sexta-feira, maio 28, 2010

Reedições:
The Charlatans, Some Friendly

The Charlatans
“Some Friendly – 20th Anniversary Expanded Edition”
Beggars Banquet / Popstock
3 / 5

O cenário pop/rock no Reino Unido era assim há 20 anos, colocando novamente Manchester (mais de dez anos depois dos Joy Division) no centro das atenções… Os Stones Roses tinham brilhado em 1989 com um dos melhores álbuns de estreia que a história pop/rock alguma vez conheceu. Os Happy Mondays faziam de canções como Hallellujah e Step On verdadeiros hinos de uma nova ordem. E depois, a completar o trio de novas referências do som local (que acabaria por ganhar o rótulo “Madchester” nos media), os Inspiral Carpets, cujo álbum de estreia, Life (1990) juntava a esse universo feito da redescoberta do psicadelismo de finais de 60 e do seu cruzamento com desafios à dança nascidos das revelações pós-acid house um trabalho adicional de cenografia para teclas (a piscar o olho à “escola” Manzarek, via Doors, naturalmente). E depois foi um sem fim de nomes a entrar em cena, apanhando a “boleia” do som de Manchester, uns lá da terra, outros a fazer parecer que sim. Dos Nothside aos Wendy’s, dos Paris Angels aos Flowered Up, dos New Fast Automatic Daffodils aos Charlatans, a oferta em inícios de 90 era farta (e não muito variada, na maior parte dos casos), revelando mais um fenómeno de mimetismo como tantos outros que a história pop conheceu. Desses tempos fica contudo a memória, mesmo assim, de alguns singles interessantes como It’s On dos Flowered Up, Perfume dos Paris Angels ou The Only One I Know dos Charlatans. Mas convenhamos que, fora do “trio” Stone Roses, Happy Mondays e Inspiral Carpets, o tal “madchester” não nos deu álbuns de maior calibre capazes de resistir à erosão do tempo. A presente reedição de Some Friendly, o álbum de estreia dos Charlatans (1990) vem sublinhar esta ideia. Encostados a uma matriz que um ano antes os Stone Roses tinham elevado à perfeição, tentam seguir-lhes os passos, apostando um pouco mais em temperos rítmicos, mas na verdade não repetindo nunca (aproximando-se talvez nos singles Over Rising e Then) a luminisidade irresistível de The Only One I Know. O alinhamento é irregular, mostrando curisosamente melhores instantes em mergulhos mais melancólicos como em Opportunity ou Flower. O melhor, contudo, chega nos singles que habitam o CD adicional com extras…