Os Editors deram os primeiros sinais de vida em Birmingham em 2004 e viram logo o seu single de estreia, Bullets (canção que Robert Smith poderia ter criado em 1980, depois de escutar o primeiro álbum dos U2), transformado num dos mais viciantes convites à dança entre pares. Ao escutá-los detectamos imediatamente um gosto evidente pelas guitarras de The Edge, sendo frequentes as canções que convocam familiaridade com os primeiros discos dos U2. O quadro de referências mais recorrentes exibe ainda as presenças marcantes da memória dos Joy Division (tanto na marcação de algumas linhas de baixo como no assombramento que percorre o canto de Tom Smith) e contemporâneos como os The Sound, Chameleons ou Echo & The Bunnymen. Face aos colegas do momento encontramos por aqui mais familiaridade com os Interpol, The Killers ou The Bravery (sem todavia a carga festiva das teclas à New Order) que com demais bandas britânicas da nova geração.
The Back Room dá a 2005 uma bela colecção de canções pop com vontade de dançar. Um pouco como Hot Fuss, dos The Killers, em 2004, este álbum mostra sinais de actual, oportuna e viçosa pujança pop sob uma linguagem que se serve esencialmente sob a intensidade de gramáticas rock’n’roll. Contra a luminosidade que domina a grande maioria dos projectos desta nova geração de bandas, os Editors propõem antes um lugar pop onde as sombras ganham terreno. E, seja pelas atmosferas toldadas que dominam as canções, pela voz fantasmagórica que as protagoniza, pela imagem da capa que quase sugere uma residência vampiresca em cripta abandonada, ou até pela pontual evocação dos Bauhaus, alguns textos já os apontam como exumadores de estéticas góticas (o que parece ser, até ver, um perfeito exagero).
Mesmo dominados por atmosferas sombrias, os Editors revelam-se contudo em The Back Room como soberbos construtores de ordens para dançar, sendo o já referido Bullets ou o absolutamente genial Munich (um dos maiores achados pop de 2005 e canção que por si só justifica o álbum) dois exemplos maiores dessa capacidade, num regime claramente herdeiro de escolas rock’n’roll.
Uma valente estreia, recomendável a todos os interessados no departamento pop, aos corpos com vontade de dançar sob sugestões enérgicas para guitarras com melodias irresistíveis e, claro, aos espítitos mais cavernosos que há muito não tinham uma nova banda com tamanha potencialidade para os entusiasmar sem ter de convocar neuras nem desgraças. N.G. (excerto de crítica publicada no DN:música a 26 de Agosto).
EDITORS "The Back Room" (Kitchenware, 2005)
P.S. 1:Joy Division? U2 dos primeiros tempos? Bauhaus? Uiii... Tem tudo para ser fenómeno lusitano. A editora (Edel) que acorde!
P.S. 2: Ninguém os traz cá?
Se gostou, experimente:
The Departure "Dirty Words" (2005)
Interpol "Antics" (2004)
U2 "Boy" (1980)
Site oficial: www.editorsofficial.com
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