segunda-feira, maio 31, 2010
A caminho do Verão...
E depois de 'Little Britain'...
Em conversa: John Grant (1)
Durante anos gravou com os The Czars, mas muitos dos discos passaram a leste das atenções. Sentia-se frustrado com a falta de reconhecimento?
Sim foi frustrante. E levou-me a querer desistir da música, e a pensar que a banda era um fracasso por minha culpa , porque não era suficientemente bom... Pensei que deveria fazer outras coisa. Regressar aos restaurantes, a servir à mesa... Voltei às aulas, para retomar estudos que havia deixado inacabados... Mudei-me para Nova Iorque por algum tempo... Mas na realidade a música é algo que acabamos nunca pode poder deixar totalmente. Continua a remover algo dentro da cabeça.
Essa falta auto-estima tem alguma relação com a educação que teve?
Parte dessa falta de auto-estima pode ter a ver com a forma como fui educado. Fui desenvolvendo esta idea que, se temos um certo orgulho em nós mesmos e naquilo que fazemos isso era, na verdade, uma expressão de vaidade. Ou seja, uma coisa má! E por isso nunca aprendi o que era ter auto-confiança. E auto-confiança não é o mesmo que arrogância. Mas não sabia ver as diferenças. E se sentia que algo era bom, então qualquer coisa má ia acontecer depois. Levei muito tempo a aprender a lidar com isso.
O presente reconhecimento de Queen of Denmark (que por exemplo somou cinco em cinco na revista Mojo) sugere, finalmente, uma ideia de realização?
Completamente. De certa maneira, havia algo em mim que me fazia saber que seria capaz de fazer este disco. Mas a verdade é que levei muito tempo a lá chegar. Custou-me encontrar o caminho... Era muito doloroso ser honesto sobre o que estava a passar. Estava a lutar com uma depressão há 20 anos. E há minha volta havia sempre gente a dizer que havia pessoas a passar por bem pior que eu... Mandava-os dar uma volta! Tentava ultrapassar, mas não era fácil. Porque as coisas pelas quais estava a passar eram mesmo reais. O reconhecimento deixa-me feliz. Quando estava a fazer o disco sentia que, finalmente, estava a fazer o álbum que queria fazer. Quando acabei o disco estava orgulhoso. E foi a primeira vez que disse a mim mesmo que, independentemente do que as pessoas dissesssem, eu sabia que tinha feito o que queria fazer. E ao ter esta atenção faz-me sentir muito bem. É bom!
Novas edições:
Brendan Perry, Ark
“Ark”
Cooking Vinyl / Edel
3 / 5
Depois da primeira separação dos Dead Can Dance, Brendan Perry editou um primeiro álbum a solo. Agora, onze anos depois, e com um reencontro pelo meio com Lisa Gerrard (numa digressão mundial da qual resultaram gravações ao vivo com o grupo que o revelara nos oitentas), eis que edita finalmente um segundo álbum em seu nome. Neste período Brendan Perry pode não ter conhecido a agenda editorial nem a exposição que a sua velha parceira nos Dead Can Dance mereceu, mas na verdade nunca deixou de trabalhar com música, tendo concentrado parte do seu tempo na exploração dos ritmos, chegando mesmo a organizar vários workshops sobre tradições africanas e afroc-cubanas. Ark, o disco que o devolve à agenda dos novos lançamentos salta contudo sobre esta etapa recente na sua vida profissional, foge aos caminhos ensaiados em Eye Of The Hunter (o disco a solo, de 1999) e reencontra a identidade que ajudou a talhar nos Dead Can Dance. A voz, que desde logo serve uma ponte directa com memórias do velho grupo, não é contudo a única ligação evidente com o que toma como herança, propondo um alinhamento de canções feitas de uma melancolia cuidadosamente encenada para teclas ambientais e cordas, no departamento da arquitectura dos ritmos encontrando contudo mais afinidades com a escola trip hop que com a multidão de referências que explorara quer nos Dead Can Dance quer nos seus workshops. Ark está longe do que em tempos escutámos em Spleen and Ideal (1986), The Serpent’s Egg (1988) ou Aion (1990), mas ao menos não tropeça nas rasteiras new age em que entretanto mergulhou a obra da sua antiga parceira.
Pelo Ermitage: Matisse
domingo, maio 30, 2010
Dennis Hopper (1936 - 2010)
Easy Rider (1969), na dupla qualidade de actor e realizador, é o título que condensa a sua herança. Escrito por Hopper e Peter Fonda, também protagonista, o filme relançou um espírito on the road, ao mesmo tempo resumindo o estado de espírito de uma América que já não conseguia acreditar nos seus heróis clássicos. Os melhores e mais emblemáticos papéis de Hopper seriam, alíás, de personagens instáveis, mais ou menos erráticas, por assim dizer ameaçadas pelo carácter paradoxal da sua própria energia — lembremos O Amigo Americano (1977), de Wim Wenders, Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola, e Blue Velvet (1986), de David Lynch. A sua condição de actor "difícil", nem sempre muito estimado pelos estúdios de Hollywood, levou-o a outros domínios de expressão, em particular a fotografia que praticou, com talento, desde meados dos anos 60. Out of the Blue (1980), retrato dramático de uma jovem perdida na sua teia familiar, será o melhor de Hopper enquanto realizador. A série televisiva Crash (2008-09) foi um dos seus derradeiros trabalhos como actor.
A celebração do ritmo
A escolha das obras, convenhamos, faz todo o sentido no quadro da orquestra e maestro em questão. Celebração de vida com a Primavera por cenário e mesmo objecto, a obra de Igor Stravinsky (1882-1971) é hoje reconhecida uma das peças fundamentais da música do século XX e foi logo à altura da estreia sentida como a expressão de algo novo. Dudamel, que recorda experiências pessoais com esta obra de Stravinsky – seja num vídeo antigo de Bernstein ou num trabalho marcante com Simon Rattle, há já alguns anos, era ainda violinista e maestro assistente – reconhece que a noção de “nova era” que esta música revelou em 1913 é algo importante para os mais jovens (músicos ou espectadores). Na entrevista que acompanha o booklet, curiosamente, ressalva o facto de aqui se estar a viver sensações de Primavera através da interpretação de músicos de uma orquestra da Venezuela: “É claro que não temos Primavera na Venezuela, apenas verão”, graceja. Mais evidente, contudo, é a relação dos músicos com o ritmo (característica central desta obra). E como uma vez mais Dudamel frisa esta orquestra “tem o ritmo no seu sangue”… O acoplar desta obra de Stravinsky a La Noche de los Mayas de Silvestre Revueltas (1899-1940) não é fruto do acaso. Não só o compositor mexicano é por vezes descrito como o Stravinsky da América Latina, como esta sua obra convoca ideias de “rituais, dança e actos sacrificiais”, como descreve o maestro.
De visita ao Ermitage
É um dos mais antigos e maiores museus do mundo, acolhendo mais de três milhões de peças em colecções que ilustram várias etapas da história da arte, também com interesse pela antropologia. Situado em São Petesburgo, museu ocupa actualmente seis edifícios à beira do rio, entre os quais o Palácio de Inverno (uma antiga residência real). Dos seis edifícios apenas quatro estão parcialmente abertos ao público.
As origens das colecções do museu remontam ao reinado de Catarina II, no século XVIII. A czarina adquiriu uma colecção inicial com cerca de 300 peças, entre as quais obras de Rembrandt, Rubens ou Raphael. Uma nova ala foi então acrescentada à residência real para albergar a colecção que se expandiu nos anos seguintes às quatro mil peças. As colecções continuaram a crescer nos reinados seguintes.
Em 1852 um novo edifício, o Novo Ermirage, recebeu muitas das peças, abrindo as portas ao público. Em 1917, na sequência da revolução, as colecções do museu juntaram-se às obras de vários palácios reais. Algumas foram depois enviadas para outros museus, do célebre Museu Pushkin (em Moscovo) a outros, pelo país fora. Mais recente foi a criação de extensões permanentes, em cidades como Amsterdão, Khazan e Vilnius.
Em conversa: Pedro Amaral (3)
A música dramática quase desapareceu no século XX... Houve uma má relação com a ópera?
Mais que um má relação há um mal entendido. Quando se chegou ao final da primeira metade do século XX, ao pós-guerra, a Europa estava em absolutas ruínas. E uma parte do pensamento musical estava também ele em ruínas. A linguagem musical no final dos anos 40 estava altamente individualizada. A prática de Weber tem pouco a ver com a de Stravinsky ou Prokofiev. A linguahem está por um lado extremamente individualizada, e por outro não há uma linguagem completamente coerente e unificada em nenhum compositor. Cada compositor tem aspectos da sua linguagem extremamente modernos e partes da sua linguagem extremamente ligados à tonalidade. Stravinsky, por exemplo, continuava a usar alegremente as formas clássicas, como aliás Webern e Shoenberg. Porém, Webern organizava serialmente toda a sua sintaxe. E Stravinsky tinha uma desconstrução rítmica completamente moderna. Mas nenhuma dessas linguagens era unificada. E era por outro lado altamente individualizada. Colocando-me no lugar de um compositor jovem, com 20 anos, naquele pós guerra em que tudo está em ruínas (e também o pensamento musical), que fazer?
E a resposta…
Só há uma maneira: construir a sua própria linguagem. E foi o que fizeram em Darmstadt. Passou-se até ao fim dos anos 50 por uma fase de depuração de uma linguagem que tem o seu quê de artificial, um pouco como Brasília, que foi apresentada nos anos 50. Que se fez do nada. Eles pegaram, como num laboratório, no melhor de Stravinsky (na desconstrução rítmica), a serialização weberniana, na forma múltipa de Debussy... E construiram em laboratório a sua linguagem... Ora isso era incompatível com a elasticidade da linguagem necessária para uma cena dramática. Os compositores não fugiram da ópera. Não fugiram de todo... Não praticaram ópera nos anos 50 não por não gostarem de ópera, mas porque estavam tão ocupados a trabalhar a sua linguagem que isso era simplesmente incompatível com uma linguagem suficientemente maleável para produzir ópera. A prova é que, assim que chegou ao fim a constituição da linguagem serial, nos anos 58/59, logo a seguir alguns compositores começaram imediatamente a trabalhar uma música dramática. É o caso de Luigi Nono, com o Intoleranza. O Luciano Berio, com uma peça electrónica concreta a partir da voz, com um texto com palavras que não existem. Mais tarde o Ligheti. O Stockausen logo a seguir a compor a sua obra mais serial delas todas, o Kontakte. E logo a seguir faz uma adaptação daquela música para o teatro. Logo, a tentação do teatro está lá. Não é um abandono. Por outro lado o teatro necessita de uma linguagem definida. Coerente e lógica e extremamente maleável.
Neste início de século está a haver uma produção intensa de ópera. É novamente um espaço musical que desafia o compositor?
Absolutamente! É um espaço absolutamente fascinante e de desafio para o compositor. Mas só podemos fazer isso porque, nas várias linguagens que praticamos, temo-las suficientemente estáveis para podermos operá-las, para operar um drama a partir delas. Quando é que Stockausen se lança realmente na ópera? É quando, primeiro, tem uma década de absoluta estabilização da linguagem, nos anos 50. Depois tem outra de completa experimentação acústica e formal. Depois ele pode reunir estas duas coisas. O rigor do serialismo (embora a chamar nomes diferentes, não série mas fórmula)... Vai pegar no elemento base da sua linguagem estável serial. E vai preparar esse rigor absoluto sintático com esta liberdade entretanto conquistada nos anos 60. E aí tem uma linguagem sufuicientemente maleável para fazer uma ópera. E produz logo sete de seguida. No minimalismo, o Einstein On The Beach é possível, como outras de Philip Glass, porque o minimalismo era uma linguagem completamente estabilizada. Numa linguagem que não o seja é muito difícil encontrar maleabilidade suficiente para compror música dramática.
Ainda nos arquivos da BBC
'Baby It's You' (EP), 1995
Depois da edição de uma antologia de gravações na BBC, um EP novo dos Beatles chegou ao mercado em Março de 1995. Como tema central apresentava-se Baby It’s You, um original da equipa Bacharah / David / Williams, que o grupo tinha gravado em estúdio para incluir no álbum de estreia Please Please Me. Aqui o tema é recuperado, numa versão gravada ao vivo na BBC. O restante alinhamento do EP apresenta três outros temas (um original e outras duas versões) recuperados dos arquivos da BBC mas não incluídos no álbum duplo editado em 1994.
sábado, maio 29, 2010
Pelos noventas esquecidos (9)
Soup Dragons
‘Mother Universe’ (1991)
Dos arquivos da BBC...
'Live at The BBC' (antologia ao vivo), 1994
Dos arquivos da BBC emergiu, em 1994, um volume expressivo de gravações dos fab four. Editado como Live At The BBC, o álbum (em CD duplo) recolhia uma série de gravações que, entre 1963 e 65 o grupo efectuara em estúdios da BBC. São assim resultado de sessões ao vivo em estúdio, nas quais se apresentam sobretudo versões de temas dos anos 50 e 60, não faltando também originais dos próprios Beatles. O alinhamento foi seleccionado entre o material gravado pela BBC por George Martin, tendo o disco nascido depois de uma sequenciação que exigiu um trabalho adicional por técnicos em Abbey Road. O disco atingiu o número um no Reino Unido e o número três nos EUA e vendeu cerca de oito milhões de unidades no ano em que foi lançado.
sexta-feira, maio 28, 2010
Num ecrã... LCD
O muro chega em 2011
Özpetek na Festa do Cinema Italiano
Drama, com elementos de comédia, Mine Vaganti é um filme sobre o preconceito. Em concreto sobre como os vários elementos de uma família da burgesia industrial italiana lidam com a inesperada revelação que o primogénito lança num jantar, no qual, como o próprio reconhece, já era chegada a hora de sair do armário. De um pai que vive a partir de então assombrado com o que os outros possam pensar, ao filho mais novo, que resolve não dar então igual novidade à família (a que se juntaria a confissão de um desejo em ser ecritor), receando pela saúde do pai, Mine Vaganti constrói então uma história de costumes onde o recurso à linguagem da comédia sublinha o absurdo de velhos e estafados preconceitos.
Reedições:
The Charlatans, Some Friendly
“Some Friendly – 20th Anniversary Expanded Edition”
Beggars Banquet / Popstock
3 / 5
O cenário pop/rock no Reino Unido era assim há 20 anos, colocando novamente Manchester (mais de dez anos depois dos Joy Division) no centro das atenções… Os Stones Roses tinham brilhado em 1989 com um dos melhores álbuns de estreia que a história pop/rock alguma vez conheceu. Os Happy Mondays faziam de canções como Hallellujah e Step On verdadeiros hinos de uma nova ordem. E depois, a completar o trio de novas referências do som local (que acabaria por ganhar o rótulo “Madchester” nos media), os Inspiral Carpets, cujo álbum de estreia, Life (1990) juntava a esse universo feito da redescoberta do psicadelismo de finais de 60 e do seu cruzamento com desafios à dança nascidos das revelações pós-acid house um trabalho adicional de cenografia para teclas (a piscar o olho à “escola” Manzarek, via Doors, naturalmente). E depois foi um sem fim de nomes a entrar em cena, apanhando a “boleia” do som de Manchester, uns lá da terra, outros a fazer parecer que sim. Dos Nothside aos Wendy’s, dos Paris Angels aos Flowered Up, dos New Fast Automatic Daffodils aos Charlatans, a oferta em inícios de 90 era farta (e não muito variada, na maior parte dos casos), revelando mais um fenómeno de mimetismo como tantos outros que a história pop conheceu. Desses tempos fica contudo a memória, mesmo assim, de alguns singles interessantes como It’s On dos Flowered Up, Perfume dos Paris Angels ou The Only One I Know dos Charlatans. Mas convenhamos que, fora do “trio” Stone Roses, Happy Mondays e Inspiral Carpets, o tal “madchester” não nos deu álbuns de maior calibre capazes de resistir à erosão do tempo. A presente reedição de Some Friendly, o álbum de estreia dos Charlatans (1990) vem sublinhar esta ideia. Encostados a uma matriz que um ano antes os Stone Roses tinham elevado à perfeição, tentam seguir-lhes os passos, apostando um pouco mais em temperos rítmicos, mas na verdade não repetindo nunca (aproximando-se talvez nos singles Over Rising e Then) a luminisidade irresistível de The Only One I Know. O alinhamento é irregular, mostrando curisosamente melhores instantes em mergulhos mais melancólicos como em Opportunity ou Flower. O melhor, contudo, chega nos singles que habitam o CD adicional com extras…
Pela Tate Britain: Constable
quinta-feira, maio 27, 2010
Mais single (em tempo de pausa)
Pode ver o teledisco aqui
Ao vivo, no MoMA
Novas edições:
The Irrepressibles, Mirror Mirror
“Mirror Mirror”
Major Record Label / Nuevos Medios
3 / 5
O álbum de estreia do colectivo londrino The Irrepressibles é daquelas cartas fora do baralho que ajudam a “desarrumar” o panorama musical, mostrando que há muita música que acaba fora das gavetas dos géneros e formas de referência dominantes que frequentremente ditam os acontecimentos de que mais se fala. Não serão o elo perdido entre Antony & The Johnsons e os Fisherspooner. Mas se instrumental e vocalmente revelam frequentes afinidades com a obra em grupo de Antony Hegarty, no departamento da imagem mostram um gosto pelo bizarro e barroco que pisca o olho a um modo de pensar a performance que partilha interesses com o que em tempos conhecemos no colectivo nova-iorquino. Mirror Mirror é uma colecção de canções que nascem de um ensemble de dez músicos onde electrónicas e percussões convivem com cordas de alma sinfonista, arranjos eloquentes servindo de cenário à voz de contratenor de Jamie McDermott. Não será exactamente uma música pop, mas algo nas suas periferias, partilhando interesses com os modos como os Polyphonic Spree cruzaram arranjos de alma teatral com canções que assentam sobre um melodismo de ascendência pop, por vezes entrando em cena elementos familiares à linguagem assombrada de um Danny Elfman. A voz é contudo a presença protagonista, e aí tanto se revela a já apontada familiaridade com Antony Hegarty como, ocasionalmente, o que parecem ecos da pose pop-operática de Russell Mael (dos Sparks). Não serão exactamente, para 2010, um equivalente ao mundo inesperado e visionário que Klaus Nomi nos mostrou em inícios de 80. Mas a sua herança passa também por aqui…
Em conversa: Rufus Wainwright (2/3)
Vai compor uma segunda ópera?
Acho que da próxima vez que fizer uma ópera me vou concentrar apenas na ópera. Preciso de afastar-me de tudo o resto e concentrar-me na ópera para assim poder atingir o nível seguinte.
A ópera parece estar de novo na ordem do dia. Este é um tempo entusiasmante para quem quer fazer ópera?
Creio que sim. Há uma saturação no mundo da música pop e as pessoas mais novas estão a ficar cansadas de ver aplicadas sempre as mesmas ideias, num mundo totalmente comercializado. A experiência da ópera, em termos de acústica e como outra realidade teatral é cada vez mais entusiasmante. Este é um período excitante, sim.
Pensa poder gravar Prima Donna para editar em disco ou DVD?
Isso vai certamente acontecer.
All Days Are Nights: Songs For Lulu é um disco muito pessoal. Talvez mais ainda que os anteriores. E certamente mais despojado…
Este disco é como uma reacção física tanto à minha vida pessoal como à minha vida pública nos últims três a quatro anos, com a óprera, o trabalho com o Robert Wilson... Estas canções surgiram muito naturalmente. Vinham carregadas de sentido... Tive apenas de as espremer, como uma esponja.
Compõe habitualmente ao piano...
Ao longo dos anos vezes cheguei a compor à guitarra. Mas o piano.... Sempre fui bom pianista, mas nunca me senti um virtuoso. Por isso nesse campo também me quis desafiar a mim mesmo. Foi o que tentei fazer.
No último concerto, em família, no Royal Albert Hall, a sua mãe apresentou uma canção nova: Prosephina. Pensa cantá-la, senão mesmo gravar?
É uma canção espantosa... A Matha está a cantá-la de vez em quanto, porque a canção foi originalmente escrita para ela. Aquela versão no Royal Albert Hall acho que fica mesmo como um clássico.
Nos últimos anos os irmãos Wainwright revisitaram obras de grandes vozes de referência. Fez um disco dedicado a Judy Garland. Martha cantou Edith Piaf…
Somos uns garimpeiros... Os garimpeiros Wainwright... Estamos sempre à procura de pepitas de ouro no rio... Nada se perde...
Gosta de cantar versões?
Uma boa canção é sempre uma boa canção.
quarta-feira, maio 26, 2010
Em festa (ao jeito dos anos 60)
De 'Mad Men' para os Broken Bells
Novas edições:
Tiago Guillul, V
“V”
Flor Caveira / Mbari
4 / 5
Passaram dois anos sobre a edição do álbum que, longe de ser o primeiro na sua discografia (IV era, como o título sugere, o quarto), fazia finalmente de Tiago Guillul uma figura incontornável no panorama da nova música portuguesa. Dois anos depois o cenário que acolhe o sucessor é claramente outro. A Flor Caveira não é mais uma novidade, mas uma certeza, da editora tendo emergido uma série de carreiras que hoje militam entre o que de mais interessante acontece nos caminhos do pop/rock (e periferias) em Portugal. Da mesma forma como toda esta música ganhou protagonismo na vivência do Portugal musical, a identidade crente (partilhada por parte significativa destes músicos) foi aparentemente desaparecendo aos poucos da linha da frente da curiosidade de quem os abordava. Mas Tiago Guillul faz questão de não esquecer o homem que é na música que faz. E V é um disco que, se musicalmente procura atingir caminhos nunca antes visitados desta forma, nas ideias e relação com a sua identidade, mantém-se fiel a quem não deixou de ser. Na música, V é um espaço de vibrante entusiasmo pela descoberta, não apenas do poder da memória (que pode ser um estímulo se, como aqui, comunica com o presente em vez de se esgotar naquele tão estafado lusitanismo “ai no meu tempo é que era”…) como da vontade em explorar as potencialidades do trabalho com um outro estúdio e uma outro patamar na demanda de uma nova definição final das formas. As canções respiram luminisodade, África, melodismo irresistível… Convocam ecos de reconhecidas heranças da melhor pop à la portuguesa, de Variações aos GNR (dos oitentas), inclusivamente com Rui Reininho em brilhante participação em Nabucodonosor. Nas ideias, V é, sem espaço para equívocos, um disco… de Tiago Guillul. Concordando ou não com a sua forma de estar no mundo e de o comentar, o certo é que tudo aqui é coerente, seja quando se aborda o mundo político (como em Canção para o Doutor Soares) ou quando se reflecte sobre as histórias das escrituras e os caminhos da fé. No fim, Tiago Guillul apresenta em V um dos melhores discos do “pópe roque” português do pós-milénio.
Em conversa: Rufus Wainwright (1)
Nos últimos dois a três anos fez música para teatro, uma ópera, agora um disco para piano. Uma nova música. São desafios que lança a si mesmo?
O lado mau das coisas é que sou um viciado em drogas horrível. E como não ando a tomar drogas levo estas ideias para a minha arte. (risos)… Na verdade, e um pouco como consequência da doença da minha mãe senti a necessidade de trabalhar tanto quanto possível e criar tanto quanto podia.
Como se o trabalho aí fosse uma fuga?
Sim quase... A nossa relçação sempre teve a arte à nossa volta. Éramos os dois amantes das artes e a arte fazia parte da nossa relação. Mas também há uma certa ideia de escapismo no meio de tudo isto, sim.
A mãe acompanhou a criação e estreia da ópera Prima Donna. Queria terminá-la para que a pudese ainda ver em cena?
Sim, essa era a minha intenção. E fizemo-lo!
A ópera estreou em Manchester em 2009. Recentemente passou por Londres. E depois?
Vai a todo o lado! Depois vai a Toronto, à Austrália... A ópera está a ser a sua vida. E as opiniões foram variadas. Uns gostaram, outros destestaram. Muito do establishment foi destrutivo... Mas as lotações têm esgotado, há gente a chorar... Há uma relação difícil no mundo da música clássica e entre o que o público e os críticos pensam. É um outro mundo... Mas estou satiefeito. E é a minha primeira obra. E penso que, se se quer ser um compositor de ópera, não se pode ser avaliado pela primeira ópera que se faz.
Contava com reacções menos entusiasmadas por ser alguém que vinha do mundo da música pop?
Foi-me dito que iria haver reacções desse género, pelo que me preparei para enfrentar essa realidade... Todo o processo foi muito intenso. Mas já aconteceu, e em Londres há alguns dos mais críticos de ópera mais famosos no mundo. E são dos mais mauzinhos do mundo... (risos) E já ultrapassei tudo...
Pela Tate Britain: Gaugin
terça-feira, maio 25, 2010
Entre fantasmas
'Oddsac' em Lisboa, na ESBAL
Mais que ressuscitar um Lázaro
Novas edições:
Broken Social Scene,
Forgiveness Rock Record
“Forgiveness Rock Record”
City Slang / Nuevos Medios
2 / 5
Mais que um grupo são um colectivo, juntando forças que representam espaços marcantes do panorama indie canadiano da actualidade, com trabalho começado bem antes das atenções aí levadas por nomes como os Arcade Fire, Metric, Hidden Cameras ou Feist em meados dos noventas. Pelos Broken Social Scene passaram já nomes como os de Leslie Feist, Emily Haines (dos Metric) ou os The Stars… Em 2010, numa “contida” formação de “apenas” nove elementos no núcleo de trabalho, apresentam um novo disco de originais, na verdade o verdadeiro sucessor do aclamado Broken Social Scene, de 2005 (pelo caminho assinaram vários singles e EPs, discos a solo e outros trabalhos entre os quais a banda sonora de Os Fragmentos de Tracey). Forgiveness Rock Record é um disco diferente desse outro que deu que falar em 2005. Se em Broken Social Scene se encontrava um sentido de unidade num espaço de diversidade (com tanta gente e sensibilidades outra coisa não seria de esperar), aqui as faixas sucedem-se sem que uma ordem as pareça arrumar ou mesmo conduzir a algum destino… Sucedem-se os “acontecimentos”, mas faltam as canções. Produzido por Johm McEntire (dos Tortoise), e contando com as colaborações de elementos dos The Sea and Cake (onde McEntire também milita), parece mais uma busca de caminhos que um lugar encontrado. Não faltam momentos interessantes, como All To All (na voz de Lisa Lobsinger) ou Sentimental X (com Emily Haines)… Mas são apenas raros oásis entre um longo alinhamento que, de tão não alinhado, acaba por não nos levar a lado algum.
Pela Tate Britain: Whistler
segunda-feira, maio 24, 2010
Let's dance
De regresso ao topo do tope
Uma obra-prima
Em tempos, já lá vão uns 20 anos, Tilda Swinton tornou-se numa das presenças centrais na obra do realizador britânico Derek Jarman. Na última década, um outro cineasta ganhou um lugar destacado na carreira da actriz inglesa. Trata-se do italiano Luca Guadagnino, que, depois de The Protagonists (1999) e do documentário Tilda Swinton: The Love Factory (de 2002), a teve este ano como protagonista (e co-produtora) em Eu Sou o Amor (Io Sono L'Amore, no original), onde veste a pele da matriarca, de ascendência russa, de uma família da alta burguesia milanesa na viragem do milénio.
Com heranças do cinema de Luchino Visconti ou de Douglas Sirk, esta é uma saga familiar com a figura de Emma Recchi (Tilda Swinton) como centro de gravidade, ao seu redor evoluindo a transição dos negócios da família do velho patriarca para o seu marido e filho primogénito, a libertação da filha (que em Londres vive abertamente uma relação homossexual) e o projecto da abertura de um restaurante nascido do entusiasmo de um dos seus filhos e de um grande amigo seu, um chef. Este último desperta em Emma um desejo que, de certa forma, representa a primeira pedra a cair num processo de derrocada iminente que vai ameaçar os pilares da tradição que suportam a família
O argumento, assinado pelo próprio Guadagnino, com Barbara Alberti, vive na essência da magnitude que pode atingir um confronto entre a força revigorante do amor e a lógica ditada pela razão (que aqui suporta a tradição). A narrativa, assim como o trabalho dos actores (leia-se Tilda Swinton e competente leque de satélites), é a força que suporta o filme. O olhar, com gosto pelo detalhe, da câmara, a cuidada direcção artística e a música de John Adams (na verdade usando extractos de obras suas, entre as quais a ópera Nixon in China) conferem depois ao filme um valioso leque de valores acrescentados. A vivenda art déco onde vivem os Recchi é, mais que um simples cenário, um espaço vivo que molda as vidas e comportamentos que por ali circulam. As cores dos tecidos (seja nos estofos dos sofás seja nos vestidos das figuras femininas) é a fuga possível a uma ordem que traduz estabilidade antiga.
O desejo de liberdade que o amor desencadeia na figura protagonista entra em cena como uma ameaça à velha ordem que durante anos suportou a tradição dos Recchi. Com o fôlego dramático de uma ópera (e convenhamos que a música de John Adams ajuda), Eu Sou o Amor é um retrato pungente de uma mulher que recusa dizer não a si mesma.
Imagens do trailer de Eu Sou o Amor
Filme tailandês vence em Cannes
Palma de Ouro: Lung Boonmee Raluek Chat, de Apichatpong Weerasethakul
Grande Prémio: Xavier Beauvois, por Des Hommes et des Dieux
Melhor realizador: Mathieu Amalric, francês, por Tournée
Melhor argumento: Poetry, de Lee Chang-dong
Actriz: Juliette Binoche, em Copie Conforme
Actor: Javier Bardem, em Biutifil e Elio Germano, em La Nostra Vita (ex-aequo)
Prémio do Júri: Um Homem que não Acredita que um Urso Dance, de Mahamat-Saleh Haroun
Câmara de Ouro: Año Bisiesto, de Michael Rowe.
Melhor curta metragem: Chienne d'histoire, de Serge Avédikian
Prémio do Júri (curta metragem): Micky Bader, de Frida Kempff
Prémio 'Un Certain Regard’: Ha ha ha, de Hong Sangsoo
Prémio do Júri (‘Un Certain Regard'): Octubre, de Daniel e Diego Vega
Pelo cinema de Matteo Garrone
Pode ver aqui a programação completa, do ciclo dedicado a Matteo Garrone na 3ª festa do Cinema Italiano.
Novas edições:
Divine Comedy,
Bang Goes The Knighthood
“Bang Goes The Knighthood”
DC Records
3 / 5
Se evocarmos a história dos melhores momentos que a música popular conheceu nos anos 90 o nome de Neil Hannon será inevitável presença e com uma espantosa mão cheia de grandes discos e grandes canções, traduzindo o saldo de uma década que nele afirmou uma das mais interessantes figuras “pop” do fim de século… Hannon conta hoje com mais de vinte anos de carreira e Bang Goes The Knighthood é o décimo álbum que edita como The Divine Comedy. Estamos todavia já longe desse fim de século que conheceu em discos como A Short Album About Love (1997) e Fin de Siècle (1998) a definitiva concretização de uma ideia pop teatral, de pompa por vezes sinfonista, veículo de um sentido de humor cortante, no mais clássico sentido “brit”… Os anos zero não foram tão favoráveis a Hannon, pelo menos a bordo dos Divine Comedy, as suas melhores gravações da segunda década de trabalho surgindo em colaborações (com Yann Tiersenn ou o colecvtivo God Help The Girl) ou numa aventura pop sobre o cricket, de que foi co-protagonista, no projecto The Duckworth Lewis Method. O seu álbum anterior como Divine Comedy, Victory For The Comic Muse (2006) representou inclusivamente um tropeção maior, nunca antes imaginado… Bang Goes The Knighthood (que assinala a estreia do grupo na sua própra editora) recupera alguns pontos, num alinhamento com as características clássicas da música de Divine Comedy, da grandiosidade de uma música com alma de drama e palco à voz pungente de Hannon, não esquecendo o humor de sempre (que se escuta, por exemplo, no retrato que serve em The Complete Banker). Não está ao nível dos discos do tal fim de século inesquecível. Mas ao menos não desilude tanto como o fez em alguns títulos mais recentes…
Pela Tate Britain: Turner
domingo, maio 23, 2010
CANNES 2010 [imagem 22]
Uma "nova música" na França de 1870
Em visita à Tate Britain
Como tantos outros museus londrinos viu as colecções transferidas para local seguro durante a II Guerra Mundial, as paredes do edifício mostrando contudo marcas dos bombardeamentos. No ano 2000 passou a designar-se como Tate Britain, na sequência da abertura da Tate Modern, na outra margem do rio, que desde então dedica atenções à arte moderna e contemporânea. As colecções permitem hoje um olhar transversal sobre a arte britânica. Em destaque está uma expressiva colecção de obras de Turner, albergada numa ala expressmente criada para as acolher. A Tate Britain não perdeu contudo o contacto regular com a arte contemporânea. Acolhe exposições temporárias, entre as quais as ligadas ao Turner Prize.
Em conversa: Pedro Amaral (2)
Levou muito tempo a chegar à versão final do libreto?
Até ao último dia da composição não tinha o libreto completamente fechado. Tinha evidentemente um libretio bastante pronto. Mas que fui alterando. Não só a ordem, mas em alguns momentos cortei umas partes do texto. Não dei o libreto definitivo, enquanto da Gulbenkian me telefonavam desesperadamente a pedir o libreto para o publicarem. Mas não quis dar logo, porque não tinha a certeza se aquelas palavras seriam exactamente aquelas que ia usar.
As primeiras ideias musicais surgem durante a pesquisa? Ou só mais tarde?
Estruturei primeiro a narrativa. E devo dizer que não há nenhuma ideia musical que não tenha nascido directamente do texto. A música surgiu directamente do texto. Penso que a música deve nascer da dramaturgia, ou seja, da intenção dramática que damos a cada palavra. Se a música nasce da dramaturgia, então a música veicula essa dramaturgia e está certa para aquela palavra. Se a música é prévia a isso, e ainda recentemente ouvi exemplos de música prévia à dramaturgia, então na minha opinião não funciona. Porque estamos a ouvir um canto que nada nos convence em relação à palavra que veicula.
O palco é, depois, o espaço, onde as ideias se concretizam. Há ainda espaço para a surpresa quando finalmente escuta a ópera, em cena?
Em geral devo dizer que tenho poucas surpresas quando chego ao palco... Trabalho longamente nas coisas e quando chego ao palco é raro ter surpresas, mas acontecem. Acontece-me às vezes estar a dirigir e ter um momento de emoção. Aconteceu com este trabalho agora, nos ensaios com orquestra, antes de ensaiar com os cantores. Tinha preparado os cantores com piano e, ao chegar a Londres, ensaiei com orquestra. E há um momento em que estou a ensaiar com as cordas a parte do Herodes, o pai da Salomé. Procurei fazer para cada personagem uma música completamente diferente. O Herodes é ao mesmo tempo de um lirismo que nunca tinha feito. Nunca tinha composto uma música assim. E no momento em que comecei a ensaiar com as cordas, às tantas parei. E houve ali um momento de sinceridade com a orquestra. E pedi desculpa, que me sentia extremamente exposto... Eu que normalmente tenho uma relação muito profissional com a orquestra, em que sei o que quero e peço-lhes o que quero, ali tive de parar uns segundos. Eles riram, e disseram que era mahleriano... E eu ri-me e recomecei. Mas é um momento raro de não previsão daquilo que tinha feito. Sei os ritmos de cor, as notas de cor, mas há um momento, que diria fenomenológico, em que a emoção se sobrepõe ao que nós antecipamos racionalmente. São momentos muito raros, as acontecem às vezes... O principal é há esse nascimento, esse parto, acontece antes. Acontece como quando um aquitecto vê um espaço e tem uma primeira ideia de um edifício. É quando imaginamos uma dramaturgia e começamos a fazer a música. Esse é o parto, o momento em que a música nasce. É ali que o corpo começa, mais que no palco. Onde é só um detalhe. Embora haja surpresas, como esta.
Revisitar os velhos EPs na era digital
'The Beatles Compact Disc EP Collection' (caixa), 1992
Depois da reedição integral dos álbuns, em 1987, e do lançamento das duas antologias Past Masters, em 1988 (nas quais se juntavam temas não incluídos em alinhamentos de LPs do grupo), a etapa seguinte na discografia dos Beatles correspondeu a uma revisitação dos Eps, igualmente no formato de CD. Editada em 1992, a caixa The Beatles Compact Disc EP Collection juntava todos os EPs originalmente editados entre 1963 e 1967 no Reino Unido, cada CD reproduzindo o alinhamento e as capas originais de cada um. Ao todo são 15 EPs, o mais antigo dos quais Twist & Shout (1963), o mais recente o de Magical Mistery Tour (de 1967), aqui recuperado na sua versão original em disco duplo, com a miniaturização do booklet com as letras das canções e imagens da época.
sábado, maio 22, 2010
CINEMA 2010 [imagem 21]
CANNES 2010 [imagem 20]
Pelos noventas esquecidos (8)
Definition Of Sound
‘Now Is Tomorrow’ (1991)
O que ficou fora das reedições (parte 2)
'Past Masters - Volume 2' (compilação), 1988
Editado em simultâneo com o volume 1, Past Masters – Volume 2 representou, em 1988, uma primeira abordagem no formato de CD a uma série de canções ausentes do alinhamento dos álbuns dos Beatles, esses por sua vez reeditados neste mesmo suporte digital no ano anterior. O alinhamento deste segundo volume cobre a etapa da discografia da banda que ficara de fora do volume um, ou seja, vai de Day Tripper (de 1965) a You Know My Name (Look Up The Number), o lado B do single Let It Be, editado em Março de 1970.