Com Capitalismo: Uma História de Amor, Michael Moore volta a fazer um filme que integra a retórica da mais rotineira reportagem televisiva — sair à rua e... "explicar" o sentido ao mundo —, desviando-a de forma calculadamente perversa. Dito de outro modo: este é um documentário que não se esconde em nenhuma "objectividade", antes se afirma como uma indagação muito subjectiva (mas, afinal, também muito universal) sobre os prós e contras da crise económica que começou nos EUA e contaminou todo o planeta. Com uma componente geracional que importa sublinhar: Moore pertence a uma faixa etária que, crescendo sob o efeito da sociedade de consumo, ainda acreditou na transparência (económica e moral) de um progresso eterno e imaculado...
Exemplo feliz da sua estratégia é este cartaz do filme, ironizando as memórias da iconografia comunista, quer soviética [três exemplos em baixo], quer maoísta. Em resumo: um filme que, mesmo podendo suscitar a nossa discordância, tem o mérito de pegar o real "de caras", questionando as suas convulsões e contradições.