sábado, dezembro 20, 2025

10 filmes de 2025 [1]

* SORRY, BABY, Eva Victor
 
Se qualquer balanço de um ano de cinema deve dar alguma atenção aos estreantes, então esta primeira longa-metragem da franco-americana Eva Victor merece um destaque muito especial. Para lá dos estafados dramas de uma "juventude" à procura da sua identidade, ela constrói uma genuína deambulação emocional por um universo de solidões partilhadas em que vida e morte se entrelaçam de forma suave — com ternura, se é que podemos arriscar tal palavra. A própria realizadora assume o papel central, propondo na cena final (que justifica o título) as certezas e dúvidas de uma verdadeira filosofia existencial.

10 discos de 2025 [1]

* HORSES, Patti Smith

Enfim, este é de 1975. Why not? Chama-se Horses, foi o álbum de estreia de Patti Smith e teve edição especial de cinquentenário, lembrando-nos que o punk (será que a palavra resiste às banalizações mediáticas?) nunca abandonou o nosso cenário espiritual. Em paralelo, já agora, com o maravilhoso livro autobiográfico Bread of Angels — e sem esquecer também que todas as memórias envolvidas estão eternizadas na fotografia de Robert Mapplethorpe. Este registo da canção-título é da BBC, em 1976.
 

Memórias de 2025
* SOUND + VISION Magazine / FNAC [ hoje, 20 dez.]

Renovando a tradição, a próxima sessão do Sound+Vision Magazine propõe um inventário de algumas memórias (musicais, cinematográficas) que marcaram o ano de 2025 — não necessariamente um top, antes a recordação de algumas canções e filmes, talvez menos óbvias, que deixaram memórias fortes.

>>> FNAC Chiado — 20 dezembro (17h00).

sexta-feira, dezembro 19, 2025

Alejandro González Iñárritu & Tom Cruise

Para registar na agenda: Digger tem estreia marcada para 2 de outubro de 2026. Com chancela da Warner Bros., a nova realização de Alejandro González Iñárritu mobiliza um elenco liderado por Tom Cruise, incluindo Jesse Plemons, Sandra Hüller, Riz Ahmed, Sophie Wilde, Emma D'Arcy, Robert John Burke, Burn Gorman, Michael Stuhlbarg e John Goodman; a direção fotográfica é, como sempre, de Emmanuel Lubezki — o primeiro trailer dura 50 segundos, tão sugestivos quanto intrigantes.
 

segunda-feira, dezembro 15, 2025

Frankenstein à deriva na Netflix

Oscar Isaac em Frankenstein: muitos meios, poucas ideias

Promovido e aguardado como um projecto invulgar, tanto do realizador Guillermo del Toro, como da própria Netflix, o novo Frankenstein limita-se a ser um aparatoso desastre cinematográfico — este texto foi publicado no Diário de Notícias (13 novembro).

Nestes tempos de dispersão dos espectadores por múltiplas formas de difusão dos filmes, porque é que o novo Frankenstein, da Netflix, não teve alguma difusão nas salas (nem que fossem aquelas duas ou três semanas de “montra” para preparar o lançamento em streaming)? Não era este o “projecto de toda uma vida” do seu autor, Guillermo del Toro? Não é a criatura concebida pelo Barão Victor Frankenstein uma referência lendária de mais de dois séculos de literatura e cinema? Convém, aliás, lembrar que o romance de Mary Shelley foi publicado em 1818, enquanto o Frankenstein protagonizado por Boris Karloff e realizado por James Whale, “fundador” de um género eminentemente popular, data de 1931.
A redução deste Frankenstein ao aparato dos nossos ecrãs caseiros acaba mesmo por reflectir uma contradição técnica e estética que permanece longe de qualquer solução. Por um lado, há filmes como este que, pelo seu investimento espectacular (em particular, pela monumentalidade do respetivo trabalho cenográfico), continuam a seguir uma lógica clássica de produção ligada, precisamente, às dimensões de uma também clássica sala de cinema; por outro lado, muitos desses filmes vivem “enquistados” no universo específico do streaming.
Enfim, talvez seja tempo perdido relançar tais questões, mesmo se é verdade que os seus impasses continuam a pontuar a vida (ou a morte, se nos inscrevermos no campo mais pessimista) de todo o cinema contemporâneo. Será mais simples, e também mais pertinente, ficarmos por uma observação rudimentar. A saber: o novo Frankenstein, de Guillermo del Toro, é um aparatoso desastre cinematográfico.
Impossível vislumbrar alguma relação com a tradição, seja ela a dos estúdios Universal (de que Whale foi um dos criadores emblemáticos) ou, por exemplo, a que foi gerada nas décadas de 1950/60 pelos estúdios britânicos da Hammer Film (com distinção especial para o realizador Terence Fisher). Nem sequer encontramos aqui esse radicalismo inventivo, fora de qualquer estilo, do Frankenstein de Andy Warhol em 3D (Carne para Frankenstein, realizado por Paul Morrissey em 1973).
Guillermo Del Toro terá querido repetir a lição moral do seu filme A Forma da Água (2017), apesar de tudo bem mais interessante, dispensando o próprio romance e transformando o monstro criado por Frankenstein num pobre diabo capaz de “simbolizar” a inocência perdida dos humanos. Seria, talvez, uma nota dramática curiosa, mas faltam ideias práticas para tratar uma história que exigiria algo mais do que uma acelerada câmara de filmar que nem sequer sabe rentabilizar a pompa (algo postiça, convenhamos) dos cenários.

sábado, dezembro 13, 2025

Ozu por Patti Smith

[ FOTO: Patti Smith ]

A renovada maravilha das palavras e da arte de as dizer: Patti Smith partilha alguns pensamentos em torno das memórias de Yasujiro Ozu (1903-1963) — o video foi filmado no dia 12 de dezembro, data do nascimento e da morte de Ozu.

Ozu by Patti Smith

Mu and nothingness and nothing much

Read on Substack
[ FOTO: Shigeru Tanura ]

sexta-feira, dezembro 12, 2025

Handel, aliás, Rick Beato

Será possível tocar a Water Music, de George Frideric Handel em guitarra? Eis a pergunta multifacetada (irónica e técnica, numa palavra, filosófica) de Rick Beato — é um dos seus videos mais recentes, como sempre lembrando-nos que escutar música é também abrir o espírito e dispensar as certezas definitivas.
 

quinta-feira, dezembro 11, 2025

Fatboy Slim
— de The Rockafeller Skank a Satisfaction Skank

The Rockafeller Skank é um dos temas mais conhecidos do DJ inglês Fatboy Slim, incluído em You've Come a Long Way, Baby (1998), o seu segundo álbum de estúdio. O certo é que existia também numa versão "alternativa", integrando elementos de um clássico dos Rolling Stones (I Can't Get No) Satisfaction (1965), intitulada Satisfaction Skank. Devido à não aprovação dos gestores do património dos Stones, tal versão tornou-se um evento clandestino, apenas tocado nos espectáculos de Fatboy Slim... Até que, passado um quarto de século, Satisfaction Skank recebeu a aprovação oficial — eis a nova/velha versão (com contributo visual da IA) e, em baixo, o tema original.
 


segunda-feira, dezembro 08, 2025

Mavis Staples, Opus 15

Verdadeira lenda do R&B, Mavis Staples, 86 anos, não editava um álbum desde 2019 (We Get By). Celebremos, por isso, o lançamento de Sad And Beautiful World, nº15 da sua discografia, aqui apresentado no programa de Stephen Colbert com a canção Human Mind.
 

domingo, dezembro 07, 2025

O Natal da família Wainwright

Não apenas Rufus Wainwright, mas também as irmãs Martha e Lucy, e o pai Loudon Wainwright III — The Wainwrights estiveram no programa de Jimmy Kimmel, interpretando If We Make It Through December, um clássico de Natal, da colheita de 1973, composto e interpretado por Merle Haggard and the Strangers.