Antes de se dedicar à gravação da integral sinfónica de Luis Freitas Branco, o maestro Álvaro Cassuto dirigiu, também para a Naxos, uma série de gravações que, num total de seis discos, reuniram não apenas as seis sinfonias de Joly Braga Santos (1924-1988), mas também outras importantes das suas obras orquestrais. As gravações, entre 1997 e 2003 (com a Orquestra Sinfónica Portuguesa, a Bornemouth Symphony Orchestra, a National Symphony Orchestra Of Ireland e a Orquestra do Algarve), foram editadas em seis discos (pela Naxos), agora reunidos numa caixa que se apresenta com o título Integral das Sinfonias.
O conjunto de gravações permite acompanhar a evolução da obra de Braga Santos, as primeiras obras reflectindo uma relação próxima com a música de Freitas Branco (de quem foi discípulo), reflectindo-se depois dos anos 50 uma atenção para com as novas tendências modernistas (a 5ª Sinfonia, de 1965-66 reflecte, por exemplo, um interesse pelos marimbeiros de Moçambique), que abordou sem contudo perder uma ligação a uma identidade que talhou desde muito cedo. Aos seis discos a nova caixa junta um folheto que arruma cronologicamente as 11 obras orquestrais que o conjunto acrescenta às seis sinfonias, permitindo assim ao ouvinte uma audição cronologicamente ordenada destas obras, entre as quais figuram algumas peças de absoluta referência na história da música portuguesa.
Joly Braga Santos foi o maior sinfonista que a música portuguesa alguma vez conheceu. Nascido em Lisboa em 1924, estudou violino e composição, tendo como mestre a figura de Luís Freitas Branco (1890-1955), o responsável pela reintrodução da sinfonia na música portuguesa em inícios do século XX. A sua música começou por reflectir a presença próxima do que descobriu com Freitas Branco, demonstrando cedo um interesse partilhado pelas diversas formas de expressão das tradições populares portuguesas. Compôs a sua primeira sinfonia com apenas 22 anos, até aos 27 compondo outras três. As duas últimas surgem mais tarde, reflectindo já sinais de outros tempos, nomeadamente um interesse pela exploração de ideias modernistas. Como explica Álvaro Cassuto no booklet que acompanha esta nova edição, “como o seu mestre, Braga Santos tinha um talento inato para a grandiosidade na música, razão porque dedicou uma parte importante da sua criatividade à sinfonia”. Contudo, e como o maestro frisa logo depois, “a sua produção é tão vasta quanto diversificada, abrangendo desde a ópera e a música coral sinfónica até à música de câmara”. Ao trabalho como compositor juntou a escrita, o ensino e a direcção de orquestras.