Algures, num canal de televisão, passa um anúncio à edição em DVD de Harry Potter e o Príncipe Misterioso. São breves segundos, mas retenho que nele se proclama que o filme foi celebrado pela "unanimidade" da crítica. Surge apenas uma citação, um mero adjectivo que não fixei ("sensacional"?, "fabulo-so"?) e a assinatura de um nome inglês, que também me escapou...
O estilo é, infelizmente, conhecido: a crítica é tratada como um rebanho — quase nunca se sublinham as infinitas diferenças entre os críticos — e reduzida a um adjectivo (podem escrever-se milhares e milhares de caracteres, mas um adjectivo fora de contexto dá sempre jeito...). Acontece que este marketing mente, menosprezando a credibilidade dos outros e desbaratando a sua própria credibilidade.
Assim, parece evidente que os autores do referido anúncio não leram o artigo de Cosmo Landesman, em The Sunday Times. Depois de referir a sua "antipatia" em relação a este filme, o crítico justifica-a através destas palavras eloquentes: "É por causa do cansaço com a abundância de efeitos de uma franchise que pouco tem a ver com cinema e muito com a promoção de marcas."
O estilo é, infelizmente, conhecido: a crítica é tratada como um rebanho — quase nunca se sublinham as infinitas diferenças entre os críticos — e reduzida a um adjectivo (podem escrever-se milhares e milhares de caracteres, mas um adjectivo fora de contexto dá sempre jeito...). Acontece que este marketing mente, menosprezando a credibilidade dos outros e desbaratando a sua própria credibilidade.
Assim, parece evidente que os autores do referido anúncio não leram o artigo de Cosmo Landesman, em The Sunday Times. Depois de referir a sua "antipatia" em relação a este filme, o crítico justifica-a através destas palavras eloquentes: "É por causa do cansaço com a abundância de efeitos de uma franchise que pouco tem a ver com cinema e muito com a promoção de marcas."
Aliás, não ficaria mal aos responsáveis por este tipo de intervenções públicas lerem as críticas unânimes — no seu tom negativo, entenda-se — de Joe Morgenstern (The Wall Street Journal), Anthony Quinn (The Independent), Peter Bradshaw (The Guardian) ou Anthony Lane (The New Yorker). Certamente discutíveis, como qualquer intervenção crítica, acontece que foram publicadas por títulos de referência da imprensa dos dois lados do Atlântico. Se tiverem tempo e paciência, poderão até consultar o que está publicado neste mesmo blog.