terça-feira, maio 01, 2012

Nos 30 nos de 'Rio'


Foi a 6 de maio de 1982 que Rio chegou às lojas. Com nove canções feitas de pop luminosa e hedonista, celebrando a cultura festiva dos oitentas (em clara oposição ao clima urbano mais assombrado de outros contemporâneos e muito distante de quaisquer vontades em traduzir os ecos dos males do quotidiano), o disco elevaria os Duran Duran do estatuto de jovens estrelas que se haviam destacado entre a geração new romantic que dera que falar entre 1980 e 81 ao patamar de estrelas globais. As primeiras de uma nova era em que o vídeo serviu para projetar pelos cantos do globo as imagens e as canções. Os telediscos que acompanharam Hungry Like The Wolf, Save a Prayer e Rio, filmados entre o Sri Lanka e Antígua sublinharam não só a cor, o calor e o sentido social e politicamente descomprometido destas canções, como serviram os apetites de uma recém criada MTV que nos Duran Duran encontrou um entre os seus primeiros heróis, abrindo as portas do mercado americano ao grupo que, com outros do seu tempo, protagonizou uma nova “british invasion” como não se via desde 1964, então com os Beatles e os que se lhes seguiram.

Como aqui já referimos em tempos, quando escutámos de fio a pavio a discografia do grupo, Rio foi gravado na Primavera de 1982 nos Air Studios, em Londres, o disco seguiu um caminho distinto do inicialmente sugerido pelo single My Own Way, lançado alguns meses antes, ainda em finais de 1981. A canção, de resto, acabaria por surgir regravada no alinhamento do álbum, destacando os diálogos entre baixo e bateria, definindo uma postura pop dançável que caracterizaria alguns dos temas fundamentais do disco, cedendo todavia espaço à trégua no Lado B, sobretudo na recta final do alinhamento que revelaria um clássico popular (Save a Prayer) e um verdadeiro hino de culto entre fãs (The Chauffeur). Inspirado pelo optimismo e cor que encontraram na América em 1981, o álbum celebrou essa descoberta, inclusivamente adoptando por nome uma marca imediatamente reconhecível da geografia americana: o Rio (de Janeiro), apesar da total invisibilidade do Brasil e cultura brasileira em quaisquer outros momentos do disco.

Rio vai estar em foco ao longo dos próximos dias no Sound + Vision. Vamos ouvir o álbum faixa a faixa, recordar os singles e os telediscos, os colaboradores em estúdio e em palco, a digressão que se seguiu (e que passou por Portugal), as versões e heranças projetadas adiante. Hoje, antes de começarmos a escutar o disco, olhamo-lo.


Esta é a contracapa do álbum. Na capa surgia uma ilustração de Nagel que se tornou icónica e foi mais tarde auto-citada pelos próprios Duran Duran na contracapa de Medazzaland (1997). O design, como sucedeu com muitas das capas desta etapa na vida dos Duran Duran, esteve a cargo de Malcolm Garrett, da Assorted Images. A fotografia, que vemos num losango (figura geométrica que teria projeção nas capas dos singles e continuidade até em momentos posteriores na discografia do grupo) é um pormenor de uma das imagens da sessão da qual nasceu a fotografia usada na lyric sheet (a capa interior).


A capa interior segue as pistas a lilás sugeridas nos retângulos onde o alinhamento e números se série surgiam na contracapa do álbum. Na frente desta capa apresenta-se uma das fotografias de uma série assinada por Andrew Earl. América? O título do álbum e toda a sua alma americana tal poderiam sugerir... Mas na verdade a imagem foi tirada... em Londres (a catedral de St. Paul é, de resto, bem visível no fundo, sobre Roger e John Taylor). Note-se a opção pelo trajar de fatos mais clássicos (apesar do garrido nas cores das escolhas de Roger e de Nick Rhodes), bem longe do look dos dias em que eram heróis new romantic um ano antes. O verso desta capa interior inclui as letras das canções e as datas em que foram escritas. Repare-se que a letra de The Chauffeur data de 1978. Ou seja, do ano da formação do grupo, mas na verdade escrita por Simon Le Bon dois anos antes de se juntar aos Duran Duran.


As etiquetas interiores são, tal como a capa interior, uma extensão natural do design da capa, evitando o perfil que fazia então a norma em muitos dos discos da EMI (fundo bege com letras a preto e logótipo a vermelho).