (hora portuguesa), saberemos qual as escolhas do júri presidido por Wang Kar-Wai. Para além das inevitáveis, e salutares, subjectividades que um palmarés sempre implica, esperemos, sobretudo, que o leque de premiados possa reflectir a pluralidade criativa que, à margem do imediatismo mediático e do marketing, acabou por prevalecer em Cannes. Nesta perspectiva, permito-me ceder a um exercício benigno que, esclareça-se, não tem nem pretende ter nada de "previsão". Ou seja: apenas aqueles que seriam os prémios principais do "meu" palmarés, tentando combinar o gosto pessoal com uma visão abrangente da própria diversidade do certame:

* Palma de Ouro: Babel, de Alejandro Ganzalez Inarritu
* Grande Prémio: Juventude em Marcha, de Pedro Costa
* Actor: Gérard Depardieu, em Quand J'étais Chanteur
* Actriz: Hao Lei, em Summer Palace

MAIL