quarta-feira, maio 02, 2012

Novas edições:
Cry Baby, Cry Baby


Cry Baby
“Cry Baby”
Helium
3 / 5

Apesar do filão dos oitentas ter dominado parte das reivindicações de heranças entre os nomes que nos últimos anos têm surgido com bilhete de identidade britânico há outras fontes ativas a motivar reencontros. Que o digam os Belle & Sebastian ou Camera Obscura, que nos sessentas encontraram as linhas e cores que moldaram à sua ideia de uma pop que vive entra a nostalgia e a consciência de que é coisa do presente. É também aos sessentas que Danny Coughlan vai procurar a matéria prima para, ao gravar como Cry Baby, vestir a pele do crooner magoado que entoa trovas de melancolia em cenário arrumado. Não é o primeiro a fazê-lo e a memória ainda recente das experiências de um Richard Hawley dá conta da continuidade de uma escola que conta, aqui parecendo claras as buscas no sótão pelos ensinamentos de produtores como Joe Meek ou Phil Spector. O alinhamento é todo ele fiel a uma ideia firme, entre a abertura ao som de I Cherish The Heartbreak More Than The Love That I Lost à incursão mais soulful de um When The Lights Go Out morando dois belos exemplos de como o músico é consequente na forma como incorpora ecos de um tempo que não aquele em que vive, mas certamente representa aquele que plasticamente o motiva. O que faz então com que, apesar de uma mão cheia de boas canções e de um rumo bem definido, Cry Baby não seja um acontecimento maior? Se nos recordarmos da forma como os The Smiths também haviam encontrado nos sessentas a matéria prima para um reencontro com raízes primordiais das quais partiram depois em busca de uma música sua, pessoal e capaz de agir com o seu presente ou da forma como (o claramente menos consequente) Maximilan Hecker soube reativar o modelo do crooner num cenário que relacionava heranças com o seu tempo sentimos que, apesar da encenação bem aprumada, a Danny Coughlan falta encontrar uma personalidade que junte algo mais evidentemente seu às heranças que tão bem parece ser já capaz de assimilar.

Sound + Vision Magazine
hoje, 18.30 na Fnac Chiado


Hoje, pelas 18.30, tem lugar na Fnac Chiado a sessão mensal do Sound + Vision (a última, recorde-se, era um especial dedicado ao dia do livro). Este mês passam entre os destaques a apresentar o segundo DVD com curtas portugueses que passaram no IndieLisboa, entre as quais o filme Alvorada Vermelha de João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata (na primeira foto) e a edição em DVD de Film Socialisme, de Jean-Luc Godard. Na música passaremos pela nova antologia da Sétima Legião e pelos novos discos dos Spiritualized e Rufus Wainwright, não esquecendo o assinalar dos 30 anos do álbum Rio, dos Duran Duran. Entre os livros estará em foco, entre outros títulos, a nova edição de Utz, de Bruce Chatwin.

IndieLisboa 2012 (dia 7)


Pelo IndieLisboa passa hoje Les Chants de Mandrin, filme de época que recorda os cúmplices de um grande contrabandista executado em 1755. Assinado por Rabah Ameur-Zaimeche, passa às 16.45 no Cinema Londres. Também na secção Observatório passa Bestiaire, do canadiano Denis Coté, que observa as “fronteiras entre a natureza e a civilização. Na competição passam Still Life, de Sebastien Meise (Cinema S. Jorge, 21.45), He Was A Giant With Brown Eyes, de Ellen Hofer e Berlin Telegram, de Lella Albytay (na foto, Cinema Londres, respetivamente às 19.00 e 21.30).

Escrevi sobre mais dois filmes no blogue do DN. Um deles é Mercados de Futuro, o novo de Mercedes Alvarez. O outro é um documentário sobre o Canto Ostinato, do compositor holandês Simeon ten Holt.


É um objeto estranho, mas muito do nosso tempo, o novo filme da espanhola Mercedes Alvarez. Começa com a evocação do poeta grego Simonides de Ceos e da sua reflexão sobre a memória. Memória, que alimentava muitas das vivências do belíssimo El Cielo Gira. E que adivinhamos entre o recheio de um apartamento que vemos a ser esvaziado. Entre as mobílias e os santos e madeiras revelando-se uma biblioteca que é encaixotada. O olhar foca dois livros. Traduções antigas de Ana Karenina e de Os Irmãos Karamazov. Mudamos de lugar. Estamos numa feira de turismo e vemos um vendedor a tentar fazer com que o seu cliente lucre mais com o hotel que vai construir. – Ler aqui o texto completo.


Ao contrário do que habitualmente encontramos em documentários musicais, o foco da atenção de Ramon Gieling em Over Canto não é a música (nem o compositor ou mesmo os intérpretes) mas sim aqueles que a ouvem e a integram nos espaços do seu quotidiano. Tomando a estação de comboios de Groningen como cenário onde tudo começa – ali estão quatro pianos e pelas cadeiras em volta vão surgindo os verdadeiros protagonistas do filme – Over Canto é, acima de tudo, um olhar sobre a forma como nos relacionamos com a música. – ler aqui o texto completo

Nos 30 anos de 'Rio' (2)


E depois de ontem termos olhado para a capa do disco, hoje começamos a escutar o alinhamento de Rio. Antes de avançarmos pelo percurso faixa a faixa, começamos por um dos singles que antecederam o lançamento do álbum. Este, de resto, nasceu mais de meio ano antes do álbum. Datam de finais de agosto de 1981 as sessões de trabalho nos estúdios em Manchester Square que definiram primeiras ideias sobre o que seria a próxima etapa na vida da banda que, semanas antes, tinha editado o álbum de estreia (a que simplesmente chamou Duran Duran) e via o single Girls On Film transformado no dos hinos desse Verão. Foram quatro os temas registados nessa sessão. Last Chance on the Stairway e New Religion (que continuariam a evoluir até à forma final que escutámos no álbum) ficaram de lado por enquanto. E escolhidos para um novo single foram My Own Way e Like An Angel. A primeira canção, com um arranjo com alma disco sound (e a presença de cordas) chegaria ao lado A do single lançado em novembro de 1981. A segunda, com um toque de requinte à la Roxy Music, seria o lado B. Apesar do sucesso em alguns territórios (em Portugal esteve em primeiro lugar semanas a fio), My Own Way ficou aquém do esperado e o grupo acabou mesmo por rever a canção que surgiria no alinhamento de Rio com um arranjo bem diferente.


Capas alternativas para My Own Way. A primeira é a da versão doze polegadas lançada em vários territórios. A segunda corresponde ao single japonês. E a terceira ao single lançado em França. Amanhã revisitamos o teledisco. E a capa exclusiva para uma das edições do single em Portugal.

terça-feira, maio 01, 2012

"Mildred Pierce": televisão/cinema

Mildred Pierce, a mini-série da HBO dirigida por Todd Haynes, constitui um exemplo modelar de uma maneira de fazer televisão que não menospreza a riqueza de toda uma vasta herança cinematográfica. A sua existência coloca, afinal, questões actualíssimas sobre os modos de ver e programar televisão e cinema — este texto foi publicado no Diário de Notícias (30 Abril), com o título 'As lições de Mildred Pierce'.

A recente edição em DVD da série televisiva Mildred Pierce, de Todd Haynes, com Kate Winslet no papel principal, relança-nos na questão central das relações cinema/televisão. Desde logo, pelas próprias características do produto: concebido como uma mini-série (cinco episódios) para a HBO, há nele um fôlego dramático visceralmente cinematográfico. Depois, pela hipótese que a sua existência atrai: até que ponto faz (ou poderia fazer) sentido distribuir Mildred Pierce também como um objecto cinematográfico, isto é, para ser projectado numa sala escura?
Sabemos, mais do que nunca, que o consumo do cinema em sala está cada vez mais condicionado pelo domínio de campanhas promocionais que privilegiam os blockbusters e seus derivados (estamos, aliás, a entrar na “temporada de Verão”). Sabemos também que os hábitos de frequência regular das salas têm sido abalados, tornando os espectadores mais vulneráveis a essas campanhas. Enfim, conhecemos muito bem a facilidade com que, com assustadora frequência, as televisões dão automática visibilidade a esses mesmos filmes, afastando-se (e afastando-nos) da diversidade do cinema contemporâneo.
Mildred Pierce é, nesse aspecto, um exemplo duplamente motivador. Por um lado, a adaptação que Haynes faz do romance de James M. Cain (que, em 1945, dera origem a uma versão com Joan Crawford, dirigida por Michael Curtiz), embora respeitando as lógicas televisivas de duração e programação, distingue-se em tudo e por tudo pela sua excelência cinematográfica. Por outro lado, podemos perguntar o que está realmente a ser feito para não deixar os espectadores (sobretudo os mais jovens) ceder às facilidades equívocas dos downloads, reconquistando-os para os prazeres específicos do cinema nas salas de... cinema.
Pela sua ligação com todo um frondoso passado, ao mesmo tempo literário e cinéfilo, a mini-série de Todd Haynes [foto] (cineasta de Velvet Goldmine, Longe do Paraíso e I’m Not There) envolve ainda um factor suplementar de importante valor simbólico. A saber: é possível trabalhar as mais variadas memórias sem ceder ao pitoresco televisivo, isto é, sem transformar as narrativas num inventário de “demonstrações” sociológicas mais ou menos moralistas. Aliás, raras vezes se terá feito um produto televisivo tão subtil, e também tão contundente, na percepção da transformação dos padrões do comportamento feminino.
Em boa verdade, Mildred Pierce é apenas um sintoma de uma complexa conjuntura cultural e económica (e tanto mais quanto não consta que algum canal generalista português o vá programar onde é o seu lugar natural: o horário nobre). O que está em causa é a invenção de novos laços de comunicação e contaminação entre programações televisivas e programações cinematográficas, com o objectivo fundamental de não fragilizar ainda mais as bases do consumo audiovisual.

A agonia (televisiva) do 25 de Abril

RENÉ MAGRITTE
Mona Lisa, 1962
Como qualquer evento da história colectiva, o 25 de Abril é também aquilo que com que ele fazemos, quer dizer, um acontecimento no interior das linguagens que usamos. Na televisão, as respectivas linguagens chegaram ao maniqueísmo total — este texto foi publicado no Diário de Notícias (27 Abril), com o título 'Para acabar com o 25 de Abril'.

O lugar-comum, hélas!, faz parte da democracia. Daí que, com infalível militância, alguns dias antes do 25 de Abril de cada ano, as televisões ponham a circular os mesmos 20 segundos de imagens do Largo do Carmo, com José Afonso em off. Infalivelmente também, há sempre alguns debates mais ou menos heróicos sobre se “valeu a pena” termos o 25 de Abril. Ano sim, ano não, as televisões conseguem ainda encontrar alguma legitimação exterior para proclamar que precisamos de um “outro” 25 de Abril (estamos em ano sim).
Vogamos no interior do mesmo imaginário mediático que permite que se discuta se um resultado de futebol foi “justo” ou não. A bola pode ter feito ricochete sete vezes antes de passar a linha de golo, o guarda-redes ter-se-á distraído a pensar se deixou ou não o jogo a gravar... mas em televisão (e não só) há sempre quem, na mais absoluta seriedade, considere que isso é uma questão de “justiça”. Continuamos à espera que nos esclareçam que tribunal irá lidar com as “injustiças” dos resultados e, sobretudo, que sanções serão aplicadas.
No meio deste infantilismo generalizado, as televisões favorecem também uma interrogação drástica. A saber: “Porque é que o 25 de Abril não resolveu todos os problemas da sociedade portuguesa?”. Já mudámos de século e não desistem... Ao mesmo tempo, são incapazes de supor que os seus modos de comunicar (?) talvez não sejam indiferentes ao metódico esvaziamento simbólico do 25 de Abril.
Alternativas? São muitas e muito sérias. Assim, seria interessante que as televisões questionassem o facto (cultural e económico) de, desde 1978, a telenovela se ter imposto como modelo dominante de ficção na sociedade portuguesa. Também não seria inútil saber de que modo a desumana frivolidade do Big Brother contaminou muitas linguagens, a começar pelo jornalismo (televisivo e não só). Enfim, está por analisar o luxo de gastar horas e horas a discutir as grandes penalidades do futebol. Para quê? Para demonizar a televisão? Bem pelo contrário. Pela simples vontade de vivermos melhor. Aliás, foi para isso que se fez o 25 de Abril.

"O Submarino Amarelo" em Blu-ray

É uma daquelas preciosidades da história da animação cinematográfica que, finalmente, conquista o seu lugar no mercado do Blu-ray (para além do DVD, claro): Yellow Submarine/O Submarino Amarelo, o lendário desenho animado dos Beatles, vai ser relançado a 28 de Maio, numa cópia digital restaurada, cerca de 44 anos passados sobre a sua estreia nas salas da Grã-Bretanha (a 17 de Julho de 1968). Realizado por George Dunning, com produção da Apple Films, eis um singularíssimo objecto que transcreve as canções do quarteto de Liverpool num registo que integra, de uma só vez, a iconografia pop e as componentes libertárias da cultura dos sixties — um grande acontecimento que, assim se espera, terá expressão condigna no circuito comercial português.

Como se fosse uma pintura

É das canções mais "arrumadinhas" dos Of Montreal desde os dias do belíssimo Hissing Fauna, are You The Destroyer... Spiteful Intervention, tema extraído do seu mais recente álbum, surge agora num teledisco assinado por Jesee Ewles. Aqui ficam as imagens.

Nos 30 nos de 'Rio'


Foi a 6 de maio de 1982 que Rio chegou às lojas. Com nove canções feitas de pop luminosa e hedonista, celebrando a cultura festiva dos oitentas (em clara oposição ao clima urbano mais assombrado de outros contemporâneos e muito distante de quaisquer vontades em traduzir os ecos dos males do quotidiano), o disco elevaria os Duran Duran do estatuto de jovens estrelas que se haviam destacado entre a geração new romantic que dera que falar entre 1980 e 81 ao patamar de estrelas globais. As primeiras de uma nova era em que o vídeo serviu para projetar pelos cantos do globo as imagens e as canções. Os telediscos que acompanharam Hungry Like The Wolf, Save a Prayer e Rio, filmados entre o Sri Lanka e Antígua sublinharam não só a cor, o calor e o sentido social e politicamente descomprometido destas canções, como serviram os apetites de uma recém criada MTV que nos Duran Duran encontrou um entre os seus primeiros heróis, abrindo as portas do mercado americano ao grupo que, com outros do seu tempo, protagonizou uma nova “british invasion” como não se via desde 1964, então com os Beatles e os que se lhes seguiram.

Como aqui já referimos em tempos, quando escutámos de fio a pavio a discografia do grupo, Rio foi gravado na Primavera de 1982 nos Air Studios, em Londres, o disco seguiu um caminho distinto do inicialmente sugerido pelo single My Own Way, lançado alguns meses antes, ainda em finais de 1981. A canção, de resto, acabaria por surgir regravada no alinhamento do álbum, destacando os diálogos entre baixo e bateria, definindo uma postura pop dançável que caracterizaria alguns dos temas fundamentais do disco, cedendo todavia espaço à trégua no Lado B, sobretudo na recta final do alinhamento que revelaria um clássico popular (Save a Prayer) e um verdadeiro hino de culto entre fãs (The Chauffeur). Inspirado pelo optimismo e cor que encontraram na América em 1981, o álbum celebrou essa descoberta, inclusivamente adoptando por nome uma marca imediatamente reconhecível da geografia americana: o Rio (de Janeiro), apesar da total invisibilidade do Brasil e cultura brasileira em quaisquer outros momentos do disco.

Rio vai estar em foco ao longo dos próximos dias no Sound + Vision. Vamos ouvir o álbum faixa a faixa, recordar os singles e os telediscos, os colaboradores em estúdio e em palco, a digressão que se seguiu (e que passou por Portugal), as versões e heranças projetadas adiante. Hoje, antes de começarmos a escutar o disco, olhamo-lo.


Esta é a contracapa do álbum. Na capa surgia uma ilustração de Nagel que se tornou icónica e foi mais tarde auto-citada pelos próprios Duran Duran na contracapa de Medazzaland (1997). O design, como sucedeu com muitas das capas desta etapa na vida dos Duran Duran, esteve a cargo de Malcolm Garrett, da Assorted Images. A fotografia, que vemos num losango (figura geométrica que teria projeção nas capas dos singles e continuidade até em momentos posteriores na discografia do grupo) é um pormenor de uma das imagens da sessão da qual nasceu a fotografia usada na lyric sheet (a capa interior).


A capa interior segue as pistas a lilás sugeridas nos retângulos onde o alinhamento e números se série surgiam na contracapa do álbum. Na frente desta capa apresenta-se uma das fotografias de uma série assinada por Andrew Earl. América? O título do álbum e toda a sua alma americana tal poderiam sugerir... Mas na verdade a imagem foi tirada... em Londres (a catedral de St. Paul é, de resto, bem visível no fundo, sobre Roger e John Taylor). Note-se a opção pelo trajar de fatos mais clássicos (apesar do garrido nas cores das escolhas de Roger e de Nick Rhodes), bem longe do look dos dias em que eram heróis new romantic um ano antes. O verso desta capa interior inclui as letras das canções e as datas em que foram escritas. Repare-se que a letra de The Chauffeur data de 1978. Ou seja, do ano da formação do grupo, mas na verdade escrita por Simon Le Bon dois anos antes de se juntar aos Duran Duran.


As etiquetas interiores são, tal como a capa interior, uma extensão natural do design da capa, evitando o perfil que fazia então a norma em muitos dos discos da EMI (fundo bege com letras a preto e logótipo a vermelho).

IndieLisboa 2012 (dia 6)



Sem fugir à regra, aqui ficam três sugestões para ver hoje no IndieLisboa 2012. Em primeiro lugar Mercado de Futuros. Assinado por Mercedes Alvarez (a mesma autora do belíssimo El Cielo Gira), o documentário que foca a faceta materialista do mundo moderno passa hoje, pelas 19.15, no Pequeno Auiditório da Culturgest. Um outro documentário, A Casa, do português Júlio Alves, quer integra a competição nacional de longas metragens, tem estreia no Cinema São Jorge pelas 21.45. Na secção emergente é exibido L’Age Atomique, uma deambulação numa noite de sábado de dois rapazes em Paris que cruza desilusões e a descoberta de um desejo. O filme, de Héléna Klotz, passa no Cinema Londres pelas 19.00 horas.

Entretanto no blogue do DN há mais dois textos sobre dois documentários da secção Indie Music. Um sobre Andrew Bird, outro sobre Neil Young.


O sapato tem pontos de cor e brilho, as meias riscas verdes. Em palco o mundo de Andrew Bird ganha corpo e sentido. E o músico, que se questiona porque passa ainda tantos dias por ano a viver num autocarro, a dormir mal, com febre, saltimbanco de cidade em cidade, teatro em teatro, acaba por reconhecer que vale a pena. O concerto é, para si, um momento de partilha, ou seja, algo que não sabe a coisa “engarrafada”. E assim justifica o esforço, diz para Xan Aranda que, no belíssimo Andrew Bird: Fever Year nos propõe aquele que é, até agora, o melhor filme apresentado na secção Indie Music deste ano. – Ler aqui o texto completo


No seu carro, a caminho da cidade e da sala onde vai atuar, Neil Young (com o irmão, Scott, no carro da frente, a definir o caminho), evoca memórias de infância: a escola que tem o nome do seu pai, a casa de um colega que lhe dava moedas para insultar senhoras. Explica que só ali, a guiar, ouve música. Se a canção não passa o “teste” de condução, não vale a pena, explica. E de quando em quando o fluxo de memórias é interrompido para dar voz ao concerto que, no palco do mítico Massey Hall, em Toronto, onde apresenta temas do álbum Le Noise, de 2010 e pontuais incursões por outros tempos. – Ler aqui o texto completo