quarta-feira, novembro 16, 2005

E a editora a dormir....

Falar da new wave não é hoje, necessariamente, uma manifestação de nostalgia para trintões a caminho dos 40. É, também, e até mesmo acima de tudo, evocar um legado fulcral na história da música popular, riquíssimo em canções e laboratório de muitos acontecimentos que se lhe seguiram e, hoje mais que nunca, matéria prima para toda uma nova geração de bandas que emergem de ambos os lados do Atlântico (e já com expressão no outro lado do mundo, na Austrália). Daí que, uma compilação com clássicos da new wave não seja apenas pasto para recuerdo de nostalgias, como também deve ser vista como mapa de referências que uma nova geração de públicos atentos à nova fornada de bandas podem querer conhecer.
Há muitas compilações de new wave e afins nos catálogos das lojas online. Muitas delas cruzadas com memórias punk e outras manifestações de si herdadas.
Todavia, a EMI portuguesa criou para o mercado nacional, em 1997 (sob a direcção de Jorge Mourinha), uma soberba compilação de clássicos da new wave, tão representativa dos nomes esteticamente fundamentais como dos trunfos que o mercado elegeu (e eventualmente quer recordar). Está feita, e convoca, em dois CDs, canções de nomes como os Vapors, Devo, Ian Dury, Stranglers, Lene Lovich, Mink de Ville, XTC, Magazine, Jona Lewie, Buzzcocks, The Jam… Ao todo, 33 canções num fiel retrato de uma época…
No panorama actual, somando a parcela nostalgia com a parcela “matéria prima de novas bandas” esta antologia, mais que nunca, faz sentido nos escaparates das lojas. Um textinho novo explicando do que se trata e como se projecta no presente, e, com ligeira campanha promocional devidamente apontada ao target certo, aqui estava um disco certeiro para o momento que vivemos. Porém, a compilação parece esquecida por quem devia saber gerir estes catálogos. Num mercado que se queixa tanto de tantos males, como se esquece uma editora dos trunfos que tem no baú e pode usar a qualquer hora? Este ainda por cima potencialmente rentável e discograficamente útil e oportuno. Estarão a dormir?...

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