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Já se passaram quase oito anos desde o lançamento do primeiro título cinematográfico da saga “Harry Potter” (foi em Novembro de 2001). Entretanto, consta que alguns efeitos especiais do novo Harry Potter e o Príncipe Misterioso foram aplicados a “rejuvenescer” os seus actores principais (parecendo que não, Daniel Radcliffe, à beira de completar 20 anos, rodou o primeiro filme ainda com 11 anos). Não se trata, entenda-se, de censurar os processos de manipulação figurativa. Podemos mesmo perguntar: por que não? Afinal de contas, não vivemos no planeta de Michael Jackson em que o corpo-espectáculo existe como um objecto de permanentes e inusitadas transfigurações?
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De facto, dir-se-ia que já ninguém se preocupa em fazer valer dois valores fundamentais da aventura: em primeiro lugar, a aplicação dos imensos e sofisticados recursos técnicos, não para serem exibidos como um fim em si mesmo, mas para servir o espectáculo; depois, a elaboração narrativa e a tensão dramática que é suposto a aventura conter. Aliás, em relação a este aspecto, a sinopse das longuíssimas duas horas e meia de Harry Potter e o Príncipe Misterioso poderia ser qualquer coisa como: não acontece nada até que, a poucos minutos do fim, há uma personagem que diz “o príncipe sou eu”. Pof!