TRUE BLUE (1986)
Real.: James Foley
Terceiro teledisco consecutivo sob a direcção de James Foley, segundo fotografado por Michael Ballhaus. Num certo sentido, é um dos mais cinéfilos de toda a carreira de Madonna. Tal como em Material Girl, a referência ao espaço dos grandes estúdios é directa e festiva. Desta vez, porém, não se trata de citar nenhuma referência concreta, antes de criar uma coreografia sob o signo da cor azul — com três companhias femininas, incluindo Debi Mazar, que também participara no anterior Papa Don't Preach — que evoca a tradição dos musicais dos anos 50 e, mais do que isso, a iconografia popular da época: do carro (um Ford Thunderbird, de 1956, com matrícula 'Tru Blu'), ao balcão do diner (incluindo um grande relógio de vidro), tudo remete para um visual típico dos primórdios do rock'n'roll. Acentuando o tom lúdico das citações, começa e acaba com um grande plano de Madonna, sorrindo e piscando o olho para a câmara.
segunda-feira, novembro 30, 2009
Madonna em 47 telediscos (10)
Gilles Carle (1929 - 2009)
Nascido em Maniwaki, Québec, a 31 de Julho de 1929, Gilles Carles foi um nome de referência do moderno cinema canadiano — faleceu a 28 de Novembro, na sequência de um ataque cardíaco e depois de vários anos de crescente dependência da doença de Parkinson. A sua obra oscila do documentarismo à ficção romanesca. La Vraie Nature de Bernadette (1972), uma crónica social com uma dimensão de fábula política, foi o título que o projecto internacionalmente. Entre os seus filmes mais conhecidos incluem-se La Tête de Normande St-Onge (1975) e Les Plouffe (1981). Obteve várias distinções em certames internacionais, incluindo uma Palma de Ouro (curtas-metragens) para 50 Ans, no Festival de Cannes de 1989.
>>> Obituário no Yahoo!/Canadá.
Para tirar dúvidas
Late Of The Pier de regresso
História de violência
América profunda (em concreto o Arkansas rural), algures no nosso tempo. Com o ritmo lento, mais feita de olhares, gestos e factos que de grandes diálogos, esta é a história assombrada de uma relação de ódio entre irmãos. Na verdade, filhos do mesmo pai, três de um primeiro casamento destruído, a mãe, depois de separada, neles tendo depositado as sementes do ressentimento. Sementes que germinaram na forma de um ódio que cresceu nos três rapazes (que nem sequer nome tiveram) que, entretanto, se fizeram homens. Do outro lado, a segunda família, nascida da transformação do pai, de alcoólico num devoto.
A tensão latente estala no funeral do pai de todos eles depois das palavras nada diplomáticas lançadas por Son (magistralmente interpretado por Michael Shannon, o mais velho dos filhos do primeiro casamento)… O confronto ganha expressão física. Primeiro usando uma cobra para matar o cão de estimação de um dos outros irmãos. Depois, agressão atrás de agressão, numa progressão de violência que chega a colher vidas. Lançando uma questão que parece não ter resposta: até quando? Os protagonistas são incapazes de a enfrentar pelo prisma da razão, vivendo sob um clima de terror fratricida que mais não ecoa senão a memória de outras sagas trágicas, algo semelhantes, que nos chegam desde tempos bíblicos.
The Wall, 30 anos depois (1)
The Wall é um álbum duplo, de alma conceptual, reflectindo sobre o isolamento, tomando como personagem central uma figura de ficção, Pink, criada sob traços próximos da história da vida de Roger Waters, em certos instantes cruzando-se ainda pela sua caracterização alguns traços de Syd Barrett, fundador e primeiro timoneiro dos destinos dos Pink Floyd.
Ao longo desta semana evoca-se aqui o álbum The Wall e os universos ao ser redor, dos Pink Floyd. As imagens são do teledisco de Another Brick In The Wall (part 2), single também editado há precisamente 30 anos.
Histórias de Berlim (20)
Uma orquestra de grandes dimensões entrava em cena juntando não apenas músicos das (até então) duas Alemanhas, mas também dos países aliados que a tinham combatido na guerra, a música de Beethoven escolhida para esbater então as diferenças entre os vencedores e vencidos, abrindo caminho a uma nova Europa. Ali se juntaram então, além das vozes solistas (June Anderson, Sarah Walker, Klaus König e Jan-Hendrick Rootering) e dos coros (três no total, provenientes da RDA e RFA), músicos da Orquestra Sinfónica da Rádio da Baviera, da Staatskapelle Dresden, da Orquestra do Teatro Kirov (da então URSS), London Symphony Orchestra (Reino Unido), New York Philarmonic (EUA) e Orquestra de Paris (França).
Foi um concerto em duas noites. Uma primeira, a 23 de Dezembro, na igreja Kaiser Wilhelm (na Berlim Ocidental). A segunda, a 25 de Dezembro, no Schauspielhaus, em Berlim Leste. Esta segunda noite foi gravada e editada em disco, pela Deutsche Grammophon, em inícios de 1990.
domingo, novembro 29, 2009
Trio Florestan: entre Haydn e Beethoven
"Lua Nova" ou a cultura dos números
No dia em que escrevo este apontamento, começam a circular por todo o planeta manchetes sobre os milhões acumulados pelo filme Lua Nova no fim de semana de estreia no mercado americano. O filme é um desastre, mas poderia ser uma obra-prima que o sentido destas considerações seria o mesmo. Porquê? Porque, uma vez mais, importa demarcarmo-nos desta histeria jornalística (?) que reduz o cinema a uma mera agitação de números, de preferência dólares, e com muitos zeros à direita.
Permitam-me que esclareça: o cinema americano parece-me continuar a ser um dos mais fascinantes espaços criativos da expressão audiovisual contemporânea. Apesar disso (aliás, justamente por causa disso), importa não reduzir uma tão vasta paisagem artística aos valores decorrentes do marketing. Em boa verdade, se fossem os técnicos de marketing a fazer a maior parte das notícias sobre a actividade cinematográfica, o panorama não seria fundamentalmente diferente. Daí a minha convicção: eles gostam de olhar para os cifrões, mas não têm qualquer amor pelos filmes.
Paul Auster: "cadavres exquis"
De facto, a história da amizade de Adam Walker, estudante da Columbia University, e Rudolf Born, um francês sedutor e enigmático, tem qualquer coisa desse exercício lúdico em que é gerada uma representação visual (ou uma narrativa) a partir de fragmentos desenhados (ou escritos) por um colectivo de participantes em que cada um apenas conhece uma pequena parte da produção do participante anterior. Invisible apresenta-se, assim, como um continuum de memórias — de 1967 até quatro décadas mais tarde — que explicitam, tanto quanto baralham, as evidências maiores da paixão, do crime e da redenção moral. É, à sua maneira, um livro visceralmente cinematográfico, no sentido em que nele se discutem as tentações do visível e o devastador poder do invisível. Caminhando, claro, ou não se chamasse o protagonista walker.
A caixa (de Joly Braga Santos)
O conjunto de gravações permite acompanhar a evolução da obra de Braga Santos, as primeiras obras reflectindo uma relação próxima com a música de Freitas Branco (de quem foi discípulo), reflectindo-se depois dos anos 50 uma atenção para com as novas tendências modernistas (a 5ª Sinfonia, de 1965-66 reflecte, por exemplo, um interesse pelos marimbeiros de Moçambique), que abordou sem contudo perder uma ligação a uma identidade que talhou desde muito cedo. Aos seis discos a nova caixa junta um folheto que arruma cronologicamente as 11 obras orquestrais que o conjunto acrescenta às seis sinfonias, permitindo assim ao ouvinte uma audição cronologicamente ordenada destas obras, entre as quais figuram algumas peças de absoluta referência na história da música portuguesa.
Joly Braga Santos foi o maior sinfonista que a música portuguesa alguma vez conheceu. Nascido em Lisboa em 1924, estudou violino e composição, tendo como mestre a figura de Luís Freitas Branco (1890-1955), o responsável pela reintrodução da sinfonia na música portuguesa em inícios do século XX. A sua música começou por reflectir a presença próxima do que descobriu com Freitas Branco, demonstrando cedo um interesse partilhado pelas diversas formas de expressão das tradições populares portuguesas. Compôs a sua primeira sinfonia com apenas 22 anos, até aos 27 compondo outras três. As duas últimas surgem mais tarde, reflectindo já sinais de outros tempos, nomeadamente um interesse pela exploração de ideias modernistas. Como explica Álvaro Cassuto no booklet que acompanha esta nova edição, “como o seu mestre, Braga Santos tinha um talento inato para a grandiosidade na música, razão porque dedicou uma parte importante da sua criatividade à sinfonia”. Contudo, e como o maestro frisa logo depois, “a sua produção é tão vasta quanto diversificada, abrangendo desde a ópera e a música coral sinfónica até à música de câmara”. Ao trabalho como compositor juntou a escrita, o ensino e a direcção de orquestras.
Uma tarde com Mendelssohn
Joana Carneiro (que assinalava também naquela tarde o lançamento de um CD, com música de Tchaikovski, de que aqui falaremos brevemente) foi impressionante presença frente a uma magnífica Orquestra Gulbenkian. Da capacidade em caminhar entre os climas variados da abertura Sonho de Uma Noite de Verão à incrível sugestão de maresia na abertura As Hébridas: A Gruta de Fingal, terminando com viço e luminosidade (italiana, de facto) nos primeiro e quarto andamentos da Sinfonia Nº 4, uma casa cheia quase viajou sem sair do lugar. Pelo simples poder da música.
Histórias de Berlim (19)
Como numa carta de intenções
'Paperback Writer' (single), 1966
Se Rubber Soul havia lançado novos caminhos, Revolver aprofundaria mais ainda a descoberta de outros horizontes para a música dos Beatles. E antes mesmo de editado o álbum, claros sinais de um processo em evolução chega em Maio de 1966 na forma de um single que apresentou dois inéditos gravados durante as mesmas sessões do álbum que seria lançado pouco depois. No lado A surge Paperback Writer, mais um exemplo de uma escrita que procura histórias além das clássicas narrativas boy meets girl. Possivelmente inspirada por um artigo que McCartney tinha lido no Daily Mail, a canção apresenta-se como se tratasse de uma carta de um aspirante a escritor a um editor. No lado B, não menos interessante, surge Rain, uma canção cuja relativa complexidade de formas indicia ideias exploradas em vários instantes de Revolver. A canção, inspirada sobre a forma como as pessoas sistematicamente se queixam do estado do tempo (e em concreto em conversas sobre chuva por alturas de uma viagem à Austrália), apresenta como uma das principais inovações a presença de vozes rebobinadas (em concreto, a de John Lennon). O single apresenta, no todo, um volume de som mais alto que o habitual, devendo-se o facto a novos equipamentos entretanto adquiridos. Atingiu o número um numa série de territórios, entre os quais o Reino Unido e EUA.
É por esta altura que os Beatles começam a rodar filmes promocionais para algumas das suas canções. Estas são as imagens que então acompanharam a promoção de Rain.
sábado, novembro 28, 2009
Uma noite com a RTP2
A noite de hoje [27 de Novembro], na RTP2, é um luxo. Assim, podemos começar com mais um episódio de Mad Men, série que nos mostra, serenamente, que o principal aparelho político das sociedades modernas se chama... publicidade. Por volta da meia-noite e meia, será possível ver uma fascinante aventura de ficção científica: THX 1138, primeira longa-metragem de George Lucas, produzida em 1971, quando o seu autor ainda era uma rapaz simples. Enfim, por volta das duas da madrugada, uma preciosidade absoluta: um concerto dos Nirvana, gravado em 1992, no Festival de Reading.
O panorama é revelador do contexto televisivo em que definhamos. De facto, será preciso uma enorme hipocrisia argumentativa para sustentar que estes três programas convocam referências indecifráveis pelo comum dos cidadãos ou pertencem a zonas mais ou menos esotéricas de consumo. Nada disso: são mesmo casos modelares de uma cultura visceralmente popular que, no nosso radioso Portugal, foram empurrados para zonas de consumo mais ou menos “especializado”. Mérito da RTP2, sem dúvida. Mas também sintoma muito cru da degradação geral dos padrões televisivos.
Ultimamente, essa degradação faz-se através da boa consciência dos debates. Boa consciência, insisto. Muitos profissionais e decisores das nossas televisões resistem, heroicamente, a qualquer sentimento de culpa através da multiplicação dos espaços de “discussão”. E quando falo em multiplicação, a palavra apenas peca por defeito. Na verdade, será preciso que alguém nos explique em que é que horas e horas de “análise” do penalty que foi e do “penalty” que não foi contribuem para uma salutar relação com esse desporto fascinante que dá pelo nome de futebol. Será preciso também que possamos compreender como é que horas e horas de especulação sobre os palavrões que José Sócrates disse ou não disse favorecem a energia democrática da nossa sociedade. Apetece aplicar a pedagogia do saudoso Diácono Remédios e dizer: “qualquer dia”... discute-se se o primeiro-ministro pensou em aplicar alguma asneira começada por “f”, ou se terá ficado pelas letras antes do “f”. Herman José faz-me falta, reconheço. Coisas de intelectual, não liguem.
O2 Arena: o silêncio do ténis
Ou como o desporto nos pode fazer reencontrar um certo espírito de comunhão — este texto, para esta imagem, foi publicado no Diário de Notícias (27 de Novembro), com o título 'Os sons do silêncio'.
Com os seus 23 mil lugares, a O2 Arena, na zona de North Greenwich, em Londres, apresenta-se como um verdadeiro prodígio arquitectónico. Pelas imagens, entenda-se (nunca lá estive). Inaugurada em 2007, surpreende não apenas pelo gigantismo, mas também pela versatilidade, podendo albergar os mais diversos desportos (basquetebol, ginástica, hóquei, etc.) e espectáculos que vão desde o Disney on Ice até à ante-estreia de filmes como Os Simpsons ou Die Hard 4 (era para lá também que estavam agendados os concertos da série This Is It, de Michael Jackson). Actualmente, até ao próximo domingo [dia 29], a O2 serve de palco ao tradicional ATP World Tour Finals, uma espécie de “torneio dos torneios” que consagra, anualmente, os melhores do ténis.
Esta fotografia possui um fascínio muito especial. Dir-se-ia que podemos ouvir o bater da bola na superfície sintética, de tal modo deparamos com um cenário de expectativa e recolhimento. Como diz a canção, escutamos os sons do silêncio e compreendemos que, apesar dos exageros “festivos” que as televisões (e o marketing) tantas vezes impõem a todos os tipos de campeonatos, ainda podemos partilhar momentos de genuína comunhão desportiva. Porque uma coisa é certa: um silêncio individual pode estar carregado dos mais variados enigmas, mas um silêncio de 23 mil pessoas é algo que se “ouve” muito bem.
Die Krupps, 1989
Joana Carneiro hoje na Gulbenkian
O concerto de hoje assinala ainda o lançamento do primeiro disco da maestrina, à frente da Orquestra Gulbenkian. Com edição da Clean Feed. O disco junta uma série de obras de Tchaikovsky, nomeadamente as suites dos bailados O Lago dos Cisnes e O Quebra-Nozes e ainda a abertura de Romeu e Julieta.
À volta de 'Rubber Soul'
'Nowhere Man' (EP), 1966
Com a chegada do Verão de 1966, um novo EP entra em cena no mercado britânico, este trazendo um alinhamento todo ele retirado de canções de Rubber Soul. Nowhere Man, uma das primeiras canções dos Beatles a seguir caminhos distintos da mais clássica canção de amor (e que reflecte de resto uma clara manifestação de uma escrita mais pessoal de John Lennon), tem deu título ao EP onde, além desta canção surgiam ainda Drive My Car, Michelle e You Wont’ See Me. O disco atingiu o número 4 no Reino Unido.
Histórias de Berlim (18)
Criada em 1902, e depois extensivamente danificada durante a II Guerra Mundial, a rede de U-Bahn conheceu a mais drástica das intervenções durante a separação da cidade em duas, com uma série de linhas desviadas ou reduzidas para respeitar a separação imposta pelo muro.
A rede de U-Bahn conhece importante complemento numa outra rede de comboios rápidos que se cruzam em certas estações com os das demais nove linhas, e facilitam mais ainda os transportes na cidade. Criada em 1924, a rede de S-Bahn acrescenta mais 15 linhas a este sistema.
A IMAGEM: Alberto Korda, 1960
* Exposição 'Korda Conhecido Desconhecido'
— Galeria Torreão Nascente (2 Dez. a 31 Jan.)
sexta-feira, novembro 27, 2009
O capitalismo perverso de Michael Moore
Os dois suíços
O Natal, segundo Lindstrom
Neutral Milk Hotel (11 anos depois)
Imagens dos Neutral Milk Hotel em palco, na Knitting Factory (Nova Iorque), em 1998, ao som de Two Headed Boy.
Riechmann, 1978
Wunderbar era assim um disco quase esquecido desde então. Um pequeno manifesto de intenções que alia a uma base estrutural minimalista uma agenda melodista contida, mas que por vezes quase ensaia os caminhos da canção. É um disco pessoal, focado num conjunto de ideias concretas sobre som e composição e, como a presente reedição (em CD e vinil, pela Bureau B) permite constatar, uma peça a ter em conta na história da geração que encetou um relacionamento entre as electrónicas e a música popular.
Histórias de Berlim (17)
quinta-feira, novembro 26, 2009
"Bohemian Rhapsody" pelos Marretas
Para actualizar memórias, recordamos o original dos Queen — Bohemian Rhapsody foi lançado em single a 31 de Outubro de 1975; integrava o álbum A Night at the Opera, que chegou às lojas três semanas mais tarde, a 21 de Novembro.
"Harry Potter": quando o marketing mente
O estilo é, infelizmente, conhecido: a crítica é tratada como um rebanho — quase nunca se sublinham as infinitas diferenças entre os críticos — e reduzida a um adjectivo (podem escrever-se milhares e milhares de caracteres, mas um adjectivo fora de contexto dá sempre jeito...). Acontece que este marketing mente, menosprezando a credibilidade dos outros e desbaratando a sua própria credibilidade.
Assim, parece evidente que os autores do referido anúncio não leram o artigo de Cosmo Landesman, em The Sunday Times. Depois de referir a sua "antipatia" em relação a este filme, o crítico justifica-a através destas palavras eloquentes: "É por causa do cansaço com a abundância de efeitos de uma franchise que pouco tem a ver com cinema e muito com a promoção de marcas."
Discos da semana, 23 de Novembro
Tom Waits
“Glitter and Doom Live”
Anti / Edel
5 / 5
Para ouvir: MySpace
Micro Audio Waves + Rui Horta
“Zoetrope”
Ed. Autor
4/5
Para ouvir: MySpace
R.E.M.
“39 Songs – Live At The Olympia Theatre”
Warner
4 / 5
Para saber mais: site oficial
Chris Garneau
“El Radio”
Absolutley Kosher
3 / 5
Para ouvir: MySpace
Amanda Blank
“I Love You”
Downtown / Popstock
2 / 5
Para ouvir: MySpace
Também esta semana:
Francisco Ribeiro, Miles Davis (caixa), Britney Spears (best of), Lady GaGa (repackage com novo EP), Landscape (reedições)
Brevemente:
30 de Novembro: Tricky, Pixies (caixa), Spiritualized (reedição),Sparks (ed especial vinil), Manu Chao, Blakroc, Rolling Stones (reedição), Atlantic Records (antologia), Foo Fighters, The Cinematics, Morrissey (caixa)
7 de Dezembro: Três Cantos, Echo & the Bunnymen (live), Paul McCartney (CD + DVD), Timbaland, Cluster (reedição), Roxy Music (live), The Beatles (USB)
14 de Dezembro: Animal Collective (EP), Pet Shop Boys (EP), Sonic Youth
Dezembro: Rolling Stones (reedição), Joni Mitchell (reedições), Cluster, Judy Garland (live)
Janeiro 2010: Vampire Weekend, Final Fantasy, Magnetic Fields, William Orbit, Laura Veirs, Lindstrom + Christabelle
PS. O texto sobre os R.E.M. é uma versão editada de uma crítica publicada na revista NS a 21 de Novembro.
"Lua Nova": apenas o marketing
"New Moon", fenómeno universal? Sem dúvida, mas apenas do marketing. O cinema surge meramente instrumentalizado e destruiu-se a energia do primeiro filme da saga — este texto foi publicado no Diário de Notícias (25 de Novembro), com o título 'Os vampiros do marketing'.
O cinema contemporâneo está a ser sugado pelo marketing: o exército do marketing impôs os seus valores de eficácia e lucro, secundarizando o cinema e a cinefilia (o amor do cinema, recorde-se). Um sintoma claro da ideologia do marketing é a alteração da própria nomenclatura do cinema: já não há “filmes”; passaram a chamar-se “produtos”. Lua Nova é apenas uma expressão grosseira dessa ideologia.
E atenção: não se trata de proclamar que se perdeu a “pureza” do cinema. Não somos ingénuos. Quando David O. Selznick produzia E Tudo o Vento Levou (1939) [cartaz], não estava propriamente à espera que o seu filme fosse uma curiosidade estética para meia dúzia de eleitos (continua, aliás, a ser o filme mais rentável de toda a história do cinema). Ou quando Alfred Hitchcock filmava Psico (1960), ele era o primeiro a saber que os seus perversos mecanismos de suspense iam arrastar multidões. Além do mais, sem ofensa, não creio que Steven Spielberg tenha feito E.T. (1982) por razões caritativas...
Acontece que, face a essas maravilhas (e muitas outras) geradas pela máquina industrial de Hollywood, Lua Nova faz figura de mediocridade fabricada por deslumbrados amadores. Já há algum tempo que não se ouviam diálogos tão banalmente “líricos”, ombreando com os disparates quotidianos das telenovelas. E se é verdade que o cinema americano ocupa a linha da frente da evolução técnica, nomeadamente nos efeitos especiais, as transformações dos lobisomens conseguem a proeza dúbia de imitar uma produção de série B sem dinheiro nem imaginação. Isto para não falarmos das redundâncias do argumento que se desenvolve à velocidade de uma tartaruga alucinada pela inclemência do sol.
O mais triste é que o primeiro título da saga, Crepúsculo (2008), de Catherine Hardwicke, era um belo exercício sobre aquilo que poderia ser um novo romantismo juvenil. Agora, o marketing despediu-a.
quarta-feira, novembro 25, 2009
Charis Wilson (1914 - 2009)
Celebrada em muitos retratos assinados por Edward Weston (1886-1958), incluindo alguns dos mais célebres nus dos anos 30/40, Charis Wilson morreu em Santa Cruz, Califórnia, contava 95 anos. Conheceram-se em 1934, tinha ela 19 anos, vindo a casar-se em 1939. Até ao seu divórcio (em 1945), o par viveu uma aventura em que se cruzavam a utopia romântica e a pesquisa fotográfica, neste aspecto contribuindo de forma decisiva para a consolidação de Weston como um dos grandes mestres clássicos da fotografia americana — Charis acompanhou-a em várias expedições no Oeste dos EUA, eternizadas em algumas das suas mais célebres paisagens. Em 1999, Charis publicou o livro de memórias Through Another Lens: My Years with Edward Weston (com Wendy Madar). Mais recentemente, deu um depoimento para o documentário Eloquent Nude: The Love and Legacy of Edward Weston & Charis Wilson (2007), de Ian McCluskey.
>>> Obituário em The New York Times.
>>> Site oficial da família de Edward Weston.