Ou como o desporto nos pode fazer reencontrar um certo espírito de comunhão — este texto, para esta imagem, foi publicado no Diário de Notícias (27 de Novembro), com o título 'Os sons do silêncio'.
Com os seus 23 mil lugares, a O2 Arena, na zona de North Greenwich, em Londres, apresenta-se como um verdadeiro prodígio arquitectónico. Pelas imagens, entenda-se (nunca lá estive). Inaugurada em 2007, surpreende não apenas pelo gigantismo, mas também pela versatilidade, podendo albergar os mais diversos desportos (basquetebol, ginástica, hóquei, etc.) e espectáculos que vão desde o Disney on Ice até à ante-estreia de filmes como Os Simpsons ou Die Hard 4 (era para lá também que estavam agendados os concertos da série This Is It, de Michael Jackson). Actualmente, até ao próximo domingo [dia 29], a O2 serve de palco ao tradicional ATP World Tour Finals, uma espécie de “torneio dos torneios” que consagra, anualmente, os melhores do ténis.
Esta fotografia possui um fascínio muito especial. Dir-se-ia que podemos ouvir o bater da bola na superfície sintética, de tal modo deparamos com um cenário de expectativa e recolhimento. Como diz a canção, escutamos os sons do silêncio e compreendemos que, apesar dos exageros “festivos” que as televisões (e o marketing) tantas vezes impõem a todos os tipos de campeonatos, ainda podemos partilhar momentos de genuína comunhão desportiva. Porque uma coisa é certa: um silêncio individual pode estar carregado dos mais variados enigmas, mas um silêncio de 23 mil pessoas é algo que se “ouve” muito bem.