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PATTI SMITH [substack] Clean up report 1 abril 2025 |
sound + vision
terça-feira, abril 01, 2025
Fleetwood Mac x 5
São cinco álbuns. A saber: Fleetwood Mac (1975), Rumours (1977), Tusk (1979), Mirage (1982) e Tango in the Night (1987). Ou seja: uma revisão da matéria que fez dos Fleetwood Mac uma banda realmente global (numa altura em que o adjectivo não estava na moda...), explorando as raízes rock através de uma sensibilidade pop suavemente esotérica. Do álbum homónimo de 1975, eis Say You Love Me.
Lady Gaga no programa de Howard Stern
Lady Gaga continua a mostrar e demonstrar que as suas canções são aptas e, num certo entido, resistentes às mais variadas formas de reinvenção. Aconteceu agora no programa radiofónico de Howard Stern, em particular através da assombrosa reconversão de Abracadabra, por assim dizer a bandeira do álbum Mayhem — de enérgica fantasia pop a uma muito íntima reflexão na companhia de piano e viola.
segunda-feira, março 31, 2025
Na Primavera do cinema
(sobre Cartas Telepáticas e Ressaca Bailada)
Quando os filmes sabem arriscar nas linguagens, é o espectador que ganha com a experiência — este texto foi publicado no Diário de Notícias (21 março).
Se é verdade que, pelo menos no cinema, todas as crises apelam à criatividade, não será menos verdade que a crise actual — com o triunfo do populismo “telenovelesco”, a dispersão dos espectadores por plataformas sem gosto cinéfilo e o esvaziamento da memória como fundamental raiz cultural — está longe de poder alimentar grandes optimismos. Em qualquer caso, para lá da mediocridade que passou a comandar o imaginário televisivo, e também da necessidade de mais e melhores ideias alternativas de difusão, convenhamos que continua a haver filmes que, mesmo com resultados desequilibrados, arriscam nas linguagens, convocando os espectadores para experiências singulares. Assim acontece com Cartas Telepáticas, de Edgar Pêra, e Ressaca Bailada, de Sebastião Varela — se quisermos atrair a candura de algum simbolismo, diremos que ambos chegaram às salas na quinta-feira, dia 20, primeiro dia de Primavera.
Cartas Telepáticas prolonga o gosto (creio que posso dizer sem exagero: a obsessão) do seu realizador pelo universo multifacetado de Fernando Pessoa — recordo o exemplo do desconcertante e envolvente Não Sou Nada – The Nothingness Club (2023), vertigem audiovisual gerada a partir dos heterónimos do poeta. Ressaca Bailada tem como base o trabalho do Expresso Transatlântico, projecto musical que reúne o realizador, Gaspar Varela e Rafael Matos, numa revisitação da herança do fado que acaba por transcender fronteiras estéticas e géneros estabelecidos (é das “coisas” mais fascinantes que tenho escutado recentemente).
A revisitação “pessoana” faz-se através de um dispositivo insólito, carregado de sugestões capazes de nos ajudarem a repensar as matérias, e também a vocação simbólica, das próprias heranças literárias. Assim, as “cartas" que o título refere pertencem a uma correspondência imaginária trocada entre Pessoa (1888-1935) e o escritor americano H. P. Lovecraft (1890-1937) — daí nasce uma textura narrativa em que dialogam a fragmentação identitária do primeiro e os monstros inventados pelo segundo. São ziguezagues pontuados por inusitadas cumplicidades, tudo encenado em imagens manipuladas através do recurso a mecanismos de Inteligência Artificial. Não é um tique “modernista”, mas uma forma de relançar uma pergunta primitiva: como transfigurar as palavras escritas em acontecimento audiovisual?
No caso de Ressaca Bailada, e para lá das muitas diferenças, estamos perante uma interrogação em parte semelhante: como dar corpo (corpo cinematográfico, entenda-se) à riqueza musical do Expresso Transatlântico? A resposta pode começar por nos remeter para uma lógica de teledisco, mas rapidamente se assume como performance eminentemente teatral. Há, por isso, qualquer coisa de irónico no subtítulo “filme concerto”. Assim, por um lado, não existe um espaço fixo e delimitado à maneira clássica de um concerto; ao mesmo tempo, por outro lado, a música nasce da ambição de gerar o seu próprio território expressivo, numa paisagem dramática em que as águas do mar são matéria simbólica essencial — no limite, a herança fadista apela ao risco da experimentação.
Dir-se-á que Cartas Telepáticas talvez pertencesse, antes de tudo o mais, a uma proposta esotérica mais adequada a um espaço museológico, enquanto Ressaca Bailada faria mais sentido como um “especial” vocacionado para o pequeno ecrã caseiro. Em boa verdade, creio que será muito bom que possam circular também por essas vias, mas importa não menosprezar o facto de ambos nascerem do desejo de um espectador que não se deixe encerrar numa visão banalmente mercantil do próprio cinema — repensar o uso e o valor dos ecrãs é, afinal, uma urgência do nosso presente.
sábado, março 29, 2025
A IMAGEM: Charly Triballeau (2025)
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CHARLY TRIBALLEAU / Time Protestos contra Elon Musk em frente a um stand de automóveis Tesla Nova Iorque, 29 março 2025 |
Lucy Dacus, Opus 4
À beira de completar 30 anos, a norte-americana Lucy Dacus acaba de lançar Forever Is a Feeling, o seu quarto álbum de estúdio, quatro anos depois de Home Video. Cantora e compositora, ela que pertence também ao trio boygenuis, permanece fiel a uma estética neo-romântica cada vez mais depurada nas suas harmonias e na precisão poética das palavras — este é o teledisco de Ankles, uma deliciosa parábola museológica (literalmente...).
Dream Requiem, Rufus Wainwright
Para descobrirmos Dream Requiem, a obra musical de Rufus Wainwright baseada num texto de Lord Byron e na Missa de Requiem da Igreja Católica — com Meryl Streep como narradora; Orquestra Filamnórnica da Radio France, conduzida por Mikko Franck.
>>> Auditório da Radio France — Paris, 14 junho 2024.
quinta-feira, março 27, 2025
Paul Thomas Anderson & Leonardo DiCaprio
One Battle After Another, o novo filme de Paul Thomas Anderson, protagonizado por Leonardo DiCaprio, só deverá chegar às salas de todo o mundo em finais de setembro. Tal não impede que o seu trailer seja um acontecimento que vale por si — com música de Jonny Greenwood!
segunda-feira, março 24, 2025
George Clooney na Broadway
Foi um dos grandes filmes de 2005, sendo também um dos momentos mais altos da carreira de George Clooney, aqui acumulando tarefas de produtor, realizador, argumentista e intérprete: Boa Noite, e Boa Sorte evoca a saga do jornalista da CBS Edward R. Murrow que, em 1953, através do seu programa na CBS, teve a coragem de denunciar as manobras do senador Joseph McCarthy e a "caça às bruxas" que, em nome de uma sinistra "depuração" ideológica, dilacerou muitos sectores da vida americana (incluindo Hollywood).
Pois bem, reactivando os ecos simbólicos de Good Night, and Good Luck, Clooney surge agora, na Broadway, com a versão teatral do seu filme. A esse propósito, deu uma entrevista a Jon Wertheim, para o programa 60 Minutes (CBS) — uma boa reportagem e também um conjunto de oportunas pistas de reflexão sobre a arte e a política, ou melhor, sobre a dimensão inevitavelmente política do trabalho de artistas e jornalistas.
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