A história do cinema é feita também de muitos filmes que parecem ser "empurrados" para um exílio sem solução. Há neles qualquer coisa de inclassificável que os torna, além do mais, "impossíveis" de comercializar (segundo os padrões correntes do marketing, como é óbvio). Girl 6 (1996) é um desses filmes.
Podemos dizer que se trata de um filme com um tema tão delicado quanto difícil: a vida de uma operadora (Girl #6) de linhas de "telefonemas eróticos", interpretada por Theresa Randle. Podemos recordar que a sua banda sonora, composta e interpretada por Prince, é um pequeno prodígio musical. Podemos citar alguns nomes de prestígio que surgem no seu elenco: Madonna (admirável na personagem seca e autoritária de patroa de um "clube de sexo", com o nome de código Boss #3), John Turturro, Naomi Campbell, Michael Imperioli e Quentin Tarantino. Podemos, enfim, sublinhar que a mise en scène de Spike Lee raras vezes foi tão subtil, geométrica e contundente. Mas a (falta de) lógica dos mercados impôs a sua irracionalidade: o filme foi uma estreia ultra-discreta e, em muitos países, nem sequer foi mostrado nas salas. Em Portugal, por exemplo, apenas surgiu numa "escondida" edição em DVD com o título A Rapariga: Código 6.
quarta-feira, setembro 09, 2009
Cine-Madonna (6/7)
Está a chegar Sujidade e Sabedoria (estreia: 10 Setembro), primeiro filme de Madonna cineasta, suscitando memórias do seu trajecto em cinema — é uma boa oportunidade para revisitarmos alguns dos seus trabalhos como actriz, começando por recusar a mitologia negativa que considera a sua carreira "irrelevante". [1] [2] [3] [4] [5]