domingo, fevereiro 05, 2006

> OSCARS 1985: "Amadeus"

Mozart era já eterno desde o seu tempo, tão genial, duradoura e transversal que se revelou a sua obra. Mas coube a Milos Forman a sua definitiva transformação em ícone pop, num filme que, como poucos, fez de uma biografia musical um caso raro de sucesso global no cinema. Amadeus não é a mais canónica das biografias, e opta claramente pela mitificação de Mozart quando a ficção exacerbada entra em duelo com a verdade menos… garrida. Mas Amadeus foi um feito invulgar. Da realização à composição da figura do génio por Tom Hulce, da banda sonora de excepção a uma sumptuosa recriação de época. E os prémios choveram na noite dos Oscars. Oito ao todo, incluindo os de melhor filme, realizador, actor principal (F. Murray Abraham, que vestiu a pele de Salieri) e argumento adaptado, não esquecendo uma brigada de distinções técnicas que brindaram a excelência visual e sonora do filme (direcção artística, guarda-roupa, caracterização e som). Passagem para a Índia foi magro competidor perante tamanha montanha de prémios, todavia conquistando Oscars para melhor actriz secundária (Peggy Ashcroft) e banda sonora (num trabalho clássico de Maurice Jarre). Terra Sangrenta/Killing Fields obteve também algumas distinções, vencendo as categorias de melhor actor secundário (Haing S. Ngor) e fotografia. Indiana Jones e o Templo Perdido resgatou para a equipa do costume o Oscar de efeitos visuais. Na música houve ainda prémios para melhor banda sonora cantada (justificadamente entregue a Purple Rain, de Prince) e… melhor canção (melhor?) para I Just Called to Say I Love You, de Stevie Wonder, um dos mais letais atentados ao FM da década de 80… Quem disse que os Oscars de canção são para a “melhor” do ano? N.G.

OSCARS 1985 (57º ano) 25 de Março, Dorothy Chandler Pavilion
Apresentação: Jack Lemmon